Há Fla-Flus emblemáticos não por serem decisões inesquecíveis ou por grandes atuações das equipes e, sim, por representarem marcos na história do clássico. São os casos do primeiro jogo entre os times, da partida dos chutes para a Lagoa, da estreia de ambos no Maracanã e da final do Estadual de 1963 com público recorde mundial. Foi assim no confronto deste domingo, o primeiro no seu palco mais tradicional com nova cara após a reforma.

Quem ficou com o gosto do triunfo nesta reabertura espiritual do Maracanã foi o Flamengo, e com sobras. A equipe rubro-negra foi superior ao time tricolor durante toda a partida. Mostrou que Mano Menezes parece ter encontrado um caminho para seus comandados, enquanto Vanderlei Luxemburgo está longe da reconstrução pretendida após a saída de Abel Braga.

Para a torcida, esse Fla-Flu deve ter tido os ingressos mais caros de sua história com arquibancadas a R$ 80,00. Valor que impede a multidão de outros tempos: o público ficou em pouco menos de 30 mil. Também não havia a qualidade técnica dos clássicos antigos, com excesso de erros de passe.

Mas havia, sim, a emoção que permeia a história do confronto. O coração dos rubro-negros batia mais forte com a série de gols perdidos no primeiro tempo.

Mano Menezes vem melhorando o padrão tático do Flamengo jogo a jogo. Seu time já tinha encaixado a marcação nos primeiros jogos da volta do Brasileiro, mas faltava lhe alternativas no ataque. As subidas de Elias supriam em parte essa deficiência. Mas a entrada de André Santos foi vital para acabar com a solidão dele no meio de campo.

De início, o domínio não se traduziu em gol. Pelo contrário. Foi Rafael Sóbis quem abriu o placar na falha de Wallace. Só que o ritmo melhor do time rubro-negro se traduziu no placar em jogadas com participação de Hernane. Primeiro, ele deu bom passe para Elias marcar o primeiro. Segundo, completou de letra o cruzamento de Léo Moura, em boa atuação.

Nenhuma mudança para o segundo tempo. O Fluminense não se encontrava e apostava em bolas esticadas para Sóbis e Fred. É impressionante como o time destruiu o padrão de quando foi campeão brasileiro. Sua defesa exibe buracos, o meio de campo limita-se a briga e lançamentos sem norte e o ataque é pouco municiado.

Já o Flamengo tinha um contra-ataque com a bola no chão, perigoso. Foi em uma bola na área, no entanto, que o time rubro-negro aumentou o placar e garantiu a vitória.

A falha de Felipe, a terceira grave em cinco jogos, só serviu para colocar em questionamento sua posição de titular. E também para cravar o placar de 3 a 2. O mesmo do primeiro Fla-Flu, só que com o vencedor invertido.