Ronaldinho pelo Flamengo contra o Grêmio em 2011' — Foto: Wesley Santos/Agência Estado
Há 10 anos, no dia 10 de janeiro, a então presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, anunciava a contratação bombástica de Ronaldinho Gaúcho. O craque brasileiro, que saiu novo do país para jogar no exterior, voltava para casa com a bagagem de ser considerado um dos melhores jogadores de sua época. Pentacampeão do mundo com a Seleção , duas vezes melhor do mundo Fifa e campeão da Liga dos Campeões pelo Barcelona. O peso das grandes conquistas fez a euforia na chegada ao Flamengo ser grande, mas a passagem acabou sendo conturbada.
A disputa pelo “Bruxo”
Após o Milan desistir de continuar com Ronaldinho, três clubes brasileiros disputaram para ver quem conseguia atrair o jogador: Grêmio, Palmeiras e Flamengo. Torcedores e a própria diretoria gremista encaravam a negociação com bastante otimismo, afinal, foi o time formador do R10 e o emocional poderia pesar. A confiança era tanta que o Grêmio preparou uma festa para a apresentação do jogador no gramado do estádio Olímpico.
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No início do ano de 2011, Ronaldinho buscava definir sua vida. Sendo assim, o atleta realizou uma entrevista coletiva no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. A recepção foi de um popstar, com a imprensa toda reunida para um possível anúncio sobre seu futuro. Mas ele e seu irmão e empresário Assis esconderam o “coelho na cartola”. Apenas elogiaram os três clubes envolvidos e não anunciaram a decisão.
Na entrevista coletiva também estava presente o vice-presidente do Milan, Adriano Galliani, que se declarou torcedor do Flamengo. Na porta do hotel estavam dezenas de torcedores rubro-negros esperando por um final feliz. A entrevista teve poucas pistas, mas para os flamenguistas a confirmação estava na frase do R10 “Flamengo é Flamengo”.
De fato, Ronaldinho escolheu permanecer no Rio de Janeiro e atuar no Flamengo. Uma imensa festa foi feita na Gávea, com cantores, artistas e muitos torcedores. Em certo momento os organizadores temeram que o palco desabasse, tamanha quantidade de pessoas. No meio de uma profusão de vozes e cantorias, a multidão se acalma para ouvir Ronaldinho decretar: “Agora eu sou Mengão”.
A magia nos gramados
O Flamengo montou um bom time em volta de Ronaldinho, com nomes como Thiago Neves, Renato Abreu e Deivid. Sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, o time apresentou um bom futebol no começo da temporada, ganhou o Carioca de forma invicta e passou boa parte do primeiro turno do Brasileiro brigando pela liderança.
Ronaldinho Gaúcho era irregular, mas em muitos jogos ele tinha lances de gênio. Na 12° rodada, ele apresentou toda a sua magia. Em um duelo marcante contra o Santos de Neymar, o camisa 10 do Flamengo liderou o time para uma virada histórica por 5 a 4, com um grande repertório de dribles e um gol de falta marcante, rasteiro por baixo da barreira.
O fim da magia
Em 2011, o Flamengo convivia com problemas financeiros, e os constantes atrasos de salário geraram insatisfação e começaram a se refletir no campo. O desempenho do time caiu no segundo turno, e o Flamengo ficou seis rodadas seguidas sem vencer, terminando o campeonato na quarta colocação.
Ronaldinho também teve uma queda de desempenho. Mesmo com a pérola: “Estão deixando a gente sonhar”, após a vitória sobre o Cruzeiro, o jogador não conseguiu fazer o time engrenar. A motivação foi caindo, as boas atuações se tornaram raras e as questões extracampo ficaram mais evidentes.
Em 2012 o estopim aconteceu, Luxemburgo se incomodou com a agitada vida noturna do jogador e acusou Ronaldinho de falta de profissionalismo. O jogador ganhou a queda de braço e o treinador foi demitido, dando lugar a Joel Santana.
O atleta iniciou a temporada fora de forma e o time passou a colecionar vexames, com diversas eliminações nas competições que disputou. A mais sofrida foi a eliminação na fase de grupos da Libertadores, em uma combinação de resultados que decretou o adeus precoce.
Outro problema constante foi o atraso nos pagamentos. R10 externava o seu descontentamento com a situação. Mais um fator que contribuiu com a ruptura foi quando Assis entrou em uma loja do clube e pegou produtos sem pagar, afirmando que o Flamengo tinha uma dívida com Ronaldinho. O empresário negou o caso.
O desgaste foi tanto que o jogador entrou na justiça e conseguiu rescindir com o Flamengo. Ronaldinho se despediu em maio de 2012, com 74 jogos e 28 gols marcados. Depois, foi contratado pelo Atlético-MG, foi campeão da Libertadores e virou ídolo.
No Flamengo, a sensação que ficou foi de que poderia ter sido uma passagem melhor. Faltou um clube mais organizado e um craque mais motivado. No fim, a magia foi embora.
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