Flamengo e Fluminense se enfrentam neste domingo no Pacaembu (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
Neste domingo, Flamengo e Fluminense fazem o maior clássico do Rio de Janeiro em São Paulo, no Pacaembu. Apesar do apelo histórico desta partida, válida pela Taça Guanabara, segundo turno do Campeonato Carioca, este Fla-Flu não será o primeiro a ser realizado no estádio municipal da capital paulista.
O primeiro jogo entre os gigantes cariocas no Pacaembu foi válido pelo torneio Rio-São Paulo e ocorreu em 1942, período histórico marcado pela Segunda Guerra Mundial, conflito que dividiu o planeta entre o “Eixo” e os “Aliados”. No entanto, no dia 12 de março, o duelo entre o Fla-Flu, campeão e vice carioca daquele ano, respectivamente, não foi a única atração no estádio municipal – ainda sem ter sido batizado como Paulo Machado de Carvalho.
Antes da atração principal, a prévia no estádio ficou à cargo de um Choque-Rei entre as equipes amadoras do São Paulo e Palestra Itália – há seis meses de ser obrigado a se tornar Palmeiras, justamente pela adesão da Itália ao “Eixo”, comandado pela Alemanha nazista de Hitler.
Os dois confrontos, no entanto, não estavam marcados para o dia 12, quinta-feira, e sim, para o dia anterior, uma quarta-feira, data tão clássica para o futebol brasileiro como o embate carioca. O dia 11, porém, foi marcado por uma forte chuva em São Paulo, que alagou o gramado do Pacaembu e obrigou a organização do torneio a adiar a partida.
O que os responsáveis não contavam, entretanto, é que a quinta-feira também seria marcada pelo dilúvio na “terra da garoa”. Resultado: Um empate 0 a 0, com o Flamengo atuando melhor, mas prejudicado pelas péssimas condições do campo, o que também acabou por reduzir o público e a renda no estádio.
A edição do jornal A Gazeta Esportiva, do dia 13 de março, destaca o fato de a peleja ter arrecadado apenas 30 contos de réis, prevendo que, com um clima favorável, no mínimo 80 teriam sido angariados.
O clássico deste domingo, contudo, promete um ótimo público no Pacaembu. 10 mil ingressos já foram vendidos e diversas filas foram formadas desde a abertura das bilheterias para a venda geral, na quinta-feira. Na década de 40, porém, quem quisesse assistir ao maior clássico do Rio tinha opções bem diferentes para adquirir os bilhetes.
Pacaembu ainda tinha a Concha Acústica no lugar onde hoje é o Tobogã (Foto: Divulgação)
No dia 10 e 11 de março de 1942, a Gazeta Esportiva divulgava os postos de venda e os valores dos bilhetes para o confronto. Os torcedores interessados em ir ao Pacaembu deveriam comprar os ingressos na “sede do São Paulo F.C.” ou no “Nosso Bar” sob o preço de 2$000 réis para homens e metade do valor para o público feminino.
Além disso, se hoje em dia tenta-se incentivar a presença das famílias nos estádios, à época do clássico carioca, isso era um pouco diferente. Apesar dos ingressos mais baratos para as mulheres – tentando incentivar este público a ir ao estádio – crianças menores de 14 anos não poderiam comparecer a peleja, mesmo que acompanhadas dos pais.
Quanto aos astros do espetáculo, se neste domingo o principal jogador em campo será o peruano Paolo Guerrero, do Flamengo, no primeiro Fla-Flu do Pacaembu os holofotes estavam voltados aos craques brasileiros presentes na Copa do Mundo de 1938, na França. A terceira das Copas foi vencida pela Itália, que levantava a Jules Rimet pela segunda vez na história. Já a Seleção Brasileira ficou em terceiro lugar.
Domingos da Guia, um dos maiores beques canarinhos de todos os tempos, atuava pelo Flamengo, junto com José Perácio, atleta folclórico e que também jogou no Botafogo. Do outro lado, o Fluminense tinha Afonsinho, um dos primeiros casos de um jogador de futebol que conseguiu a liberação de seu clube na justiça, quando ainda vestia a camisa do Botafogo. Além do meia, Machado, que acredita-se ter feito mais de 400 gols e Elba de Pádua Lima, apelidado de El Péon por conduzir a Seleção Brasileira na Copa América de 1942, também integravam o Tricolor.
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