Celso Roth no comando do Internacional em jogo contra o Palmeiras em 2016 (Imagem: Friedemann Vogel/Getty Images)
Campeão da Libertadores de 2010 com o Internacional e protagonista de uma passagem sem muito brilho pelo Flamengo em 2005, o técnico Celso Roth será mais um espectador do confronto de hoje entre os dois gigantes, às 21h30, no Beira-Rio, válido pelas quartas de final da competição continental.
Antes de a bola rolar, o gaúcho classificou os primeiros 20 minutos de jogo como decisivos para o desfecho. Sem ficar em cima do muro, deu o favoritismo aos cariocas, que venceram a ida por 2 a 0, mas ressaltou que a força colorada reside também fora de campo.
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"O Inter não esperava perder por uma diferença, digamos, razoável de gols. Mas o clube acredita demais na torcida, na casa cheia. O Flamengo tem qualidade técnica de sobra. Se fizer a coisa primária do futebol, que é se defender bem, o time tem o que os outros não têm. Se o Fla levar os 15, 20 primeiros minutos de jogo da forma que ele pretende, começa a encaminhar bem seu objetivo", disse Roth, ao UOL Esporte.
O treinador, que está afastado dos gramados desde que foi demitido do próprio Inter, em 2016, elogiou o fato de o rubro-negro Jorge Jesus ter mandado boa parte dos seus titulares para o jogo na vitória contra o Ceará, enquanto os reservas do clube gaúcho perderam por 2 a 1 para o Goiás. Para Roth, um possível desgaste carioca será compensado com logística de qualidade e trabalho correto de recuperação.
São detalhes extracampo que, segundo Roth, fizeram parte da conquista da América em 2010. Contratado para substituir o uruguaio Jorge Fossati, trocou o Vasco pela chance da glória em seu Estado. Com a pausa para a Copa do Mundo, teve tempo para imprimir seu estilo e ajudou a equipe a eliminar o São Paulo, na semifinal, e vencer o Chivas-MEX nas duas partidas que decidiram o título.
Como o palco da decisão seria no Estádio Omnilife, em Guadalajara, campo de gramado sintético, cartolas colorados, da Federação Gaúcha de Futebol e da CBF trabalharam nos bastidores para que o clube visitante tivesse um dia extra de treinos no local, algo que não está previsto no protocolo sul-americano.
Depois de algum lobby e muita conversa entre os dirigentes, Roth treinou no local na véspera e na antevéspera da final. Além de vencer a condição adversa do piso, o treinador relembra um episódio que teria decidido a parada a favor do Inter naquele dia.
"Eu já tinha dado a palestra com as orientações táticas e depois passei mais para o lado motivacional do negócio. A torcida mexicana tem o hábito de gritar "puto" [bicha] para os goleiros adversários, e eu disse que eles não poderiam ter a chance de gritar 'puto', que eles usavam quando o goleiro não conseguia sair. A gente conseguiu sair jogando, neutralizou os caras, e o Renan não foi xingado pela torcida nenhuma vez. O estádio ficou mudo", lembrou, aos risos.
Após voltar para casa com um triunfo de 2 a 1 na bagagem, o Internacional se deparou com um Beira-Rio em festa para o jogo da volta. O triunfo por 3 a 2 deu início ao carnaval vermelho e trouxe ao comandante a honra de receber uma medalha das mãos de Pelé e um "agradecimento" do Rei:
"Ele me abraçou e disse: 'obrigado por recuperar o futebol brasileiro'. Isso me emociona até hoje".
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