Racing tem discípulo de Sampaoli no comando e ídolo veterano no ataque
Sebastian Becaccece foi auxiliar do treinador do Atlético-MG e vem desenvolvendo bom trabalho no time argentino. Lisandro López, aos 37 anos, é o principal nome
O Flamengo pode esperar um adversário praticamente espelhado nas oitavas de final da Libertadores. O Racing, da Argentina, é comandado por um treinador que bebe na mesma fonte que Domènec Torrent, o técnico rubro-negro. Sebastian Beccacece, de 39 anos, é fã de Pep Guardiola e Marcelo Bielsa e ganhou notoriedade como auxiliar de outro nome fortemente influenciado pela dupla: Jorge Sampaoli.
"Beccacece é admirador de Guardiola e Bielsa, deste estilo. Prioriza as formas em vez do resultado. Perdeu apenas uma partida desde que chegou. Pelos números, é fantástico. Deu uma identidade clara à equipe com um estilo ofensivo. Mas é questionado pelas substituições que faz nas partidas; ou demora para fazê-las ou faz alterações pouco comuns", analisou Nicolás Montalá, repórter que cobre o Racing para o jornal argentino "Olé".
Amor e ódio com Sampaoli
A história de Sebastián Beccacece se confunde com a de Jorge Sampaoli até a Copa do Mundo da Rússia. Unha e carne por 15 anos em que o técnico do Racing foi auxiliar do treinador do Galo, a relação desgastada teve ponto final na série de conflitos, inclusive envolvendo Messi, na passagem frustrada pela seleção argentina.
Beccacece iniciou a trajetória ao lado de Sampaoli ainda aos 22 anos, no modesto Sport Boys, do Peru. No país, trabalharam ainda no Coronel Bolognesi e no Sporting Cristal antes de seguirem para o Chile. O O´Higgins foi a porta de entrada, com desvio de rota rápido no Equador para comandar o Emelec, antes do sucesso na Universidad de Chile.
O futebol vistoso e intenso da La U levou a dupla à consagração na seleção chilena campeã da Copa América de 2015. Foi quando Beccacece iniciou seus primeiros voos solos até a ruptura definitiva em 2018.
"A similaridade está na posse de bola e intensidade com que joga. Normalmente, são quatro defensores, um volante de referência, laterais que sobem ao ataque, mas Beccacece geralmente joga só com um atacante. O mais importante que há parecido é a dinâmica e a intensidade de jogo. Apostam na posse de bola e geralmente pressão na saída do rival", definiu Juan Pablo Mendez, um dos jornalistas mais antigos do jornal "Olé".
Desde o distanciamento após o Mundial, Beccacece foi vice-campeão argentino pelo modesto Defensa y Justifica e teve trabalho ruim no Independiente, até chegar ao Racing, no início de 2020.
"A relação entre eles não terminou bem. Estiveram juntos na seleção, quando Beccacece deixou Defensa y Justicia para acompanhá-lo e depois voltou. Passou pelo Independiente e foi muito, muito mal. No Racing, ganhou o clássico contra o Independiente com nove jogadores e por isso a torcida gosta muito dele", completou Mendez.
Como joga o Racing
Os torcedores do Flamengo vão reconhecer as premissas básicas do Racing: futebol ofensivo, saída de bola curta, linha alta de defesa e muita posse de bola.
Desde a volta do futebol na Libertadores, em quatro partidas, o time foi o que mais finalizou a gol e ficou em segundo lugar entre as equipes com mais posse de bola - atrás apenas do Independiente del Valle.
Mas há um problema que vem afligindo o time: a dificuldade nas finalizações.
- É uma equipe com muita posse, ataque constante, com movimentação dos jogadores, que não dão referências aos adversários. Joga num 4-1-4-1. Seu problema é que converte pouco em relação ao que cria. Falta gol - ponderou Montalá.
Veterano de volta ao ataque
Para resolver isso, o Racing ganhou um reforço caseiro: o veterano Lisandro "Licha" López. Aos 37 anos, recuperado de problemas musculares, ele atuou nas duas últimas partidas na Libertadores. Foram apenas 65 minutos, sem gol, mas o bastante para deixar a torcida animada.
"Ele entrou no segundo tempo contra o Estudiantes de Mérida e foi a figura do jogo. É o principal jogador, mas vinha lesionado", explicou Montalá.
Lisandro foi revelado pelo Racing e cumpriu o roteiro típico de um jogador sul-americano. Ao se destacar, foi vendido à Europa, onde atuou por Porto e Lyon. Voltou à América do Sul para jogar no Internacional em 2015, antes de retornar ao clube onde se criou.
Os números de Lisandro, porém, são tímidos. Na última temporada, foram quatro gols em 24 partidas.
Além dele, o Racing conta com outros destaques: o volante chileno Marcelo Díaz, de larga carreira na seleção local e que chegou a ser especulado no Flamengo em alguns momentos da carreira, é o mais conhecido. Além dele, há os zagueiros Sigali e Nery Domínguez e os meias Matías Rojas e Leonel Miranda.
Outros conhecidos do futebol brasileiro são o lateral-esquerdo Mena, ex-Cruzeiro, São Paulo, Sport, Bahia e Santos, e o atacante Jonathan Cristaldo, ex-Palmeiras.
Foco na Libertadores
Desde a retomada do futebol, o Racing atuou apenas pela Libertadores. Em quatro jogos, venceu três e perdeu um. Terminou em segundo lugar no Grupo F, com 15 pontos, mesmo número do Nacional, do Uruguai, que ficou em primeiro por ter marcado um gol a mais.
O Campeonato Argentino começa apenas na próxima semana. Até a partida de ida contra o Flamengo, em Avellaneda, o Racing fará quatro partidas pelo torneio local.
O mercado
Recentemente, o Racing perdeu um de seus principais jogadores: o meia Zaracho, vendido ao Atlético-MG. Ele foi um dos artilheiros da equipe na última temporada, com cinco gols, ao lado do meia paraguaio Matías Rojas.
"Zaracho era importante, mas não era o principal jogador. Tem muita dinâmica, mas lhe falta clareza na tomada de decisão", analisou Montalá.
Para o lugar de Zaracho, o Racing contratou o atacante paraguaio Lorenzo Melgarejo, de 30 anos, que estava no Spartak de Moscou e teve passagem pelo Benfica, onde foi comandado por Jorge Jesus. Melgarejo, inclusive, fez um gol na vitória sobre o Estudiantes de Mérida.
Flamengo e Racing se enfrentarão pelas oitavas de final da Libertadores. O jogo de ida, marcado para a semana do dia 24 de novembro, acontece na Argentina. A volta ocorre na semana seguinte, no Rio de Janeiro.
Não escolhemos adversários. Nós somos o time a ser batído pois somos o atual campeão da Libertadores e SuperCampeão da América. Coincidência boa será se passarmos pelo Racing podemos ter a mesma trajetória do ano passado: Inter quartas, Gremio na Semi e River na Final. Realmente prefiro no Maraca final Fla x Palmeiras com os hermanos assistindo na TV.
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Seria um final épica, so falando ter a torcida.. Mas realmente, o Mengão é a bola da vez e é temido por todos, até mesmo pelo papa titulo river
Não escolhemos adversários. Nós somos o time a ser batído pois somos o atual campeão da Libertadores e SuperCampeão da América. Coincidência boa será se passarmos pelo Racing podemos ter a mesma trajetória do ano passado: Inter quartas, Gremio na Semi e River na Final. Realmente prefiro no Maraca final Fla x Palmeiras com os hermanos assistindo na TV.