Não sou herói; diz segurança do Flamengo que salvou vidas no incêndio do Ninho

22/3/2021 08:02

Não sou herói; diz segurança do Flamengo que salvou vidas no incêndio do Ninho

Não sou herói; diz segurança do Flamengo que salvou vidas no incêndio do Ninho
As imagens do alojamento do Ninho do Urubu após o incêndio em fevereiro de 2019 (Imagem: Reprodução/TV Globo)

Um dos funcionários que estava presente no CT do Ninho do Urubu em 8 de fevereiro de 2019, quando um incêndio atingiu o alojamento das divisões de base e vitimou 10 atletas, Benedito Ferreira quebrou o silêncio neste domingo, em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo. Em seu depoimento emocionado e emocionante, o segurança, que tirou três jovens das chamas, relembrou o episódio que para sempre marcará a sua vida, das vítimas, dos familiares e do clube.



Quando cheguei próximo ao quarto 3, eu vi a fisionomia de um atleta. Foi quando ele quebrou a janela. E eu consegui tirar três palitos de grade e puxei. Puxei o primeiro atleta, puxei o segundo e o terceiro, que estava muito queimado. E teve mais um que não teve como tirar. Eu preferia entrar e tirar todos os garotos a estar falando aqui. Eu perderia a vida para deixar eles 10 aqui. Eu não sou herói - afirmou Benedito, antes de dar mais detalhes:


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- Teve um momento em que um garoto chegou para mim e falou: "Tio, lá atrás está cheio". Aí bateu o desespero, de saber como ia fazer para entrar. Não tinha mais como entrar. Quando chegava atrás do contêiner, no quarto 3, eu vi os garotos, tirei dois. Me ajudaram a puxar o terceiro, que estava muito queimado. Aí eu vi que acabou... (se emociona) quando o teto abaixou. Quando o teto abaixou, não tinha mais como fazer. Eu sentei e fiquei olhando aquela cena. Que nunca mais saiu da minha memória. Até hoje escuto gritarem, que está ardendo, socorro. Um dos garotos, quando consegui puxar, estava muito queimado. Ele olhou para mim e disse: "Tio, não me deixa morrer". Até hoje penso nisso.

Um dos pontos abordados por Benedito foi o funcionamento dos extintores do CT no momento do incêndio. Na entrevista, o segurança afirmou que nem todos equipamentos funcionaram, o que é contestado pelo Flamengo, que se apoia no depoimento dado pelo próprio funcionário à polícia no dia do acidente (confira o posicionamento do clube abaixo).

- Tinham extintores que não estavam funcionando. No início eu usei um extintor de pó químico. Um garoto que tava do meu lado tentou utilizar e não funcionou. Ele tentou me passar e também não funcionou, tentei um terceiro extintor e também não funcionou - disse, antes de seguir:

- Não foi perguntado (sobre o funcionamento dos extintores). Só me foi perguntado como e se eu tinha utilizado extintor. (Falei que) Sim.

Após o incêndio, Ferreira ficou afastado do trabalho por nove meses, até novembro de 2019, quando retornou ao trabalho de forma gradativa e com a condição de que não voltasse ao Ninho do Urubu, sendo atendido pelo clube, que arca com os custos dos remédios e acompanhamento médico do funcionário.

Segundo Benedito, o clube também impôs condições, como não falar com a imprensa, não ir a jogos com torcida e não ter contato com certas pessoas que circulam pelo clube, o que é negado pelo Flamengo. Hoje, Benedito trabalha no Museu do Flamengo, na Sede da Gávea, onde há uma homenagem às vítimas do incêndio: Athila Paixão, de 14 anos, Arthur Vinícius, 14a anos, Bernardo Pisetta, 14 anos, Christian Esmério, 15 anos, Gedson Santos, 14 anos, Jorge Eduardo Santos, 15 anos, Pablo Henrique, 14 anos, Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos, Samuel Thomas Rosa, 15 anos, e Vitor Isaías, 15 anos.

- Hoje, fico no museu (na sede da Gávea) que abre às 11h. Fico até as 17h. Lá eu vejo todos os dias as 10 camisas. Toda vez que entro lá é a primeira coisa que eu olho, eu rezo, peço a Deus que eles tenham descanso, que Deus acolha eles em paz, porque foi doloroso. Poderiam ser nossos futuros ídolos e hoje estão lá em cima - contou.

Ainda de acordo com o segurança, em entrevista ao "Fantástico", sua renda caiu consideravelmente por conta da restrição de não participar das atividades como os jogos do time profissional - o que também é negado pelo Flamengo.

