Jade Barbosa teve boa apresentação na Copa do Mundo de São Paulo (Foto: Vini Marins)

Coloca o collant. Aquece. Sobe no aparelho. Crava a série. Recebe os aplausos do público. A rotina foi quase a habitual para Jade Barbosa na classificação das barras assimétricas, na sexta-feira. No entanto, a nota não apareceu no placar do ginásio do Ibirapuera, e a ginasta não pôde ir à final do aparelho na etapa da Copa do Mundo de São Paulo. A atleta do Flamengo e da seleção competiu como hors concours. O termo normalmente utilizado para atletas acima da média, como Pelé no futebol por exemplo, mas na ginástica artística é usado no significado literal: fora de concurso.

- Cada país só pode inscrever quatro atletas, mas pode colocar duas meninas para se apresentar. O Alexander (Alexandrov, técnico-chefe) aproveitou isso. Falou: “Tenho meninas para testar”. Não sei como os técnicos organizaram, mas eu competi igual, recebo a nota depois, só não aparece no final. Mas é o mesmo esquema de público, de nervoso, de tempo de aquecimento. Dá para testar tudo. De apresentação, do sentimento, é a mesma coisa. Às vezes fica até mais nervosa: “Caraca, não tem final, então tenho que acertar tudo agora”. É uma chance para fazer o melhor ali - explicou Jade.

A ginasta estava inscrita como titular, mas a comissão técnica optou por uma substituição de última hora para testar Lorrane dos Santos. Jade fez a sua parte e acertou a série. Mesmo só recebendo a nota mais tarde, ela ficou satisfeita com o desempenho, ainda mais depois de ter errado o aparelho no evento-teste de abril.

- Fiquei muito feliz de competir novamente em casa, porque isso agora vai fazer muita diferença para as Olimpíadas. A gente tinha competido no evento-teste, e eu tinha errado justamente nas barras, então estava muito apreensiva, porque é uma série nova, que não fiz muitas vezes. Quando ele (Alexandrov) me disse que iria competir nas barras, pensei: “Que bom, porque vou passar pela mesma situação do evento-teste e das Olimpíadas”. Deu certo.

A felicidade de Jade mesmo fora da final também se explica pelo fato de se apresentar sem dores. Ela contou que descobriu em janeiro uma fratura por estressa na canela. A lesão a fez pegar mais leve em alguns treinos e exigiu cuidados. A ginasta ainda vai passar por uma ressonância magnética, mas acredita que o problema está controlado, podendo assim intensificar a preparação para as Olimpíadas, treinando elementos mais fortes.

- Toda vez que eu volto de competição eu tenho que cuidar. Não é nada absurdo. Não vai me matar (risos). Não tem como parar agora ou não vou para as Olimpíadas. Mas é bem tranquilo. Agora quando voltar de São Paulo (ela treina no Rio), vou treinar o individual para as Olimpíadas. Quero tentar saltar, quero um solo mais difícil, quero fazer uma trave melhor do que fiz no evento-teste. Agora estou voltando à minha melhor forma. Já fiz uma boa competição no evento-teste com séries mais difíceis. A Jade está voltando - disse a ginasta, que fez trabalhos de fisioterapia e câmara hiperbárica para tratar a lesão.

O quinteto do Brasil para os Jogos Olímpicos ainda não está definido, mas Jade, apesar de ser hors concours em São Paulo, deve estar na equipe. As ginastas ainda têm uma etapa de Copa do Mundo em Portugal e uma competição amistosa contra a Holanda no caminho para as Olimpíadas.