Da lição de Shakira ao “viking” Cuéllar, o sanfoneiro do meio de campo do Fla

22/4/2016 07:39

Da lição de Shakira ao “viking” Cuéllar, o sanfoneiro do meio de campo do Fla

Conselhos de olheiro colombiano e orgulho da mãe, que o queria na música, moldam meia de poucos amigos que ganha carinho da torcida: “Estar aqui é um privilégio”

Da lição de Shakira ao “viking” Cuéllar, o sanfoneiro do meio de campo do Fla
Apelido da Colômbia o acompanha no futebol incansável dentro de campo (Foto: Infoesporte)


A metáfora é de Agustin Garizabalo - e você já vai entender de quem se trata e qual o sentido da comparação do olheiro colombiano de 57 anos.

- Eu não quero ouvir os garotos falando dos sonhos deles. O importante é o que se faz no dia a dia. É como sentir amor platônico pela Shakira. De quê adianta querer ir para Europa, jogar no Real Madrid? Não, primeiro seja titular do seu time de bairro, depois da seleção da cidade. Aí pensa em chegar a um time grande e tudo vai correr bem. Então, primeiro fica de olho na vizinha. Depois na menina do colégio… Quando estiver famoso, a Shakira vai te ver no aeroporto e vai querer falar com você.

Don Agu é o homem por trás de algumas das grandes revelações do futebol colombiano. Sebastian Cuadrado, um dos destaques da última Copa, jogador da Fiorentina e titular de José Pekerman na seleção cafetera, é um dos pupilos de Agustin, contratado há 17 anos como olheiro do Deportivo Cali. Ele pode dizer para todo mundo - e escreve isso no seu blog pessoal - que já conhecia o talento do jogador que viu desfrutar no futebol amador da Colômbia: Gustavo Cuéllar.

Cabeça de área, carregador de piano, homem de contenção. O jogador do Flamengo pode ser chamado de uma maneira muito mais simpática, longe dos antigos novos ou caretas vocábulos futebolísticos. O ruivo - um tipo raro na Colômbia - “viking” do Flamengo. É com o cabelo vermelho, com a velocidade para ir atrás do marcador e com a elegância com a bola no pé que o jogador conquista a exigente torcida rubro-negra.

O início foi no Johan, um pequeno clube de futebol amador em Soledad, cidade onde nasceu na Colômbia. Se não ligou o nome do time ao sobrenome, Johan era em homenagem ao craque holandês Johan Cruyff, falecido no fim do mês passado. A influência do time você pode notar também dando rápida olhada no uniforme do time - repare nas fotos abaixo.



O pequeno “pelirrojo” era um camisa 8 à moda antiga, na definição de Agustin, um senhor de 57 anos, conhecido também por marcar junto dos garotos e não deixá-los se perderem com as ofertas que todo jogador de talento recebe. O “cazatalentos” abriu um sorriso quando viu que a ligação era do Brasil. Pensou que era Gustavo Leonardo Cuéllar Galego, um de seus pupilos favoritos - e dos poucos que ainda o liga e quer saber como vão as coisas, se precisa de algo ou se pode fazer uma visita quando for para a terra natal.

Cuéllar chegou ao Flamengo há menos de três meses. Virou titular indiscutível e é um dos jogadores que mais agradam ao técnico Muricy Ramalho, e também à exigente torcida rubro-negra. Único filho homem da dona Luz Marina Gallego - são quatro -, o pacato jogador é “a bênção de Deus” da mamãe orgulhosa. Não é só de Agu que ele se lembra. Na família, a ascensão na carreira serviu para que o meia do Flamengo pague a faculdade de odontologia de uma das irmãs e também na compra de um apartamento para a mãe, que ficou morando em Cali depois que o filho foi jogar no grande clube colombiano.

- Com cinco anos ele já jogava bola no bairro. Ele me dizia: “mami, quero jogar futebol. Eu vou ser um grande jogador”. Mas nunca deixei ele parar de estudar. Ele estudava de manhã e treinava à tarde. Senão, se fosse mal nos estudos, não deixaria ele continuar. Gustavo dizia que se fosse preciso faria aula de reforço - lembra dona Luz.

