Pedro comemora gol pelo Flamengo Getty Images
A paralisação do futebol brasileiro afetou o Flamengo em campo, quando o time já empilhava taças na temporada com alto desempenho, e esfriou, por ora, também pretensões fora dele. O orçamento do clube para 2020 aponta um aumento de quase 22% no quesito patrocínio, publicidade e royalties em relação a 2019. Um salto de R$ 89,3 milhões para R$ 108,7 milhões.
Não que exista um grande temor financeiro, mas a crise da pandemia do coronavírus fez com que novas conversas para o patrocínio master do uniforme rubro-negro fossem colocadas em banho-maria, enquanto uma das seis empresas que estampam atualmente suas marcas nos jogos avisou que não vai cumprir o contrato até o fim.
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Recentemente, o Azeite Royal comunicou ao clube rubro-negro por meio de uma carta sobre a decisão de não seguir com o patrocínio no meio da crise do coronavírus. O acordo tinha sido aprovado em janeiro deste ano, com a exposição da marca no calção do uniforme, ao valor de R$ 3 milhões até o fim da temporada.
A resposta rubro-negra indicou que a saída não será fácil para o patrocinador: haverá a cobrança da multa de R$ 1,2 milhão, além de perdas e danos, uma vez que a diretoria não acredita que o episódio da pandemia seja justificável para quebra de contrato sem ônus. Por fim, o Flamengo ainda tentará separar a pessoa jurídica para culpar também o presidente da companhia na Justiça. Ainda assim, cinco marcas seguem com contrato.
No patrocínio master, na parte frontal da camisa, o Flamengo conta com o banco digital BS2, em contrato firmado em abril de 2019, válido até o fim deste ano. Rende aos cofres R$ 15 milhões por temporada, com variáveis que podem elevar o valor. A multa rescisória está estipulada em R$ 2 milhões.
Para este espaço, a diretoria rubro-negra negocia, conforme informado primeiro pelo site "Globoesporte.com", com a gigante global Amazon para alcançar um valor anual superior ao dobro do que está em vigência para a mesma propriedade. O Flamengo tem cuidado na negociação para preservar o bom relacionamento com o BS2.
Uma alternativa seria deslocar o banco para o espaço das mangas. Há um sentimento de gratidão pelo patrocínio acertado em 2019, dois meses depois da tragédia no Ninho do Urubu. Internamente, à época, o patrocínio foi considerado um "milagre".
Não há um grande desconforto com a questão financeira pelo fato de o clube julgar ter contratos bem amarrados. A MRV estampa sua marca na parte superior de trás da camisa rubro-negra, ao custo de R$ 20 milhões por duas temporadas, com validade até o fim deste ano e multa rescisória de 50% do valor do acordo.
Em 2019, a Sportsbet.io também acertou contrato com o Flamengo para expôr sua marca na omoplata - os espaços abaixo dos ombros - do uniforme. O valor é de R$ 14 milhões por dois anos de contrato, R$ 7 milhões quitados a cada temporada. Neste ano, o montante será pago em quatro parcelas nos meses de janeiro, abril, julho e outubro. Caso consiga redirecionar 2.500 cadastros para a empresa por meio de um link em seus canais o clube terá direito a um bônus de R$ 1,5 milhão. Em 2021, os R$ 7 milhões serão depositados nos mesmos meses de 2020, mas o bônus pode chegar a R$ 2 milhões em caso de 2.500 cadastros.
Há dois tipos de rescisões contratuais previstas no acordo. Caso haja inadimplência, a empresa é obrigada a pagar 50% do valor restante do contrato ou R$ 2 milhões, prevalecendo o maior montante. Em caso de rompimento sem motivo, uma das partes deverá notificar a outra com 30 dias de antecedência, com pagamento de 50% de multa sobre o contrato ainda devido.
Também em janeiro, o Conselho Deliberativo do clube deu aval ao patrocínio com a Total, petrolífera francesa. A empresa estampa atualmente a parte de trás inferior das camisas rubro-negras de jogo e treino ao custo de R$ 12 milhões por dois anos de contrato. Em 2020, o clube recebe R$ 6 milhões, sendo R$ 4 milhões pela Total Brasil, em oito parcelas de R$ 500 mil. Os R$ 2 milhões restantes são quitados pela Total E&P, em quatro parcelas, a primeira em 5 de março deste ano.
Para 2021, os moldes e valores são os mesmos, com correção monetária, e início das parcelas a partir do início de 10 de janeiro. Há três possibilidades de rescisão: decorrente de escândalo, com a parte lesada com direito a quebra imediata, sem direito a indenização por perdas e danos; por inadimplência e sem motivo, ambas com multa de R$ 2 milhões seguida de outra multa no valor proporcional pelo prazo restante do contrato.
Por fim, o Flamengo ainda tem acordo válido para o meião do uniforme, acertado com a Orthopride no fim de 2019 por R$ 2,9 milhões até dezembro de 2020.
Fornecedor esportivo também é grande suporte financeiro
Além dos patrocinadores para estampar a marca da camisa, o Flamengo tem ainda um polpudo contrato com a fornecedora esportiva Adidas. Assinado no fim de 2012, o contrato tem validade de dez anos e rende, entre mínimo de royalties, desconto de materiais, pagamento fixo e luvas já quitadas cerca de R$ 40 milhões por ano. O contrato foi renegociado por Luiz Eduardo Baptista, o Bap, à época vice de marketing e atualmente vice de relações externas.
O acerto com a gigante alemã também conta com valores parrudos de bonificações em caso de conquistas, principalmente a partir do sexto ano de contrato - atualmente o vínculo está em sua oitava temporada. Todos os títulos tem previsão de bônus: o Campeonato Carioca (R$ 300 mil), a Copa do Brasil (R$ 400 mil), a Copa Sul-Americana (R$ 500 mil), o Campeonato Brasileiro (R$ 1,3 milhão), a Copa Libertadores (R$ 2 milhões) e o Mundial de Clubes da Fifa (R$ 800 mil).
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