Ao final de cada jogo nos estádios cariocas, e com maior frequência no Maracanã, um número exibido nos telões impressiona os torcedores. A quantidade de ingressos por gratuidade no Rio de Janeiro por vezes quase alcança o público pagante nos eventos esportivos. Sem limitação de quantidade, o conjunto de leis estaduais que garantem a entrada de maiores de 65 anos, menores de 12 anos e portadores de necessidades especiais tornou-se 'inimigo' dos clubes. Botafogo e Fluminense se movimentam e tentam apoio do Governo por mudanças.
Os clubes contestam principalmente o fato de leis já garantirem meia-entrada para estudantes e idosos, e de não se estabelecer um limite máximo de gratuidades. Assim, principalmente em jogos de maior apelo, o número de funcionários e o planejamento de fiscalização é afetado. Em muitas situações, grandes filas são formadas para retirada do direito.
Em oito jogos no Maracanã neste Campeonato Brasileiro, 236.756 pessoas estiveram presentes, sendo que 58.346, ou 24,6% do total, não pagaram a entrada. No estádio, ainda existe a particularidade das cadeiras cativas também serem contabilizadas como gratuidades no borderô. Ao todo, são 4.968 assentos deste setor. No Mercado Livre, uma cativa costuma ser oferecida por R$ 70 mil reais, em média.
Em São Paulo, por exemplo, apenas o estádio do Pacaembu permite que menores de 12 anos e maiores de 60 anos não paguem pelas entradas, mas de acordo com o limite de assentos disponíveis em determinados setores. Bahia, Brasília, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que têm times na série A, não possuem nenhuma lei que estabeleça gratuidades em eventos esportivos.
Entre os clubes cariocas, o Botafogo adota o discurso mais agressivo contra a atual legislação e reclama do fato do prejuízo não ser 'compartilhado' pelo governo do Rio de Janeiro. Dirigentes do Alvinegro já tentaram reuniões com o vice-governador Luiz Fernando Pezão para debater o modelo atual e propor que o Estado contribuísse com uma espécie de subsídio para dividir os gastos das entradas não cobradas.
"A gratuidade, além de não pagar, cria tumulto. Vou ao supermercado e não vejo ninguém com mais de 60 anos saindo com frango de graça. E no transporte, a gratuidade é paga pelo governo. Só no futebol que ninguém paga aos clubes", disse o diretor executivo do Botafogo, Sérgio Landal.
Com base nas experiências dos últimos anos, os times cariocas adotaram uma estimativa média para destinar aos beneficiados pela lei. Normalmente, 10% da carga total é reservada para gratuidades, o que atende até jogos de grande porte, como clássicos e finais de campeonato.
O Fluminense iniciou um debate com o MP-RJ [Ministério Público do Rio de Janeiro] e reclama da interferência causada no planejamento das partidas. A meia-entrada irregular, outro grave problema nas bilheterias, foi reduzida para cerca de 38% do total no Tricolor.
"Acreditamos que a lei das gratuidades deveria estabelecer mais critérios para os organizadores se planejarem. Além de incentivos para os clubes serem parceiros. E não concorrentes, como ocorre hoje, uma vez que custeamos esses acessos sem nenhuma contrapartida direta. Já iniciamos espontaneamente um debate com o MP-RJ [Ministério Público do Rio de Janeiro] para tentar um melhor cenário para todos os envolvidos nesta questão", disse o gerente de arenas Carlos Eduardo Moura.
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