Com nome de ex-jogador de basquete, projeto leva esporte à periferia do Rio

27/7/2018 11:21

Com nome de ex-jogador de basquete, projeto leva esporte à periferia do Rio

Centro Cultura Phábrika homenageia Dinei Silva, promove ações culturais e possibilita práticas esportivas a crianças, jovens e adultos em região carente da capital fluminense

Com nome de ex-jogador de basquete, projeto leva esporte à periferia do Rio
Em um espaço antes abandonado ? agora cedido ? situado na Fazenda Botafogo, bairro não oficial em Coelho Neto, habitam sonhos em uma Phábrika de Arthes. Um projeto social voltado para jovens da região leva arte, cultura e esportes a locais pouco visados quando o assunto é investimento. Ele existe desde 2008 e começou nos fundos da casa, como forma de ocupar as crianças.



? Comecei a Phábrika quando vim morar em Coelho Neto. Eu tinha um quintal grande e outra casa, onde começamos a fazer teatro. Meus filhos e os amigos eram crianças e adolescentes, então, eu ocupava o tempo ocioso deles com a arte ? conta a presidente Leise Alves.

Atualmente, o projeto tem aulas de basquete, capoeira, balé para crianças e oficina de skate em eventos especiais. Um grupo de meninas comanda a animação de torcida nas partidas de basquete, com a equipe de cheerleaders. Os planos incluem ampliar as oficinas e aulas ministradas. Há pouco tempo, a Phábrika recebeu uma doação de equipamentos para teatro e agora busca voluntários para cuidar da nova atividade.

“Quando perdemos o Dinei, queríamos manter o legado dele”, Mauro Barros, coordenador da Phábrika
No esporte, o carro-chefe é o basquete. A escolinha que atende às crianças e aos jovens da região leva o nome Dinei 10, em homenagem a Dinei Souza, ex-jogador de basquete, que morreu em 2013.

? Nossa escolinha, a Dinei 10, se origina da Perphorma Basketball Club, criada pelo Dinei Souza, que era profissional à época. Quando perdemos o Dinei, queríamos manter o legado dele. Começamos com uma quadra na rua, em Coelho Neto, e quando conseguimos o Centro Cultural, na Fazenda Botafogo, passamos a ter nossa própria quadra ? contou Mauro Barros, coordenador da Phábrika.

Claudinei Teixeira Souza cresceu na favela do Acari e foi jogador profissional por Flamengo, Tijuca, Mackenzie e Mirassol, dentre outras equipes. Sua morte aconteceu na Faculdade Católica do Ceará, onde o ex-atleta cursava Educação Física e comandava um time de basquete. Antes de se tornar profissional, Dinei se aventurou no futebol. Com sonho de ser goleiro, o atleta chegou a assinar um pré-contrato na base do Botafogo. O caminho pelo futebol, no entanto, não vingou. Sua mãe, contrariada, rasgou a papelada e com a ajuda de um amigo da família, o levou para o mundo do basquete.

Em 20 anos de atividade no esporte, Dinei Souza conquistou 11 títulos. No meio das conquistas estão o bicampeonato carioca, o brasileiro juvenil, o baiano e o bi-cearense. O legado é ser exemplo para os jovens do bairro. O carioca mudou-se em definitivo para o Ceará em 1999, onde já havia defendido o Fortaleza e o Círculo Militar. Após se aposentar, o ex-atleta continuou tendo conquistas no esporte, como treinador colecionou alguns títulos universitários. No ano de sua morte, viu a equipe que comandava se classificar para os JUB’s – Jogos Universitários Brasileiros.

Dinei sofreu um ataque cardíaco fulminante e morreu no dia 26 de março de 2013, aos 42 anos. O treinador e estudante de Educação-Física havia acabado de sair da aula, na Faculdade Católica do Ceará, quando aconteceu. O atleta foi destaque do jornal interno da Instituição no mês anterior à sua morte. Um dos trechos da publicação destacou as dificuldades que ele passou por ser morador de favela: "O que as pessoas não sabem é que, por trás da cara fechada, da voz rouca e altissonante, da envergadura avassaladora de hoje, existiu um menino mirrado e inseguro, imerso num pântano de incertezas acerca de um futuro pouco promissor quando se habita numa dessas aberrações da exclusão social chamada favela".

ESPORTE E CULTURA EM ÁREAS DE RISCO

“Esporte é uma das principais formas de contribuir para que a criançada tenha objetivos para o futuro”
A região é rodeada de favelas, como Acari, Pedreira e Costa Barros. As notícias sobre o bairro estão, em sua maioria, nas páginas policiais. Um dos casos de grande repercussão foi a morte de Maria Eduarda, de 13 anos, em março de 2017. A jovem levou dois tiros de bala perdida, enquanto estava na aula de Educação Física no Colégio Daniel Piza. O crime aconteceu durante uma troca de tiros entre policiais e bandidos no morro da Pedreira. O colégio fica do outro lado do Rio Acari, a cerca de 800 metros da sede da Phábrika, onde há esperança de que as crianças da região possam ter um futuro melhor. Retirar os jovens das ruas e dar oportunidades é um dos principais objetivos.

