Força no bastidores e dinheiro em dobro: como Guaros levou o Final Four

10/3/2016 07:53

Força no bastidores e dinheiro em dobro: como Guaros levou o Final Four

Dirigentes de Mogi, Bauru e Flamengo questionam opção da FIBA pela cidade da Venezuela. Diretor da entidade expõe argumentos e diz que lado financeiro pesou

Força no bastidores e dinheiro em dobro: como Guaros levou o Final Four
O ginásio Domo Bolivariano de Barquisimeto, na Venezuela, será o palco do Final Four de 2016 (Foto: Divulgação / Guaros de Lara)

Se na teoria parecia barbada que o Brasil - com três representantes entre os quatro finalistas da Liga das Américas - conquistaria pelo terceiro ano seguido o direito de sediar o Final Four da competição, na prática, a força política e financeira do basquete venezuelano falou mais alto.

Casa do Guaros de Lara, adversário de Flamengo, Mogi e Bauru na luta pelo título mais importante do continente e uma das sedes das das fases preliminar e semifinal da competição, Barquisimeto apresentou todas as garantias necessárias exigidas no cadernos de encargos da entidade e venceu a queda de braço com Mogi das Cruzes. E com uma proposta de US$ 200 mil (cerca de R$ 740 mil) - o dobro da apresentada pela LNB (Liga Nacional de Basquete) em nome do trio brasileiro - a cidade mais populosa do estado de Lara, no oeste venezuelano, recebe a partir desta sexta-feira as finais da Liga das Américas.

Mais do que frustrar os brasileiros, a escolha da Fiba Americas (escritório da Federação Internacional de Basquete nas Américas) causou polêmica e levantou uma série de questionamentos por parte dos dirigentes de Flamengo, Mogi e Bauru. Além da complicada logística para chegar e sair de Barquisimeto, o que implica em quase 40 horas entre voos e esperas em aeroportos, a presença de três representantes do país nas finais e o fato de a cidade venezuelana já ter sido a anfitriã das duas etapas anteriores da competição também incomodaram.



Outro ponto controverso foi o abraço do dono do time venezuelano no diretor de competições da FIBA Americas, Javier Otero, após a vitória do Guaros de Lara sobre o Flamengo, pela fase semifinal. Em entrevista por e-mail ao GloboEsporte.com, Otero minimizou o episódio, afirmando que a relação entre a entidade e todos os outros clubes é a mesma, sem qualquer tipo de favorecimento.

- A relação entre o Sr. Jorge Hernandez e a organização da Liga das Américas é a mesma que a instituição mantém com todas as outras equipes participantes. Não há distinção entre o Guaros e o Lions de Quilpué, por exemplo. Todo mundo está interessado em fortalecer a modalidade através de seus clubes, e nós estamos lá para facilitar e fornecer uma plataforma internacional para que isso aconteça - disse Javier Otero, que ainda explicou os critérios que asseguraram a cidade venezuelana como sede do Final Four.

- Não faltou nada a Mogi. A cidade paulista apresentou excelentes instalações, a indústria hoteleira melhorou muito e conta com um ginásio à altura das exigências da FIBA. Mas Barquisimeto também apresentou essas condições, só que com uma proposta superior. A sede do Final Four não é escolhida única e exclusivamente por méritos esportivos. É um processo de licitação em que são analisadas as propostas de todas as equipes envolvidas. O processo tem sido sempre o mesmo, tanto que o Flamengo teve suas propostas aceitas em 2014 e 2015, por exemplo. Não escolhemos Barquisimeto para sediar todas as fases. Esse é um processo diferente que ocorre de fase em fase da competição.
O basquete da Venezuela vive um grande momento e foi premiado como uma das sedes atendendo aos critérios da FIBA, além de ser também um território da DIRECTV, que é o patrocinador principal e leva o nome da nossa competição. Nas etapas seguintes, a cidade se candidatou e suas propostas foram as melhores. A organização da Liga das Américas não pode se aventurar a prever que um clube como o Guaros vá chegar ao Final Four. Portanto, não podemos descartar as condições e o interesse deles de sediar também a fase decisiva.


O Guaros garantiu vaga no Final Four com a vitória sobre o Fla nas semifinais (Foto: Jose Jimenez-Tirado/FIBA Americas)

O dirigente, no entanto, mostrou um certo desconforto pelo fato de a cidade venezuelana ter recebido todas as etapas anteriores da competição e promete rever os critérios dessas escolhas para as próximas edições da Liga das Américas.

- As circunstâncias foram essas nesse ano e ocasionalmente um clube recebeu as três fases da competição, o que nos obriga a levar essa questão à nossa comissão e analisar algum tipo de reformulação no futuro - assegurou.



Este, inclusive, é o principal motivo de descontentamento dos atuais campeões. Supervisor do Bauru, Vitor Jacob, o Vitinho, lamenta que os critérios adotados atualmente tornem a disputa um verdadeiro leilão.

- Acho que o grande erro é o sistema de disputa não ser definido desde o início da competição. O ideal seria que o chaveamento também fosse definido para as fases posteriores antes de o torneio começar. Da forma que é hoje, a sede sempre é definida através de uma disputa que na verdade é um leilão - criticou.

