Português afiado e mágoa zero com a NBA: o JP versão 2017 do Flamengo

13/2/2017 10:13

Português afiado e mágoa zero com a NBA: o JP versão 2017 do Flamengo

Readaptado ao Brasil após quase 14 anos atuando no exterior, pivô brilha no NBB, ajuda o Rubro-Negro e relembra trajetória nos EUA e Europa até o retorno ao país

Português afiado e mágoa zero com a NBA: o JP versão 2017 do Flamengo
JP Batista sente-se completamente adaptado ao Flamengo (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)
As vielas de Olinda ficaram pequenas para João Paulo Batista. Sonhador, o garoto era gigante como os bonecos do tradicional carnaval local e queria alçar voos maiores. Corajoso, aos 20 anos enviou fitas com seus lances para técnicos dos colegiais americanos. Chamou a atenção e ganhou uma chance no Western Nebraska College. Sem falar inglês fluente, partiu para uma aventura que nem ele imaginaria, mas o tiraria do Brasil por quase 14 anos ininterruptos.

O pernambucano passou pela Universidade de Gonzaga (NCAA), esteve no Draft da NBA e então atravessou o oceano para fazer carreira sólida na Lituânia, Letônia e França. De volta ao país em 2015, ao 33 anos, o grandão de 2,06m e 122kg demorou para se adaptar. O português saía com dificuldade, o calor incomodava, mas o alto preço trouxe recompensas. Campeão do NBB com o Flamengo no ano passado, JP agora está completamente adaptado e virou protagonista.

Terceiro jogador mais efetivo do Rubro-Negro no NBB 2016/17, o pivô tem médias de 13,6 pontos e 7,1 rebotes por partida, jogando quase 26 minutos por duelo da fase de classificação. No Rio de Janeiro com a esposa e as filhas Vitória e Vanessa, de oito e cinco anos, JP confessa que passou por maus bocados logo que chegou. E isso influenciou no seu rendimento, afinal de contas saiu do Brasil em 2002, ainda um garoto, retornando mais de uma década depois.

Considerando-se 100% nesta temporada, ele espera seguir correspondendo e garante que está com o português afiado.

- Agora estou bem adaptado à língua. Posso dizer que estou praticamente 100%. Estou muito melhor. E concordo (que ficava devendo no idioma). Fiquei muito tempo fora do Brasil, falei pouco português. Vim aqui com a seleção em 2007, para o Pan do Rio, e me lembro que era difícil dar entrevista. Era difícil fazer ao vivo. Foi assim também no ano passado, quando cheguei. A adaptação ao país foi um pouquinho mais difícil. No ano passado foi bem complicado me adaptar ao clima. Peguei 35, 40 graus no ginásio. No Ginásio do Tijuca é difícil. Esse ano estou bem mais adaptado e a tendência é ir melhorando - garante JP, brincando que apesar disso não perdeu o sotaque nordestino.




JP pela seleção brasileira no Pan de Toronto, no Canadá (Foto: Reuters)



Com a carreira toda feita fora do país, JP passava despercebido quando chegou ao Flamengo. No exterior, porém, fez uma carreira sólida e difícil de ser repetida por um brasileiro. Ficou de 2006 a 2008 no Lietuvos, da Lituânia; passou ainda em 2008 pelo Barons Riga, da Letônia; de 2008 a 2014 jogou no Le Mans, sendo campeão da Liga Francesa e da Copa da França; e em 2015 ainda atuou no Limoges antes de chegar ao Flamengo. A experiência fora o deixa confortável para opinar sobre a organização da liga do país, dos clubes e do basquete brasileiro.

- Sem dúvida a maior diferença que eu senti está na organização da Liga. No exterior é mais organizado, os times são mais estruturados. O Flamengo tem se sobressaído muito bem por ter esse diferencial. Falta investimento, patrocínio. Isso afeta muito o esporte. No aspecto de quadra, aqui o basquete é um pouco mais lento. No exterior, pelo nível, e número de jogadores europeus e americanos, são ligas mais corridas, mais rápidas. Joguei na Lituânia e era uma liga mais técnica, com mais fundamentos. Na França era mais corrida, com americanos. No Brasil é uma mistura dos dois. Temos jogadores com bons fundamentos e americanos com velocidade. Em quadra a diferença não está tão longe. O que separa é o investimento - garante JP.



JP Batista durante duelo do NBB contra o Minas (Foto: Orlando Bento/Minas TC)


DRAFT DA NBA E SELEÇÃO BRASILEIRA


JP Batista em ação pela Universidade de Gonzaga, nos EUA (Foto: Reprodução)


Antes de embarcar para os Estados Unidos, João Paulo ainda tentou a carreira no Paulistano e no São José do Rio Preto. Sem grandes chances, foi embora e passou primeiro pelo colegial do Western Nebraska. Em seguida, teve mais um ano no Barton County College e em 2004 ingressou no Gonzaga University. Ali, jogou ao lado de Adam Morrison, duas vezes campeão da NBA pelos Lakers.

