Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Atlético-MG, São Paulo... Os grandes clubes do futebol brasileiro podem até enfrentar problemas com o fluxo de caixa durante a pausa nos campeonatos por causa do Coronavírus, mas sobreviverão. Já os times pequenos vão correr sério risco de quebrar se a paralisação se estender por mais de três meses.
“Vamos ficar sem receita de TV, bilheteria, premiações dos campeonatos... e os boletos vão continuar aparecendo para pagarmos”, explica Matias Ávila, diretor financeiro do Corinthians, referindo-se, por exemplo, aos salários e direitos de imagem dos atletas. “Se forem um ou dois meses parados, o impacto não será tão grande. Agora, se passar dos quatro meses, talvez tenhamos até de renegociar os contratos com os jogadores”, acrescenta.
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Nenhum dos clubes ouvidos pelo Blog tem informação sobre como a Globo se comportará em relação ao pagamento dos direitos de transmissão. Mas é esperado que, sem transmissão de jogos, não exista repasse das receitas com TV, que representam, para a grande maioria dos clubes, mais de 50% do orçamento anual.
No Paulistão, por exemplo, os pequenos têm direito em geral a R$ 6 milhões de cota, da TV Globo. Essa grana é paga em quatro vezes: janeiro, fevereiro, março e abril. Somente as duas primeiras já foram depositadas. A de março tem sido reivindicada pelos clubes, sob a justificativa de que houve futebol até o dia 16. Já a de abril...
“Não sabemos nem como vão se comportar os patrocinadores”, ressalta o presidente do Ceará, Robinson de Castro, preocupado com o risco de os parceiros comerciais também solicitarem o não pagamento acertado em contrato.
Uma fonte palmeirense prevê a queda na receita até com sócios-torcedores. “É de se imaginar que a crise chegue também ao torcedor, que pode parar de pagar as mensalidades ou até cancelar seu plano”, ressalta o dirigente.
Como fica? Tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, os clubes pequenos que integram a primeira divisão dos campeonatos estaduais foram favoráveis à continuidade dos torneios, com portões fechadas.
Bangu, Mirassol, Madureira, Santo André e companhia temem que os estaduais demorem a voltar e causem um colapso nas finanças. E a conta é simples: quase todos os times se reforçaram com jogadores cujos contratos terminam em abril. Se o Paulistão, por exemplo, só for recomeçado em junho, os dirigentes terão de bancar dois meses a mais de folha salarial sem qualquer centavo extra de receita.
Pior: a legislação do futebol brasileiro impede que os contratos sejam inferiores a três meses de duração. Então, a menos que essa regra seja alterada, os atletas precisariam ter seus vínculos ampliados até julho.
“Demorei 15 anos para transformar o Oeste em uma empresa sólida, que não atrasa salários... Só que quatro meses sem futebol pode jogar tudo fora. Pode escrever aí: vai arrebentar os clubes do interior. Ninguém aguenta tanto tempo parado. E aí vai ter muita gente fechando as portas”, prevê Cidão, que tem um gasto mensal de R$ 1,2 milhão. “São R$ 750 mil de folha, mais R$ 250 mil de impostos, além de R$ 200 mil com outros custos. Tudo isso por mês”, explica o dirigente.
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