Caminho de Vitinho: da favela para o Botafogo até o Flamengo

9/11/2018 11:57

Caminho de Vitinho: da favela para o Botafogo até o Flamengo

De maior venda da história do Alvinegro à contratação mais cara do Rubro-Negro, jogador que saiu do Complexo do Alemão e passou pela Rússia, desembarcou em seu clube de coração com uma nova realidade

Caminho de Vitinho: da favela para o Botafogo até o Flamengo
Foto: GloboEsporte.com

Caminho complexo. Dos R$ 2,40 gastos diariamente com o ônibus que o levava da favela do Alemão, na zona norte do Rio, a Marechal Hermes, aos R$ 40 milhões que o Flamengo pagou para colocá-lo num avião que o trouxe da Rússia, Vitinho, em sete anos, realizou sonhos "de criança" e "de moleque".



O de ser jogador profissional começou em preto e branco. O de entrar em campo com a camisa que vestia quando pequeno hoje tem cores: vermelho e preto.

- Era um sonho desde criança jogar como titular. Quando jogava, atuando bem, foi muito legal ouvir a torcida gritar meu nome. Nunca tinha acontecido na minha vida, fiquei muito feliz - disse Vitinho no início de 2013, após sua estreia como titular do time profissional do Botafogo, na goleada por 4 a 0 sobre o Audax Rio, clube que o revelou.

- É um sonho de moleque de verdade. Sempre disse para minha família que um dia jogaria no Flamengo. Graças a Deus, esse dia chegou. Estou louco para jogar, estrear, botar isso para fora e dar alegrias ao torcedor - disse Vitinho em 30 de julho de 2018, na apresentação no Flamengo.



Do Complexo do Alemão para o mundo

O barulho dos tiros que assustavam Vitinho e família no Complexo do Alemão deu lugar ao dos cliques e flashes. O "passaporte" de cidadão do Alemão que despencava para Niterói (o Botafogo passou a treinar no Caio Martins), com escala na Leopoldina, hoje tem carimbos das mais variadas nações.

Em 2013, Vitinho deixou o Brasil rumo ao CSKA, da Rússia, ano em que se tornou a venda mais cara da história alvinegra: R$ 31 milhões. Não houve sequer negociação. Os russos pagaram a multa e levaram a joia.

Mas pouca coisa mudou. Vitinho é o mesmo garoto da época das vacas magras. É o que garante Seu Rinaldo, pai e um dos grandes responsáveis pelo sucesso de Vitinho no futebol.

- Têm horas que parece que a ficha não caiu. Passa um filme por tudo que vivemos. Pelos momentos de alegria e pelos difíceis. É muito gratificante. Não é por ser meu filho não, mas é uma pessoa sensacional. É um coração... E continua sendo o mesmo garoto que era aos 15, 16 anos - afirmou Rinaldo, emocionado, ao ser convidado a relembrar a trajetória do filho.

Carioca, Vitinho fez caminho incomum para chegar ao clube de coração. Surgiu em um rival e deu a volta ao mundo até retornar ao Rio de Janeiro como contratação mais cara da história rubro-negra: cerca de R$ 40 milhões.


Para traçar a complexa caminhada do atacante do Botafogo ao Flamengo, adversários neste sábado, às 19h, no Nilton Santos, o GloboEsporte.com conversou com o pai do atleta, com Anderson Barros, dirigente que fechou a contratação do atleta em 2011, e Jair Ventura, hoje no Corinthians e comandante do atacante na base do Glorioso.



Empréstimo salvador, amadurecimento e Oswaldo como figura importante

Contratado por empréstimo junto ao Sendas (hoje Audax Rio) no início de 2011 com direitos econômicos fixados em R$ 250 mil, o garoto respondeu em campo rapidamente, e o Botafogo decidiu comprá-lo com a mesma velocidade. Mas, assim como hoje, faltava dinheiro. Entrou em campo o papo do diretor de relações internacionais do clube, Bernardo Arantes.

- Na época, não tínhamos recursos. Bernardo Arantes ajudou nessa conversa com Marco Antônio Tristão, que nos ajudou e emprestou dinheiro para que o Botafogo adquirisse o Vitinho em definitivo. A participação dos dois foi muito mais importante do que a minha. Eu apenas ajudei na consolidação administrativa e financeira daquela operação, feita ainda na base - conta Anderson Barros, atual gerente de futebol do clube e que ocuEsportivamente, para Anderson, Vitinho cresceu muito nas mãos de Oswaldo de Oliveira, que o promoveu em 2013.

- Ele ia estrear em 2012 com o Oswaldo, mas fraturou o quinto metatarso. Um menino muito jovem, com muita qualidade, mas que precisava evoluir muito comportamentalmente na época para que pudesse se tornar um profissional efetivo. Tanto que foi em 2013 que ficou em maior evidência. Acho que Oswaldo foi muito importante e contribuiu muito para ele. Vitinho teve um processo de amadurecimento muito grande - completou Barros.

Jair Ventura narra a transição para o time profissional e revela papo decisivo

Hoje técnico do Corinthians, Jair Ventura treinou o sub-20 no processo de formação no Botafogo. Em 2012, deparou-se com um jogador diferenciado, ambidestro e de finalização fácil. Mas o pupilo passava por uma frustração após subir, não ser aproveitado e retornar à base.

- Ele desceu um pouco desmotivado e triste, porque não teve muitas chances. Pensei: “tenho que recuperar esse jogador pela qualidade dele”. Nos jogos, a parte técnica dele sempre resolvia. Ele driblava e arrastava todo mundo, fez belos gols de fora da área. Mas faltava um pouco na parte tática. Jogávamos no 4-2-3-1, ele no lado esquerdo do ataque, na direita era o Otávio, Gegê centralizado e o Sassá com a 9. Nosso time era muito bom - recordou Jair.pava o mesmo cargo na ocasião.

