O sobe e desce de sócios torcedores de Fla (vermelho) e Flu (vinho) (Foto: Reprodução site Histórico Futebol Melhor)

Não está fácil para ninguém. Em ano de perda recorde no seu sócio torcedor, o Flamengo combinou com o Fluminense uma promoção e fidelização dos inscritos no programa de associados dos clubes - em queda livre em 2016. O clássico em Natal virou oportunidade de captação de novos associados para a dupla Fla-Flu. Somente o Rubro-Negro perdeu mais de 11 mil sócios torcedores este ano. O Tricolor, menos 548 inscritos, segundo informações disponíveis no ranking Histórico Futebol Melhor.

Com 53.046 inscritos no programa Nação Rubro-Negra - o ápice foi de 70 mil pouco depois da contratação de Guerrero -, o Flamengo tenta buscar fora do Rio mais associados para compensar as perdas em ano de crise econômica e sem estádio fixo. Foram quatro ações com sócios torcedores. Nos treinos de sexta e sábado na Arena das Dunas, sócios torcedores tiraram fotos com jogadores, pegaram autógrafos, posaram sentados na mesa de coletiva de imprensa e saíram com sorriso de orelha a orelha.

O Flamengo não abre números de sócios torcedores são da região Nordeste, mas informa que, entre os associados de fora do Rio de Janeiro, 20% deles são nordestinos - espalhados em 325 cidades. A fatia de potiguares corresponde a 12% dos sócios torcedores da região - espalhados na capital e em 41 cidades do estado. Cruzando com os dados do Histórico do Futebol Melhor, é possível notar que há margem grande de crescimento. No Rio Grande do Norte, por exemplo, apenas 6.556 pessoas estão inscritas em programas de sócios de clubes de futebol. Em Alagoas (4.746), na Paraíba (3.324) e em Sergipe (303), o número é menor. No Ceará, são mais de 20 mil inscritos e na Bahia e em Pernambuco, 38 mil e 49 mil. Mas, claro, pertencentes em sua maioria aos grandes times locais.

- O Flamengo é o único clube verdadeiramente nacional do Brasil. Tem muito a crescer ainda, mas o número de sócios torcedores de fora do Rio já é de um terço do programa, o que é um número muito significativo. O principal é o torcedor entender que qualquer rubro-negro de qualquer lugar pode contribuir de forma ativa com o clube e ajudar a torná-lo ainda mais forte - diz o gerente de marketing do Flamengo, Bruno Spindel, que confia numa retomada do crescimento do número de associados ainda este ano.

Os amigos potiguares William Amaral e Daniel Senra, que paga R$ 40 por mês no programa Nação Rubro-Negra, vibraram com a chance de vivenciar a preparação para o clássico. Eles são sócios há alguns anos, mas tiveram a primeira oportunidade de ver o Flamengo em Natal, nas vésperas do Fla-Flu deste domingo.

- No início, o programa deixava muito a desejar, porém a melhora tem sido constante e nos deixado muito satisfeito. Tivemos acesso aos treinos e tivemos surpresas agradáveis, como a tranquilidade com que Guerrero nos atendeu, a alegria dos jovens Jorge e Vizeu, o sorriso fácil do treinador Zé Ricardo e a simpatia do Arão, de grande parte do elenco. Nós, que quase não temos esse contato, aproveitamos bastante e saímos com ótima impressão. O sentimento é só de grande alegria e gratidão ao Flamengo por conceder essa oportunidade - contou Daniel.

O Fluminense também busca em 2016 expandir o número de associados fora do Rio de Janeiro. Em Natal, investe em nova edição do Tricolor em Toda a Terra, evento em que o clube leva à cidade palco do jogo, ao menos uma vez por ano, um ex-jogador para uma confraternização - ex-zagueiro Duílio, capitão do título brasileiro de 1984, está na capital potiguar. Há prioridade ainda a crianças naturais do município na escolha das 22 que entram com o time em campo, além de ações para o chamado Match Day - sócios vão receber o ônibus da delegação na chegada ao estádio.

- Tentamos fazer do limão, uma limonada. Como não podemos jogar no Rio, tentamos explorar o lado bom disso - resume o vice de marketing, Leonardo Lemos.

Não há números oficiais quanto à captação de sócios nos eventos de fidelização nesta temporada – na passada, chegou a 500. O total de associados é de 32 mil. A ideia nas Laranjeiras é fazer com que as captações amenizem os cancelamentos em um ano complicado, com poucos jogos em casa.

A modalidade sócio futebol, a que dá desconto nos ingressos, concentra 19 mil pessoas e gera renda mensal de R$ 500 mil - em maio, por exemplo, registrou aumento de 13,8% de receita na comparação com o mesmo mês do ano passado. E, fora do Rio, tem maior apelo em Brasília, com 700 pessoas. Em Natal, o número é de 80 sócios.