Rodrigo Caetano recebeu o título de cidadão honorário de Belo Horizonte, em 2021
Imagem: Bruno Souza/Atlético-MG

Entre os dias 2 e 16 de dezembro do ano passado, Rodrigo Caetano viveu momentos intensos, talvez o ápice da carreira como executivo no futebol. Em menos de duas semanas o diretor do Atlético-MG comemorou as conquistas do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, e ainda recebeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte. Rodrigo Caetano é muito bem avaliado entre os atleticanos e neste domingo pode colocar mais uma taça no currículo, a Supercopa do Brasil, justamente contra o Flamengo, clube pelo qual trabalhou por mais de três anos e não conseguiu ter o mesmo sucesso que tem em Belo Horizonte.



Contratado em dezembro de 2014 pelo então presidente Eduardo Bandeira de Mello, Rodrigo Caetano chegou ao Flamengo com a missão de reestruturar o departamento de futebol de um clube que já dava sinais de reequilíbrio financeiro. Considerado muito exigente, o profissional ficou conhecido pela sua defesa aos atletas, mas também somou atritos. Perfeccionista, Rodrigo acumulou alguns desafetos e foi ficando enfraquecendo à medida que passou a enxergar possíveis inimigos em todos os setores do clube.


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Credenciado por bons trabalho em rivais como Vasco e Fluminense, Caetano pegou um Fla em transição e com o orçamento ainda enxuto. Escolhido pelo conhecimento de mercado, foi mal justamente neste quesito, o que encurtou a sua trajetória. Já no Atlético, aconteceu exatamente o oposto.

Rodrigo Caetano chegou à Cidade do Galo em janeiro de 2021, para substituir Alexandre Mattos, demitido pela diretoria recém-eleita. O diretor de futebol goza de muito prestígio dentro do Atlético, não só pelos títulos, mas principalmente pela gestão do elenco. O capítulo mais marcante em pouco mais de um ano de clube foi o atrito entre Hulk e Cuca. Claramente inconformado com os poucos minutos em campo, o atacante questionou o treinador publicamente, em abril do ano passado. Caetano fez uma reunião com os dois e contornou a situação. O resultado foi o melhor possível.

Outro ponto que ajuda bastante é a situação política do Atlético. O clube mineiro está pacificado e não há interferência política no futebol.

O futebol

Está no resultado de campo a grande diferença do trabalho de Rodrigo Caetano no Flamengo e no Atlético. Quando desembarcou em Belo Horizonte, o executivo de futebol encontrou um elenco montado e disputando o título do Campeonato Brasileiro de 2020. Então comandado por Jorge Sampaoli, o Galo ficou na 3ª colocação, na disputa vencida pelo Flamengo. Para a temporada 2021, foi necessário somente alguns ajustes. Chegaram Hulk, Nacho Fernández, Dodô e Diego Costa, sendo três desses sem custos para o clube.

Aliás, a grande marca de Rodrigo Caetano no futebol do Atlético está na capacidade de conseguir boas contratações de jogadores livres no mercado. Em 2022 não está muito diferente de 2021. Diego Godín, Otávio e Ademir foram contratados a custo zero.

Mas no Flamengo a situação foi bastante diferente. Pelo Rubro-Negro, Rodrigo contratou 42 jogadores e carregou consigo o peso de ser o "pai" de nomes como Rafael Vaz, Éderson, Donatti e Conca. A seu favor, no entanto, o executivo foi responsável pelas vindas de Arão e Diego, por exemplo.

Além dos insucessos no mercado da bola, os fracassos em campo foram determinantes para que Caetano acumulasse muito desgaste na Gávea. Em seu período, o clube levantou apenas o Carioca de 2017 e acumulou vexames na Libertadores e também na Sul-Americana.

VAR x 6º lugar

Além dos títulos, que ajudam demais na avaliação feita pelos torcedores, Rodrigo Caetano caiu de vez nas graças dos atleticanos após a vitória por 3 a 1 sobre o Santos, no Mineirão, em confronto válido pela 26ª rodada do Brasileirão. De acordo com a súmula, o dirigente atleticano foi até a sala do VAR, no intervalo da partida, e socou e chutou a porta do local, além de reclamar de dois possíveis pênaltis não marcados. "Seus ladrões, parem de roubar, nós não vamos aceitar isto", relatou o árbitro Paulo Roberto Alves Junior.

Rodrigo Caetano nega que tenha feito o que foi descrito pela arbitragem, mas para a torcida aquilo já virou verdade e foi o suficiente para o dirigente conquistar o respeito de muitos atleticanos. "Um torcedor me disse uma coisa que ficou marcada: 'Eu vi tu brigar tanto para nós, xingar, reclamar. Tu já era Galo, só não sabia'. Obrigado, de coração, por tudo", revelou Caetano, no dia que recebeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte.



Já no Flamengo, um episódio foi marcante e serviu como uma espécie de penúltimo ato no clube. Na última rodada do Brasileiro de 2017, Rodrigo chorou copiosamente após o Flamengo vencer o Vitória no Barradão, resultado que deixou o time na 6ª colocação e garantiu uma vaga na Libertadores.

Meses depois, o hoje atleticano não resistiria a uma eliminação para o Botafogo, que venceu e tirou o Fla da final do Carioca. Aquele jogo em março de 2018 foi o ponto final do dirigente e desencadeou uma série de demissões no futebol, inclusive do técnico Paulo Cesar Carpegiani.

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