Como um opositor do regime militar na época da ditadura no Brasil, Vanderlei Luxemburgo fará um “protesto” contra o Campeonato Carioca em forma de escalação. Revoltado por não poder fazer críticas claras à política de preços, sob pena de multa de R$ 50 mil, o treinador do Flamengo prolongará a pré-temporada ao longo das primeiras rodadas. Além de colocar jogadores para treinar no dia das partidas, promoverá um revezamento de atletas no time titular para evitar desgaste físico.

— Na quarta-feira (contra o Barra Mansa) pode ser outra situação. Posso colocar outro time e dar uma semana para os outros trabalharem. Até no dia do jogo, vamos treinar de manhã. Sem arrebentar os caras, que podem entrar no segundo tempo. A ideia é aproximar o ritmo de jogo de todos — explicou, depois de se recusar a responder a uma pergunta sobre a possível ausência do Maracanã no Carioca (“A gente não pode falar muita coisa. Você vai pagar minha multa?”).

Depois de discorrer sobre a preparação da equipe, Luxa não se conteve e, provocado, soltou o verbo de uma vez.
— A constituição permite falar que a Dilma tem um governo incompetente e não pode se insurgir contra uma situação, não não pode abordar o Estadual com respeito, dizer que está errado, você é cerceado nesse direito — desabafou Luxemburgo, lembrando então da ditadura.

— Em 2015 não pode falar, ter o direito de opinar sobre sua profissão. O processo do futebol é o mais ditador que existe no mundo. Se cria instrumentos para ser tolido do seu direito constitucional, é um absurdo estar em 2015 e isso acontecer, mas vai mudar, talvez não para mim, mas para minha neta.
O Flamengo viaja para Macaé hoje sem saber onde treinar. O clube foi proibido pelo adversário de usar o estádio Moacyrzão, local da partida. A tendência é fazer o apronto em um campo de grama sintética e uma praia da cidade.

— Quero treinar em Macaé e fui proibido. Parece que a cidade é contra o Flamengo. Tem jogo sábado e domingo com preliminar. Quem colocou? — alfinetou o técnico.