Em 2006, tentou a sorte no Draft da liga americana de basquete, mas a idade - 25 anos na época - e o perfil não tão atlético e veloz fizeram com que não fosse escolhido. Mesmo assim, chegou a ligar uma Liga de Verão pelo Minnesota Timberwolves, mas não assinou contrato. O insucesso, contudo, não deixou uma mágoa em JP Batista.

- Sempre fui uma pessoa muito aberta. De onde eu saí até onde eu cheguei, saindo de Recife para conquistar o que conquistei, não posso dizer que é o suficiente, mas sou muito grato pelo que conquistei até hoje. Quando estava nos EUA, tentei aproveitar ao máximo possível. Sou agradecido por ter vivido aquele momento e de jeito nenhum fiquei magoado. Sabia que iria abrir portas para mim, isso aconteceu, fui para a Europa e fiz uma sólida carreira até hoje. Estou no Flamengo, vivo meu sonho da mesma forma que aquela época.


JP, com a camisa número 50, em foto da Western Nebraska College (Foto: Reprodução/Facebook)

Aos 35 anos, o pivô garante que não pensa em aposentadoria. JP não coloca uma idade para encerrar a carreira e diz que seu corpo ainda responde bem aos jogos e treinos. Experiente, ele tem dois ouros Pan-Americanos no currículo (Rio 2007 e Toronto 2015), mas não esteve tão presente na seleção brasileira. Chegou a jogar o Pré-Olímpico de Las Vegas, em 2007, e o Pré-Olímpico Mundial, em 2008, e foi campeão da Copa América de 2009. Com Rubén Magnano, contudo, só foi convocado para substituir um lesionado Nenê, em 2010, e foi novamente à Copa América de 2013, quando abandonou as férias para ajudar o treinador. Mesmo sem ter jogado a Olimpíada, ele não acredita que exista uma lacuna na sua trajetória.
- Sou grato por todas as seleções que eu peguei. A seleção é coisa de momento. Quando o Rúben assumiu, sabia pouco do meu nome. E quem toma a decisão é o técnico. Ele, na época que assumiu, na cabeça dele aquele era o time. Se estava dentro estava grato, se estava fora estava torcendo. Sou feliz pelas medalhas e o que conquistei com o Brasil, não tenho mágoa alguma - disse o pivô do Flamengo, que pretende morar no exterior e seguir ligado ao basquete quando se aposentar.

BASQUETE UNIVERSITÁRIO E NBB




JP Batista também atuou pelo Limoges, da França, antes de acertar com o Flamengo (Foto: Reprodução/Facebook)


Feliz no Flamengo, JP espera buscar mais um título do Novo Basquete Brasil pelo Flamengo. O pivô, apesar das críticas ao basquete brasileiro, acredita que a competição está evoluindo e tem na atual temporada mais equilíbrio do que no ano em que chegou ao Rubro-Negro. Ele lembra, porém, que a crise econômica afastou patrocinadores e prejudicou alguns clubes tradicionais.

- Está evoluindo muito. Fico feliz em alguns aspectos. Acho que infelizmente a crise econômica afeta, afasta os patrocinadores. E você vê situações com o Limeira e o Rio Claro, que tiveram que desfazer seus times. Isso assusta. Essa incerteza assusta. Mas acho que o NBB está indo na direção certa. Esse ano o torneio está bem mais nivelado, você vê vários times com equipes fortes e temos que ser positivos e visar esse caminho que estamos tendo - explica JP.

Entusiasta do modelo de gestão do basquete americano, JP acredita que a fórmula de formação de atletas através do High School e universidades funcionaria por aqui, mas seria preciso um investimento muito maior e participação do governo brasileiro. A crise na Confederação Brasileira de Basquete (CBB), suspensa pela Fiba, também foi citada pelo jogador como um dos motivos que atrasam o desenvolvimento da modalidade no país.

- Aqui no Brasil com certeza serviria, mas é preciso um nível de comprometimento e investimento do governo fora do comum. Você vê uma divisão de universitário com mais de 500 equipes. E o nível de investimento que cada uma dá para os seus atletas, é incrível. Você vê o High School com ginásios inacreditáveis, é nível de Arena Carioca na Olimpíada e Rio Arena. Não só o sistema americano, mas o que vi na Europa funcionaria aqui. É preciso investir nas categorias de base, ter ginásios bons para treinar. Essa situação da CBB, essa crise, faltou comprometimento e ética para a melhoria do basquete. Isso causou essa crise. É preciso novas caras e ideia. Talvez esteja na hora de pensar para frente e no que será melhor para o basquete brasileiro.

485 visitas - Fonte: Globo Esporte


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