Durou quase uma semana a batalha da diretoria do Flamengo nos bastidores para contratar o técnico Mano Menezes. Após o contato inicial por meio do diretor-executivo do clube, Paulo Pelaipe, três vice-presidentes rumaram para São Paulo. Na bagagem, a meta de participar do encontro agendado com o treinador e convencê-lo a assumir o time. De início, o projeto apresentado agradou. Possibilidade de reforços, chance de participar da reestruturação do futebol do clube e parte financeira. Mas no dia seguinte, com a entrada do agente Carlos Leite, o negócio endureceu.

A oferta inicial da diretoria rubro-negra contemplava um valor fixo inicial um pouco acima do recebido por Jorginho e bem similar ao recebido pelo próprio Mano na seleção brasileira. Além disso, o técnico levaria bonificações em caso de bons resultados. O técnico ficou inclinado a aceitar. O desejo de voltar a trabalhar, ainda mais em um clube da popularidade do Flamengo, bateu à porta. Na própria segunda, Mano disse ao programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, ter simpatizado com o projeto rubro-negro.

Mas, por meio de Carlos Leite, a contraproposta de Mano ao Flamengo foi um pouco maior. O valor fixo pretendido avançava um pouco mais dos que as pretensões iniciais rubro-negras. Vice-presidente de marketing, Luiz Eduardo Baptista, era um dos integrantes nas negociações, ao lado do vice de futebol, Wallim Vasconcellos, o vice de finanças, Rodrigo Tostes, e o vice de relações externas, Flávio Godinho.

Bap é conhecido por também endurecer com frequência nas negociações, em busca sempre de um acordo mais vantajoso. As conversas tiveram de continuar e o acordo foi adiado. Houve, internamente, quem temesse por mudança de rota diante do jogo duro de ambos os lados. Mas a vontade do treinador pesou e os números chegaram a um meio-termo.

Embora os dirigentes do clube pretendessem um contrato mais longo, até o fim do mandato do presidente Eduardo Bandeira de Mello, em 2015, Mano preferiu acertar até dezembro de 2014 e dar preferência aos rubro-negros para uma possível continuidade após o contrato. O técnico desembarca no Rio de Janeiro no próximo domingo.

Na segunda, o técnico deve ser apresentado na Gávea e apenas na terça-feira, à tarde, no Ninho do Urubu, ele encontra os jogadores, que retornam de férias de oito dias. O retorno do Flamengo ao Campeonato Brasileiro ocorre apenas no dia 6 de julho, contra o líder Coritiba, em local a ser definido.

Mano Menezes chega ao Flamengo com um auxiliar, Sidnei Lobo, e um preparador físico, Eduardo Silva. Ambos trabalharam com o técnico no Corinthians. Uma lista de reforços também já foi previamente elaborada com a diretoria, que a partir de agora vai ao mercado para atender ao técnico. O acerto é de que Mano terá três jogadores de bom nível para a sequência da temporada. Uma reavaliação do elenco será feita durante esse período de paralisação para a Copa das Confederações.

Reforço do discurso de sócio-torcedor

Mais uma vez, a diretoria rubro-negra aproveitou o anúncio de uma contratação de maior repercussão para reforçar o discurso pelo programa de sócio-torcedor. Com receitas comprometidas para o pagamento de impostos até o fim da temporada e a consequente manutenção das certidões negativas de débito (CNDs), o clube entende que o programa feito dos sócio-torcedores é a tábua de salvação financeira para o futebol, ao menos momentaneamente.

Assim como no anúncio de Marcelo Moreno, a chegada de Mano Menezes foi acompanhada do discurso de que a contratação contou com a colaboração de recursos do Nação Rubro-Negra. Atualmente, o número de associados no programa chega a 26 mil. O valor médio arrecadado gira em torno de R$ 50. 85% do montante geral é destinado para a aplicação em reforços para o futebol, incluído aí jogadores ou técnico.

A ordem na Gávea é enaltecer cada vez mais o discurso a favor do sócio-torcedor, em cada ação financeira concretizada pelo departamento de futebol. A tática um tanto quanto agressiva em alguns momentos, em jogos ou redes sociais, já gerou incômodos em alguns torcedores.