Enfim, aconteceu. Após jogarem sete anos lado a lado vestindo a camisa do Flamengo, os irmãos Marcelinho e Duda Machado se reencontraram em times opostos. Enquanto o mais velho permanece no seu clube de coração, o caçula se transferiu para defender o Macaé. E o desfecho não poderia ter sido melhor para o camisa 4 rubro-negro. A vitória de seu time por 72 a 67 e, de quebra, com uma boa atuação do camisa 10 macaense, cestinha do duelo com 22 pontos, fizeram o ala exibir um semblante de alegria em forma duplicada.

- É difícil jogar contra um irmão assim, mas, no fundo, o que queremos ver são os nossos amigos e familiares bem. Ele mostrou que está muito bem e fez um grande jogo. Aconteceu tudo dentro do possível, que ele jogasse bem e o Flamengo ganhasse. Fico feliz de vê-lo bem. É um grande profissional. Vou sempre torcer por ele, onde ele estiver. Mas é lógico que quando jogar contra o meu time, vou querer vencer - afirmou Marcelinho.

Não tão contente, mas de cabeça erguida, Duda contou como foi um dos momentos mais difíceis de sua carreira profissional, principalmente por ter recebido o carinho e aplausos dos torcedores durante toda a partida, inclusive quando assinalava pontos a favor do Macaé.

- Foi complicado, não era um simples jogo. Jogar contra o Flamengo, depois de ter vivido uma história bonita aqui, ter meus dois irmãos do outro lado, além de ser flamenguista, não é fácil. Mas a partir do momento que a bola sobe, a gente tenta fazer o nosso trabalho. Se tivesse ganhado, eu estaria muito melhor. Não saímos tão felizes, mas de cabeça erguida, pois sabemos que nossa equipe tem muito o que melhorar - analisou o camisa 10.

Durante a partida, os irmãos se encontraram por algumas vezes. Mas o momento que mais chamou atenção ocorreu no primeiro quarto, quando Duda recuperou uma bola e partiu para a cravada sob o olhar de Marcelinho, que o acompanhava. Ao ver o irmão próximo, Duda segurou no aro por alguns segundos a mais do que o normal, e quando retornou ao solo deu um sorriso de canto de boca, na cara de seu irmão, em claro sinal de provocação.

- Na minha cara não (Duda sorri). Ele roubou a bola de outro jogador e eu corri atrás dele. Mas o esporte é para isso também. A gente sabe que existe rivalidade, esse confronto, jogos como esse, mas no fundo é um esporte, a gente se diverte fazendo o que gostamos, e ele deu essa risada porque estava se divertindo naquele momento - explicou Marcelinho, que deu o troco no segundo quarto, após converter três pontos mesmo com a marcação de Duda.

- Único jeito de marcá-lo é correndo muito. Todo mundo sabe as qualidades que tem. Mesmo sem jogar há quase um ano, entrou, fez a diferença, meteu as bolas que está acostumado, ajudou a equipe dele e mostrou o grande jogador que é - descreveu.

Todavia, se as palavras são de elogios mútuos, dentro de quadra as ações não foram tão cordiais. Em um determinado momento do primeiro quarto, Duda deu uma chegada um pouco mais forte em Nicolas Laprovitolla, jogando o argentino no chão, causando ira no banco rubro-negro, onde estavam seus dois irmãos Marcelinho e Ricardo Machado, fisioterapeuta, que se irritou com a atitude do caçula.

- Na hora que entramos em quadra, a gente quer jogar para vencer. Eu quero marcar, tentar anulá-lo e ele também quer isso. É assim que funciona o esporte - ressaltou Marcelinho.