O empréstimo deu a Marco Antonio direito a 28% (R$ 8,7 milhões) dos R$ 31 milhões oriundos da venda ao CSKA.

Esportivamente, para Anderson, Vitinho cresceu muito nas mãos de Oswaldo de Oliveira, que o promoveu em 2013.

- Ele ia estrear em 2012 com o Oswaldo, mas fraturou o quinto metatarso. Um menino muito jovem, com muita qualidade, mas que precisava evoluir muito comportamentalmente na época para que pudesse se tornar um profissional efetivo. Tanto que foi em 2013 que ficou em maior evidência. Acho que Oswaldo foi muito importante e contribuiu muito para ele. Vitinho teve um processo de amadurecimento muito grande - completou Barros.

Jair Ventura narra a transição para o time profissional e revela papo decisivo

Hoje técnico do Corinthians, Jair Ventura treinou o sub-20 no processo de formação no Botafogo. Em 2012, deparou-se com um jogador diferenciado, ambidestro e de finalização fácil. Mas o pupilo passava por uma frustração após subir, não ser aproveitado e retornar à base.

- Ele desceu um pouco desmotivado e triste, porque não teve muitas chances. Pensei: “tenho que recuperar esse jogador pela qualidade dele”. Nos jogos, a parte técnica dele sempre resolvia. Ele driblava e arrastava todo mundo, fez belos gols de fora da área. Mas faltava um pouco na parte tática. Jogávamos no 4-2-3-1, ele no lado esquerdo do ataque, na direita era o Otávio, Gegê centralizado e o Sassá com a 9. Nosso time era muito bom - recordou Jair.

Jair propôs um trato para ver o atleta ajudando na recomposição:

- Fizemos um pacto. Falei que poderia lher dar as duas coisas que ele mais queria na vida: jogar no profissional do Botafogo e na Seleção. Separei um vídeo do Cristiano Ronaldo e do Messi voltando para marcar. Jogadores consagrados que ajudavam na parte tática. Falei que se fizesse isso ele seria convocado para Seleção sub-20, em que eu era auxiliar, eu falaria com Oswaldo Oliveira, técnico do profissional do Botafogo. Ele passou a arrebentar mais ainda, com entrega, jogando para o time. Um jogador completo - recorda Jair.

O resultado foi rápido: Jair recebeu um telefonema de Oswaldo de Oliveira, para quem recomendou o atacante sem pestanejar.
- Está pronto.
E depois ligou para o Ney Franco, à época técnico da seleção brasileira sub-20, para falar de um "jogador fantástico" que tinha em mãos. Vitinho foi convocado e, enfim, subiu para nunca mais voltar.

- Foi aquela loucura em 2013. Acabou que eu também voltei para o profissional, subimos juntos. Lembro de uma reportagem em 2012 em que falei que o Vintho seria a venda mais cara da história do Botafogo. E acabou sendo. Em 2013 ele fez um Brasileiro fantástico e foi vendido para o CSKA.

Pai prevê emoção grande, fala em gratidão ao Botafogo e vibra com filho no "Mengão" dele

Com a pacificação realizada em 2011, viver no Complexo do Alemão não era mais tão assustador, porém dificuldades ainda acompanhavam Vitinho.

- Pegava um ônibus até a Leopoldina e de lá pegava outro para o Caio Martins. Já estava na metade do sonho. O Audax deu boa estrutura, mas quando chega ao Botafogo o nosso sonho aumenta, porque é clube grande. Tínhamos nossas dificuldades, mas não deixava faltar treino, não. Quantas vezes fomos aos treinos e jogos, e os garotos voltavam no carro do empresário, e a gente voltava de busão do Caio Martins. Às vezes, pegávamos carona - relembra Seu Rinaldo.

Ver o filho com a camisa do time pelo qual os dois torcem enche de emoção o coração de Rinaldo:

- Pô, cara... é um sonho de moleque o Flamengo. É uma estrada. A dificuldade é enorme. Todo mundo só vê quando os garotos conseguem se profissionalizar num clube grande. Até chegar aí é uma batalha. A gente não tinha empresário. Foi coisa de Deus com ele na luta dele. Foi uma luta que coroou o esforço dele.

Emoção, aliás, não vai faltar neste sábado, às 19h, no Nilton Santos. O Botafogo representa um capítulo crucial na vida do atleta de 25 anos.

- Eu e o Victor somos muito gratos ao Botafogo. Vai ser (especial) sim, com certeza. Não só para ele, mas eu também sei o quanto o Botafogo foi importante na vida dele. Abriu as portas. Vai ser emocionante, cara. Meu pai (Seu João) é botafoguense. Mas hoje ele torce mais para o Victor Futebol Clube (risos).



Transferências dos sonhos do Botafogo, antigo sonho de consumo do Flamengo, Vitinho realiza de olhos abertos nos últimos meses o desejo de moleque. E Seu Rinaldo, grato à Estrela Solitária e rubro-negro de coração, prevê novas - e grandes - realizações.

- Agora melhor ainda com ele no Mengão. O coração faltou sair pela boca (ao ver o filho no Maracanã com a camisa do Flamengo). Nos jogos que vou fico num estado de nervos... E ainda não aconteceram as coisas que a gente sabe que vai acontecer - profetiza o pai da criança.

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Flamengo, Vitinho, Começo, História, Tragetória, Mengão

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Isaac Araujo     

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