“Mamãe, papai me fez com mistura de tijolo?"
Separada do pai de Cuéllar - que também se chama Gustavo -, a mãe coruja do rubro-negro sempre o acompanhou nos jogos. Em paralelo à paixão do filho pelo futebol, dona Luz queria que o filho fosse sanfoneiro. Mas desde o Metrosol, passando pelo Johan até a seleção do Atlântico, no norte do país, e depois no Deportivo Cali e Junior de Barranquilla, o talento para ir e voltar, marcar e criar, apareceu logo. A família do jogador tinha pequeno comércio de material de construção, o que levou ao pequeno “fosforito”, outro apelido que o jogador carregou durante seus anos de futebol, a perguntar para a mãe com a pureza de criança.

- Mamãe, meu papai me fez com mistura de tijolo?
Agustin ri quando lembra da história. Cuéllar ouviu algumas vezes os companheiros o chamarem de “ferrugem”, mas não entendia o que era. Descobriu esses dias. Reservado, mas não tímido, o jogador mostra-se cada dia melhor adaptado ao Rio de Janeiro. Aqui, apareceu de vez para o cenário internacional, culminando no retorno à seleção colombiana e fazendo sua estreia nas Eliminatórias, na partida contra o Equador, no mês passado. E mais: a esposa Gueraldin está grávida, e o casal vai ter o primeiro filho.
- Ainda não sei o sexo do bebê. Estou muito contente. Vai nascer carioca - diz o jogador.

Desde as seleções de base enfrentando Neymar, a quem considera o jogador mais difícil de marcar que já enfrentou, Lucas, Oscar, Casemiro, Danilo, entre outros que jogam no futebol europeu, ele se sente orgulhoso de jogar no Flamengo e no futebol brasileiro. Para ele, apesar das semelhanças no estilo de jogo, as dificuldades por aqui são maiores que na Colômbia:
- O futebol colombiano também é muito técnico, mas é claro que os brasileiros têm uma vantagem. Na Colômbia o futebol é muito mais pausado, se tem muito mais a bola, mas aqui é combinação de ambos, de velocidade, de toque e de buscar o gol rival - elogia.

Poucos amigos. Um deles é Riascos

Na sexta-feira da semana passada, o GloboEsporte.com conversou por 15 minutos com Cuéllar no fim do treino no Ninho do Urubu. De personalidade mais discreta que o outro gringo recém-chegado, o argentino Mancuello, Cuéllar vai percebendo as diferenças também nas relações fora de campo. Para quem acha que o jogador brasileiro se perde nas brincadeiras, ele surpreende e conta que em seu país a, digamos, distração pode ser bem maior.

- Aqui tem certo limite, lá não tem tanto. A brincadeira é muito mais pesada, aqui não - lembra o jogador do Flamengo.

Cuéllar sabe do que está falando. Há um vídeo no Youtube, com muitos acessos, em que ele brinca com um membro da comissão técnica e lembra, digamos novamente, o lance do chileno Jara com Cavani, do Uruguai, na última Copa América. Mas, ali, foi tudo na brincadeira.

- Sou uma pessoa de poucos amigos. Obviamente que quando me conhecem, conhecem quem eu sou. Sou uma pessoa muito simples, que tem seu caráter, muito tranquilo, gosto de ficar em casa - conta o filho de dona Luz, que no Rio se tornou amigo do compatriota Duvier Riascos. Os dois se encontram neste domingo, em Manaus, e vão ter que deixar a amizade de lado.

De personalidade forte, temperamental, como já se definiu em entrevista, o jovem Cuéllar já se armava rápido quando alguém ia brincar com a cor do seu cabelo quando era criança - e queriam irritá-lo dizendo que ele o pintava de vermelho. Ainda no seu início no Rubro-Negro, ele mostra desenvoltura em campo. Com a língua, ainda pouca coisa. Entende o que o interlocutor fala, mas mostra pouca intimidade para falar português.

- Estar aqui é um privilégio. Estou em período de adaptação ainda, ainda não finalizado. Me sinto muito cômodo junto com meus companheiros, com a torcida e com o treinador Muricy, que me dá muito confiança. É um futebol muito exigente, que se torna muito físico também. Creio que essa adaptação está sendo boa e creio que estou indo num bom caminho.
* Colaborou Chandy Teixeira.

1378 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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