Zinho se despede do Flamengo: ‘Não ia ter a caneta para assinar’

28/12/2012 13:22

Zinho se despede do Flamengo: ‘Não ia ter a caneta para assinar’

Após sete meses de trabalho, diretor de futebol deixa o clube triste e afirma: 'Graças ao meu trabalho e do Dorival o Flamengo não caiu'

Zinho se despede do Flamengo: ‘Não ia ter a caneta para assinar’
Zinho interrompeu as férias do Ninho do Urubu, nesta sexta-feira. Escolheu o lugar onde passou sete intensos meses no comando do futebol do Flamengo para falar sobre a sua saída do clube. Na sala de entrevistas em que tantas vezes foi aos microfones para contornar crises, despediu-se. O diretor de futebol da presidente Patricia Amorim, cujo contrato termina no próximo dia 31, não aceitou o convite da gestão de Eduardo Bandeira de Mello para ser gerente de futebol. Se dissesse sim, perderia poder e teria o salário reduzido consideravelmente. Preferiu sair. No último ato como dirigente rubro-negro, concedeu uma entrevista coletiva, fez agradecimentos, explicou suas razões para se retirar e concluiu: "Graças ao meu trabalho e do Dorival o Flamengo não caiu".

- Não estou feliz, gostaria muito de permanecer continuando o processo que começou em 11 de maio, mas infelizmente as condições de trabalho não seriam as mesmas pelo convite que foi feito pela nova gestão. Quero deixar claro que não sou eu que não quero ficar. As condições que fizeram isso. Não é não querer ficar no trabalho no Flamengo. Gostaria de ficar dentro daquilo que vinham desenvolvendo, dentro do trabalho de sete meses. E não foi fácil. Peguei o barco no meio do caminho, em muitos momentos fiquei sozinho. Acreditava que nesse trabalho iniciando do zero, dentro do que foi implantado nesse período, de profissionalismo, serieadade, de conduta, e isso foi feito. Com a nova gestão, com dinheiro, achei que isso poderia sair.

Além da questão financeira e da perda de força no clube, Zinho acredita que, mesmo com a chegada de Paulo Pelaipe, novo diretor executivo do departamento, teria volume de trabalho parecido ao da função que exerceu na atual temporada. E, depois dos sete meses em que trabalhou grande parte do tempo sozinho, sem vice de futebol nem gerente, ele apostava numa valorização. Reduzir o salário, para ele, seria justamente o contrário.

- Saio de cabeça erguida. Acho que fiz o meu trabalho, mostrei, tenho o reconhecimento dos torcedores na rua. Em respeito aos torcedores não aceitei essa nova função. Para a rua, para vocês (imprensa), continuaria com o mesmo comando e não exerceria a mesma função. Não ia ter a caneta para assinar. Fazendo o que vinha fazendo, a responsabilidade que assumi em momentos de crise, de dificuldade, acredito que no início do trabalho vocês e os torcedores me veriam da mesma forma.

Razões para a saída

Fizeram proposta de um ano de contrato, com redução de cerca de 40, 50% do salário. A parte financeira não é o principal. Claro que preciso receber também. Preciso crescer na minha profissão, ser remunerado. Mas deixar bem claro que não é o ponto principal. Mostrando meu trabalho, posso recuperar lá na frente. Mediante ao que me foi oferecido, o cargo que ia ter, vendo o desenrolar que meu cargo seria menor nas decisões, analisei que a cobrança seria do Zinho dos sete meses. Nas primeiras crises, quem estaria de frente? Quem iria se explicar? Viria uma carga de responsabilidade, de cobrança em cima do meu nome, sem estar com esse poder e com essa remuneração. Torço para que dê tudo certo, até como rubro-negro. Mas não vai ser fácil. E eu não quero pagar a conta do início.


Avaliação do trabalho

Acho que o saldo foi positivo, trabalhei com grandes nomes do futebol, consegui administrar bem na medida do possível. Saio sem arranhão, sem mágoa. Foram questões profissionais. Nunca me escondi, vim aqui para dar as entrevista. Esclarecer na verdade. No futebol nem sempre a verdade pode ser dita. Não consigo não ser verdadeiro. No mundo do futebol é muita gente envolvida, e não dá para confiar em todo mundo. Vou me preparar mais, o futebol precisa de pessoas de caráter, verdadeiras, o bem não pode perder para o mal. Você vai fazer uma negociação, as coisas facilmente já são passadas para fora, antes mesmo de ter feito um contato. Dentro do próprio clube não sabe em quem confia. Méritos de vocês terem fontes, mas isso é ruim. Quando vazam as notícias é sempre mais difícil.

Permanência de Dorival

O Flamengo está com um treinador de ponta. Mas tem que receber peças, três, quatro nomes de peso. A permanêncai dele é importante para que pelo menos a pré-temporada seja feita corretamente. Com esse elenco que permanece, é para disputar de igual para igual o Carioca. Mas precisa se reforçar para a Copa do Brasil, o Brasileiro. A permanência do Dorival é fundamental para que essa preparação não seja prejudicada.