? Vivemos em uma área complicada, onde as janelas de oportunidade são poucas e entendemos que o esporte é uma das principais formas de contribuir para que a criançada tenha objetivos para o futuro. Através do basquete, conseguimos enquadrá-los em bolsa de estudo em escolas particulares com qualidade de ensino melhor, que tenham equipes de basquete, e conseguimos até levar os mais destacados para oportunidades em clubes ? explicou Mauro.

Apesar das ofertas de lazer, como o Parque de Madureira e as sucateadas Vilas Olímpicas, muitas mães da região da Pavuna, Coelho Neto e Acarí veem seus filhos sem opções para diversão e entretenimento. Amanda Machado Dias, 33, moradora da Fazenda Botafogo, falou sobre seu filho de 11 anos, que pratica basquete na Phábrika.

? O basquete é muito importante para tirar as crianças das ruas. Não falo só pelo meu filho, mas também pelos amigos dele. Ensina a trabalhar em equipe e a se concentrar mais nas coisas. O esporte estimula os jovens a estudarem mais e a serem mais disciplinados ? explicou Amanda ? Meu filho assiste a programas de esporte e me questiona se um dia ele terá capacidade de ser um atleta profissional. Sempre lhe digo que ele deve permanecer estudando e lutando por isso ? completou.

CAPOEIRA E A NÃO-VIOLÊNCIA NO ESPORTE

“Aqui, os alunos devem treinar, treinar e treinar. Lá fora, estudar, estudar e estudar”, Jonathan Conceição, professor de Capoeira
?A capoeira é o outro esporte ofertado pela Phábrika. Crianças e jovens a partir dos cinco anos podem se inscrever nas aulas, mas a turma atual conta com um aluno ainda mais jovem, Junior, de dois anos, filho do professor Jonathan da Conceição, 33. Morador da Pedreira, ele conta que suas aulas acontecem há mais de 10 anos. Foi necessário a mudança de local por um período, e voltaram à Fazenda Botafogo quando Leise e Mauro ocuparam o espaço. Para ele, pequenas mudanças nos jovens já dão satisfação pelo trabalho.

? No início foi muito difícil para todos, pois não temos recursos, mas eles estão sempre aí para tudo. Nós improvisamos muito, tentamos arrumar alguém para dar uniforme, tenta conciliar o horário de aula para o pessoal, correr atrás para a melhoria deles. E estamos vendo resultados, vários alunos estão melhores, eram rebeldes e hoje não dão trabalho. Teve aluno que saiu da aula para entrar na faculdade, outros pararam para poder terminar os estudos. E isso pra mim é gratificante. Eu quero melhorar muito. Quero poder dar a eles aulas de instrumentos, que eles possam ter acesso a equipamentos ? contou Jonathan.

Por ser um esporte que inclui luta, existe o desafio de ensinar a esses jovens que ela se restringe aos treinos e competições. Jonathan preza ainda que seus alunos estejam sempre estudando.

? Capoeira é um esporte e não ensinamos os alunos a arrumar confusão. É uma forma de distração e ocupação da mente. Alunos que brigam são suspensos do treino. Sempre digo: “Vocês têm que lutar para poder crescer na vida, respeitar seus pais e, aqui dentro, cumprir as regras da casa”. Aqui, os alunos devem treinar, treinar e treinar. Lá fora, estudar, estudar e estudar ? explicou o professor.

OCUPAÇÃO DO ESPAÇO


[I]Quando o Centro Cultural Phábrika se instalou onde hoje é sua sede, o local estava abandonado (Foto: Divulgação/Phábrika)[/i]

O prédio onde hoje é a Phábrika está localizada pertence a Fundação Leão XIII, órgão que atua como executor de políticas de assistência social do Estado do Rio de Janeiro. A ocupação aconteceu quando o coordenador Mauro Barros identificou o imóvel abandonado e sem cuidado, sendo consumido pelo tempo. Foi criado o Movimento CSU Resgate, que atuou na limpeza do local, realização de ações com a comunidade e implantação do projeto.

No dia 26 de Junho de 2016, teve início o processo de ocupação do espaço. A primeira fase foi de limpeza do ambiente, que durou uma semana. Essa etapa foi finalizada com um sarau que contou com a presença de artistas locais. A outra fase da ocupação foi a de adequação do espaço para oficinas e atividades culturais, que durou um mês.

Hoje, o Centro Cultural Phábrika se estabeleceu no espaço e vem realizando suas ações. Desde Junho de 2017, atuam no espaço de forma regular. Responsáveis pelo espaço entraram em contato e ofereceram o documento de cessão do imóvel para a utilização e continuação do projeto.


[i]Atualmente, o local é cuidado pelos voluntários e proporciona momentos de lazer à comunidade (Foto:Divulgação/Phábrika)[/i]

315 visitas - Fonte: LANCE!Net


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