Um dos maiores ídolos da história do Flamengo, Nunes recebeu uma ligação do presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, para colocar panos quentes após o ex-jogador do Flamengo ser barrado em treino do time no Ninho do Urubu.

O autor de dois gols na vitória por a 3 a 0 sobre o Liverpool, na final do Mundial Interclubes de 1981, tentou ir a um treinamento do time no começo do ano, mas não pôde entrar.

O caso veio à tona na semana passada, e o ex-jogador esbravejou contra os dirigentes Paulo Pelaipe e Walim Vasconcelos. Nunes fez campanha nas eleições para a chapa do atual presidente, mas o isenta de culpa pelos acontecimentos e reclama apenas dos dois dirigentes do futebol.

"É uma coisa muito chata. Gente que nunca deu um chute numa bola e acham que fazem o que querem com os ídolos do Flamengo. Eles falaram que barram até o Zico se ele for lá. Estão comprando uma briga com a nação rubro-negra", falou ao UOL Esporte.

"Enquanto Vasconcelos e Pelaipe [vice e diretor de futebol] estiveram lá, não vou mais. O presidente até me ligou na sexta-feira à noite para saber o que tinha se passado e eu expliquei. Ele disse que vai conversar comigo pessoalmente. Coitado, ele está tentando apagar o fogo. Eu apoiei a chapa dele na eleição, botei a minha cara junto com a do Zico a ajudar a eleição. Mas é um cara maravilhoso, me atende bem. Sempre me retorna ligações e tem carinho por mim", continuou.

Nunes disse que foi até o Ninho do Urubu simplesmente para saber sobre uma promessa que fora feita por Pelaipe de que teria um cargo de observador no clube. Depois de ser barrado, contou que nunca foi procurado para executar a função.

"O Pelaipe falou que eu iria acompanhar jogos como observador técnico e ficaria viajando com o time do Flamengo. E na apresentação do grupo fui lá, e no dia seguinte tinha ordem pra não entrar. Estou há oito meses com isso engasgando. Só fui lá para ver o que eles queriam."

Nunes, campeão da Libertadores, Mundial de Clubes e de três Campeonatos Brasileiros com o Flamengo, disse que está magoado até agora, mas que não quer desculpas públicas. Deseja apenas ser tratado com respeito.

"Fiquei chateado pela falta de respeito. Sou pai de família, como meus filhos vão me olhar? Vão pensar ´poxa, pai sendo barrado no Flamengo e deixa esses caras fazer isso com você?´ Mas não, não quero pedido de desculpas. Não gosto de ser humilhado e nem fazer as pessoas serem humilhadas", falou.

"Parece que esses caras querem destruir a história do Flamengo. Eles não sabem com quem estão mexendo, estão mexendo com a torcida. A torcida do Flamengo não é boba, ela sabe. Recebo apoio nas redes sociais, eles estão chateados. Tem que se preocupar o Flamengo ganhar e não em afastar os ídolos", finalizou.

Na última quarta-feira, o vice-presidente de futebol do clube, Wallim Vasconcellos havia explicado a proibição da entrada de Nunes no centro de treinamento.

"Qualquer um seria barrado. Não é o Nunes ou o Zico, é qualquer pessoa. O Bebeto apareceu para ver o Mattheus e eu disse que não podia. É uma determinação geral. Os vice-presidentes, se quiserem ir lá, me ligam. Eu digo que, de preferência, na hora do treino não dá porque perturba o trabalho da comissão e dos jogadores. Pessoas que não trabalham lá não são permitidas porque é um lugar de trabalho e não de lazer, como é a Gávea. Essa determinação partiu da diretoria", explicou o dirigente, em entrevista à Rádio Globo.

Assessores barrados

E a determinação também atinge alguns profissionais que trabalham com o futebol do Flamengo. Desde o final de 2010, quando Vanderlei Luxemburgo assumiu o comando do time, assessores de imprensa de jogadores não podem entrar no centro de treinamento.

Durante o tempo em que Ronaldinho Gaúcho esteve no clube, porém, a regra foi quebrada. Seguranças e assessores do craque eram vistos frequentemente no CT Ninho do Urubu.