Dois anos depois da operação que prendeu 11 integrantes da torcida Jovem do Flamengo, o processo na Justiça ainda não chegou ao fim. Três acusados ainda estão atrás das grades, entre eles o chefe da organizada, Carlos Renato Silva Santos, conhecido como Macedo. Dois réus estão foragidos.

A demora no desfecho do caso pode libertar mais um dos acusados nos próximos dias. A defesa do apontado como chefe da quadrilha vai entrar com pedido de habeas corpus nos próximos dias. O argumento: excesso de prazo.

Há dois meses, o processo está no gabinete do juiz Jorge Le Coc, do II Tribunal do Júri, para decisão. Ministério Público e advogados esperam desfecho para os próximos dias. Macedo e outros réus são acusados de homicídio, pela morte do vascaíno Diego Martins Leal, e formação de quadrilha.

"O dirigente maior da torcida tem domínio do que ela faz, de onde um ônibus vai parar, de quem vai poder entrar, de quem vai escoltá-lo. Então ficou caracterizado no processo que o Macedo tinha, sim, domínio de tudo o que acontecia na torcida", explicou o promotor Fábio Vieira dos Santos.

Os acusados foram presos na operação Fair Play, da Delegacia de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. As investigações mostraram que os acusados mantinham ligações próximas com ex-dirigentes do Flamengo. Dois deles, foram visitar os presos na cadeia. Um teria oferecido auxílio de advogados.

Além disso, escutas telefônicas mostraram que a organizada era financiada por dirigentes do clube. Um dos presos foi flagrado nas escutas arrecadando cerca de R$ 15 mil com integrantes do clube para financiar uma viagem da torcida. Na viagem, os integrantes do grupo espancaram o motorista do ônibus depois que o veículo quebrou. A viagem também foi usada para venda de drogas.

Os dirigentes do clube não chegaram a ser investigados pela polícia. A DH explicou à época que o objetivo do inquérito era apurar a quadrilha envolvida na morte do torcedor.

O advogado de Macedo foi contactado pela reportagem, mas ele preferiu não se manifestar sobre as acusações contra seu cliente.

O Flamengo informou via assessoria de imprensa que a atual gestão não cede ingressos, nem qualquer outro benefício às tocidas organizadas.