Supervisor e diretor de basquete do Mogi das Cruzes, Ewerton Komatsubara foi um pouco mais político e de uma forma mais ampla e técnica concordou com Vitinho que o fator financeiro é o fiel da balança na hora da decisão.

- Como não sou o tipo de pessoa que fica em cima do muro, sei que o fator financeiro foi primordial e determinante para a ida do Final Four para Barquisimeto. Mas dizer que estruturalmente eles estão muito à nossa frente, particularmente, não concordo. Estamos muito bem localizados, a 50 minutos do aeroporto de Cumbica, na maior cidade da América Latina, temos bons hotéis, sendo um de 3 estrelas, que fica a cinco minutos do ginásio, com um ano de construção, totalmente novo e que atende muito bem às necessidades de um torneio como esse. Temos uma arena para cinco mil pessoas que nos últimos três anos tem sido palco dos mais empolgantes espetáculos do basquete do país, com séries semifinais do NBB contra o Flamengo, finais do Paulista com quase sete mil pessoas e bons vestiários de padrão internacional que foram reformados há menos de dois anos para a Liga Sul-Americana - argumentou o representante do basquete de Mogi.


Javier Otero (centro) ressaltou que a FIBA não levou em conta apenas a questão financeira na escolha de Barquisimeto (Foto: FIBA Americas)

Javier Otero concorda com Ewerton Komatsubara que a cidade venezuelana tem tudo para realizar uma grande competição, mas ressalta que a decisão da FIBA Americas não levou em conta apenas a questão financeira. Segundo ele, a estrutura oferecida pelo Guaros de Lara também teve um peso grande na hora da escolha.

- A parte financeira passa por vários temas. Não é apenas uma questão da quantia em dinheiro que tem uma determinada sede. Temos que lembrar que a organização de um Final Four envolve questões de logística, transporte, hospitalidade, melhorias em instalações, etc. A Liga das Américas é uma competição profissional de clubes na qual tudo isso tem que ser levado em consideração a nível continental. Essa é uma competição nova e é importante para seu crescimento que outros clubes de basquete sejam influenciados pelos representantes de seus países - explicou Javier, que não vê qualquer aspecto negativo pelo fato de três clubes do mesmo país terem se classificado para o Final Four.

Se Bauru sequer chegou a pleitear o direito de sediar o Final Four, rumores no meio do basquete, antes da escolha da FIBA, sugeriam que o evento poderia ter sido realizado na Arena Carioca 1 do Parque Olímpico, como evento-teste para o Rio 2016. Embora não confirme a informação, o vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, Alexandre Póvoa, admitiu que o clube tinha o desejo de receber o Final Four pelo terceiro ano consecutivo e fez todos os esforços possíveis para isso. No entanto, mais do que o fator financeiro, o que emperrou as expectativas foi a dificuldade de encontrar um ginásio que atendesse as normas da FIBA.

- Tentamos arrumar um ginásio aqui no Rio, mas a dificuldade é muito grande e o único disponível era o Maracanãzinho, mas o teto caiu e está sem condições de jogo. O pessoal do Rio 2016 teve até boa vontade com a Arena Carioca, mas ainda não tem nenhuma estrutura operacional lá e ficaria impossível arrumar tudo em 10 dias. O pessoal da Arena da Barra também foi muito gentil conosco, mas o custo era muito alto. Por isso nos unimos com Bauru e Mogi e achamos que a cidade mais viável e até mais barata seria Mogi. Abrimos mão de várias coisas e fizemos uma proposta totalmente dentro do que a FIBA desejava, mas eles preferiram Barquisimeto e infelizmente acho que foi uma derrota para o basquete brasileiro. Pela lógica, as finais deveriam ser aqui. Além do fato de termos três representantes do país, Mogi e Flamengo foram os primeiros colocados nas suas chaves e deveriam ter alguma preferência nessa escolha. Infelizmente isso não aconteceu e nós só esperamos que em Barquisimeto ofereça as mesmas condições que os clubes finalistas tiveram aqui no Rio de Janeiro nos últimos dois anos - afirmou Alexandre Póvoa.


O Maracanãzinho foi a sede das duas ultimas edições da Liga das Américas (Foto: André Durão / Globoesporte.com)

Javier Otero concorda com o dirigente do Flamengo que seria mais coerente que as finais fossem disputadas no Brasil e de preferência como evento-teste para os Jogos Olímpicos. No entanto, o responsável pela competição mais importante do continente deixa claro que a FIBA jamais foi procurada por ninguém do Rio 2016.

- Embora tenha existido algum tipo de um rumor nesse sentido, a verdade é que nenhuma proposta formal ou oficial para receber o Final Four utilizando as instalações olímpicas nos foi feita. Mas sem dúvida teria sido espetacular.



Sexta-feira, 11/3

18h45 - Bauru x Flamengo (SporTV 2)
21h - Guaros de Lara x Mogi (SporTV 2)

Sábado, 12/3

18h45 - Disputa de 3º lugar
21h - Final (SporTV 2)

742 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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