Na entrevista ao Blog Ser Flamengo, o Diretor de Novos Negócios do Flamengo, Marcelo Frazão disse que o clube se preocupa sim com a parcela de torcedores baixa renda. Frazão disse que o Flamengo paga uma conta injusta por sua mitologia de clube popular.

– Acho que o Flamengo paga uma conta por sua mitologia de clube popular, por estar no Rio de Janeiro, diferente de todos os outros clubes do Brasil pagam essa conta. São culturas diferentes. Em São Paulo se tem um orgulho de Palmeiras e Corinthians batendo recordes de renda com Sócio Torcedor acima de cem mil, com estádio pra quarenta mil. Existe uma cultura em que o clube não é cobrado pela participação popular e é exaltado por maximizar a sua renda – disse Frazão tomando alguns clubes como parâmetro.

Em seguida concorda que os “Geraldinos” de diversos estados tem mais dificuldades de irem aos estádios hoje em dia – O “Geraldino” paulista, gaúcho, mineiro e até o da antiga Geral do Maracanã hoje tem muita dificuldade sim de ir ao estádio. Isso é uma realidade nova, mas real do futebol. Agora, entender isso de uma forma mais objetiva, além do romantismo, além de uma indignação e um discurso de guerra de classes, tem que entender o que mudou de lá pra cá. Quando a gente fala da Geral, parece que foi ontem, mas faz tempo. Você teve a introdução do programa de Sócio Torcedor que mudou a lógica de precificação do Brasil inteiro, você teve um aumento de utilização no direito de meia-entrada que também mexe muito com a precificação. O que acontece muito hoje é que o Flamengo vai colocar um ingresso a R$ 120 e muito gente diz que é elitização, mas olhando na prática, esses R$ 120 já viram R$ 60 por definição porque 80% das pessoas usam a meia-entrada e você tem o Sócio Torcedor que paga a meia da meia e acaba pagando R$ 30. Então você acaba tendo um olhar superficial sem entender que 1/4 desse preço que é o praticado pela maioria de alguns setores -.

Falando ainda do aspecto cultural de cada região, Marcelo Frazão diz que o Rio tem peculiaridades em relação a outros estados, onde acontece realmente uma divisão social muito grande: – Em outros estados, quando você abre um setor popular que é onde também ficam as organizadas, o público classe média, o público que vai com filhos e são alta renda, evitam ir nos setores populares. Isso acontece no Rio Grande do Sul, isso acontece em Minas, isso acontece em São Paulo. Então, naturalmente esse ingresso mais popular acaba sendo direcionado efetivamente para um público popular. No Rio de Janeiro acontece o inverso. Num jogo do Flamengo você abre as vendas e o Setor Norte é esgotado, o setor popular e o Maracanã Mais é quase esgotado rapidamente. Acaba acontecendo um paradoxo curioso no Flamengo. O Sócio Torcedor que em tese tem uma renda mais estável, corre para o Setor Norte que é um setor popular porque tem essa cultura do Rio de mistura, de querer estar próximo do povo, da festa… Mas ele ocupa mais o espaço desse povo que ele queria estar misturado. É um equilíbrio difícil de preço e ocupação.

E conclui: – No jogo contra o Atlético-GO, nós colocamos ingressos a R$ 50. O que faz com que o preço para o Sócio Torcedor com direito a meia, seja de R$ 12,50. É extremamente barato. Lógico que está restrito ao Sócio Torcedor. Quando você fala em R$ 60 contra o Atlético-MG também é um bom preço. É complicada essa pecha que dão ao Flamengo de elitização como se o Flamengo fosse o dono do Maracanã, tivesse reformado o estádio, o culpado pela modernização e aumento de custos e valores do futebol. Mas eu digo que às vezes aplicamos um preço que em alguns momentos se tem acesso a valores mais baratos. Em tese, nós temos acertado nessa precificação. Acho que essa cobrança com o Flamengo é exagerada e existe sim essa preocupação de ter ingressos mais acessíveis em alguns jogos. Em jogos finais e de Libertadores é lógico que tem essa necessidade de faturamento. Se for analisar os nossos preços, se vê que há um equilíbrio e uma preocupação sim -, finalizou.

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