Frustrações

A frustração foram algumas contratações. Sempre quis trazer um camisa 10 de nome, de peso, que o Flamegno sempre tem que ter. Cheguei num momento de crise, foi muito dito que a parte financeira foi a causa da saída de um jogador (Ronaldinho). Ficou inviável trazer um jogador caro. Se está saindo um jogador caro, como traz outro do mesmo nível?

Relação com a nova diretoria

Estou saindo com as portas abertas, palavras do vice-presidente (Wallim Vasconcellos). Isso é bom, ele percebeu a minha personalidade. Antes de falar com vocês quis falar com ele. Respeito as opiniões dele, mas concordar é outra coisa. Desejo toda sorte para essa nova gestão, espero que possam colocar em prática o que está sendo divulgado. São competentes na áreas deles, mas estão entrando no futebol agora, vão ver o tamanho da coisa, que o torcedor tenha paciência com o grupo.

Mudança de função

A chegada do Pelaipe enfraqueceu a minha função dentro do clube. Minha volta não ia ser tão ativa, não teria a caneta. Desejo sorte, trabalhamos juntos no Grêmio um período, tenho relação muito boa com ele, tem carinho grande pelo meu pai. Desejo sorte ao Pelaipe, está chegando ao Flamengo, um clube totalmente diferente. Passei todos os relatórios para ele, deixei por dentro de tudo que era de minha responsabilidade. Tenho visto muita gente falando que estava conduzindo algumas coisas, mas algumas não eram de minha responsabilidade.

Mudança na presidência

A transição atrapalhou demais, passei os telefones dos empresários de jogadores em fim de contrato para o Pelaipe. Esse período complica para contratar, você não tem como assinar com ninguém. Veja o caso do Renato Augusto. Ele queria jogar no Flamengo, mas o Flamengo não teve como cobrir a oferta do Corinthians. É o mercado. O cara vai ficar esperando? Essa diretoria vai ter essa dificuldade, mas a diretoria tem competência. O Dorival vai permanecer, o Pelaipe deve manter o trabalho que nós começamos, mas vai levar um tempo.

Críticas por falta de experiência

Sem dinheiro, sem credibilidade de mercado, pode vir o mais experiente que não vai contratar. O mercado está muito caro, isso me assustou, salários altos, números altos no Brasil. Quando se fala de Flamengo, esses números crescem. Posso falar porque estava administrando isso. Quando cheguei, o Flamengo não tinha patrocinador master, muitas penhoras, verbas de televisão comprometidas. Como vai contratar um jogador caro se o grupo que está aqui está com bicho, salários, 13º atrasados? E sozinho. Já não tinha mais vice-presidente, não tinha gerente. Era eu, treinador e o supervisor para as partes burocráticas. E isso com crise política no clube, ano de eleição, administrar tudo isso foi uma frustração. Fiquei com braços atados, presos, sem condições de desenvolver a parte de contratação. Vários jogadores me ligam, perguntam do 13º, salário de novembro. Os jogadores ainda têm débito. Não é fácil essa adminstração, ainda mais meio que sozinho. Isso foi uma coisa ruim, os números são altos e sem condição de confiança no mercado ficou muito difícil. As turbulências, problemas com grandes ídolos, Adriano, troca de Joel por Dorival, saída do Deivid, que o clube tinha uma dívida muito grande com ele, saída do Kleberson, diminuição da folha de pagamento, pagamento desses jogadores. Você acerta tudo com o atleta, mas não tem dinheiro para pagar.

Caso Wellington Silva

Não contratei. Cheguei em 11 de maio e ele estava contratado. Chegou desconhecido, as pessoas que contrataram foram criticadas. Não tinha um pré-contrato feito caso o Flamengo decidisse adquirir. Aqui, no clube, chamei o Wellington Silva, dois empresários vieram me procurar, escutei os meninos falando que eram empresários do jogador. Fui perguntar ao atleta e, para minha surpresa, falou que não eram nem os dois e nem o que o trouxe para o Flamengo. Era uma terceira pessoa. O Flamengo queria o Wellington Silva. Quando cheguei da Índia, ele me ligou, preocupado. Encontrei com ele num shopping da Barra da Tijuca, entrou dentro do meu carro, foi buscar comigo meu filho no colégio, tenho amizade. Tinha amizade. Pergunte: quer jogar no Flamengo? Quero. Palavras dele para mim. Disse que ia sair e conversar com os representantes dele. Até hoje não me ligou. Estou aqui. Poderia pelo menos me ligar, agradecer e dizer: “tenho proposta melhor de um outro clube e não quero jogar no Flamengo”. Gostaria dessa verdade, isso me frustra no futebol.

Futuro

Voltei ao mercado, gostei do cargo, vou me preparar mais. Quando uma nova proposta aparecer, certamente vou estar junto de novo, seja no Flamengo ou em outro clube. Sou profissional, sou rubro-negro de coração, mas sou profissional, profissionalismo falou mais alto do que a paixão. Isso não impede de continuar indo ao estádio ver o Flamengo jogar.

Volta ao Flamengo

As portas estão abertas. Daqui a um tempo, quem sabe? Mas dentro daquilo que eu exigi, que eu tenha condições de fazer o trabalho que eu vinha fazendo.

1336 visitas - Fonte: Globo Esporte


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