Leo Moura entra em campo ao lado de Jefferson: dois dos poucos ídolos do futebol brasileiro Foto: Rafael Moraes / 01.03.15
Nesta quarta, quando o jogo contra o Nacional-URU terminar, a era Leo Moura terá chegado ao fim. No coração dos torcedores, deixará saudade. Para o marketing do Flamengo, no entanto, acaba sem fazer falta. O camisa 2 deixará um vazio no clube que, no que diz respeito à exploração comercial, nem ele mesmo conseguiu ocupar.
— É o nome de identificação com a torcida neste momento, mas não acredito em impacto em nenhuma linha de receita. O Flamengo gera seus recursos maiores explorando a própria marca — opina Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria.
Para os analistas do mercado da bola, Leo Moura não é um ídolo que faça diferença na venda de camisas, nas adesões a programa de sócio-torcedor ou na presença do público nos estádios — apenas três mil torcedores compraram ingressos para o amistoso de adeus no primeiro dia de comercialização de bilhetes.
Em dez anos de clube, Leo Moura não foi garoto-propaganda emblemático em nenhuma grande ação do Rubro-negro. Adriano, Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love tiveram passagens mais curtas, porém alcançaram resultados melhores nesses quesitos — mais pelo apelo natural que têm com o público do que por trabalho do departamento de marketing.
— O Flamengo foi campeão brasileiro com Adriano e Pet. No ano seguinte, o time ainda ganhou o Love. E nenhum deles foi usado pelo marketing. O clube não construiu ídolos. Então, falhou em algum sentido — lembra o consultor Amir Somoggi.
Identificada com Leo Moura, torcida do Flamengo prestou homenagens no último jogo oficial do lateral pelo clube Foto: Rafael Moraes / 01.03.15
O espaço que ficará vago com a saída de Leo Moura não é uma exclusividade do Flamengo. Ídolos são raros no futebol brasileiro atual. Um sintoma da falha no processo de formação de jogadores e da decadência financeira do esporte bretão.
— Ter ídolo no futebol brasileiro é difícil porque pressupõe tempo. Só que os clubes já não têm mais capacidade para reter os jogadores. Nossa moeda está muito fraca se comparada com o dólar e o euro. Então restam somente ídolos pontuais, como o Rogério Ceni — constata Fernando Ferreira.
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