- Eu ganhava entre salário e extras cerca de R$ 4,5 mil, R$ 4,8 mil por mês, e hoje ganho em torno de R$ 1,5 mil. Mas eu nunca pedi nada ao Flamengo. Nunca pedi dinheiro. Sempre falei que queria ganhar, mas com trabalho, suor. Quero trabalhar para conseguir tudo que perdi, ó, escorrendo suor (faz gesto). Acho que eles (dirigentes) nem sabem mais quem é o Ferreira. Mas também não me importo com isso. Eu estou ali pelo Flamengo. Todos vão, o Flamengo fica.

O POSICIONAMENTO DO FLAMENGO

Antes mesmo da veiculação da matéria no "Fantástico", da TV Globo, o Flamengo divulgou um comunicado oficial em seu site na manhã deste domingo. No documento, a direção se diz espantada pelo espaço dado ao funcionário e contesta o depoimento dado pelo mesmo, o qual, segundo o clube, "narram uma visão pessoal dele, que não encontra amparo nos fatos, na lei e muito menos no inquérito criminal."

O Flamengo também pontua que "disponibiliza para o funcionário tratamento psicológico e psiquiátrico, assim como lhe reembolsa o custo com as medicações" e que "nenhum funcionário foi impedido de circular pelo clube e tampouco proibido de falar com ninguém, muito menos com a imprensa", entre outros pontos.

Confira a íntegra da nota publicada pelo Flamengo abaixo.

"No último sábado (20), a Rede Globo de Televisão anunciou que será exibida, no programa Fantástico, uma matéria com o funcionário Benedito Ferreira, que estava presente e ajudou no resgate dos garotos no dia do incêndio no nosso Centro de Treinamento.

Na chamada da matéria, nos causou espanto que a reportagem tenha dado espaço à alegação do referido funcionário de que, dos extintores por ele usados, apenas um teria funcionado, já que, no depoimento prestado sob juramento às autoridades, esse mesmo funcionário narrou ter usado, inicialmente, dois extintores e, depois, outros três. Não houve, no entanto, nenhuma linha na fala dele à polícia sobre problemas com estes extintores.

Além disso, consta atestado nos autos do processo que os extintores estavam devidamente aferidos, testados e dentro do prazo de validade.

Assim, embora não se tenha conhecimento do teor completo da matéria, pela chamada é possível verificar que se trata de uma reportagem que constrói uma narrativa distorcida dos fatos.

O Flamengo anexa nesta nota, através deste link, o depoimento do referido funcionário e declara que vem prestando a ele todo apoio que um empregador grato e comprometido com a boa governança deve fazer.

O Clube informa que prestou à Rede Globo de Televisão todos os esclarecimentos necessários, tanto sobre os extintores quanto os que comprovam que o clube está agindo corretamente em relação ao funcionário Ferreira.

O Flamengo espera que a Rede Globo de Televisão analise corretamente todos os depoimentos prestados e os dados enviados pelo clube, no momento em que for preparada a edição final da matéria, para que esta não fique tendenciosa.

Reproduzimos abaixo as respostas enviadas à Rede Globo de Televisão, que seguiram exatamente a linha das perguntas feitas pela jornalista encarregada da reportagem:

- O Flamengo esclarece que prestou toda assistência ao funcionário Benedito Ferreira, havendo suportado o funcionário, comprovadamente, em diversas situações, bem como o indenizado espontaneamente, por ter sido o único funcionário a apresentar sintomas de transtorno pós-traumático.

- Os pontos levantados por ele na entrevista narram uma visão pessoal dele, que não encontra amparo nos fatos, na lei e muito menos no inquérito criminal.

- Desde o acidente até o momento atual, o clube disponibiliza para o funcionário tratamento psicológico e psiquiátrico, assim como lhe reembolsa o custo com as medicações.

- Benedito pediu para ser transferido para a Gávea, pois não gostaria de retornar ao CT, e foi prontamente atendido.

- Não houve perda de receita ordinária (salário). A eventual perda decorreu da pandemia, como aconteceu com vários trabalhadores, haja vista que, com proibição de público nos estádios, o extra que era obtido com presença no quadro móvel nos jogos do Maracanã deixou de existir para a grande maioria das pessoas que trabalhavam nesses eventos. Além disso, outros eventos presenciais foram radicalmente reduzidos, razão pela qual o valor da remuneração de todos os empregados que obtinham extras nesse tipo de evento também foi reduzida ou perdida.



- Nenhum funcionário do Flamengo foi impedido de circular pelo clube e tampouco proibido de falar com ninguém, muito menos com a imprensa.

- Além disso, prova constante do inquérito criminal demonstra que todos os extintores estavam no prazo de validade, devidamente revisados e carregados.

- Esse assunto encontra-se entregue ao Poder Judiciário e o Clube nada tem a esconder sobre ele. Ao contrário disso, sempre se colocou à disposição das autoridades."


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896 visitas - Fonte: Lance


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