Vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz participou ao vivo do "Redação SporTV" desta terça-feira. O dirigente reforçou a confiança no técnico Paulo Sousa e recriminou a violência do protesto que aconteceu no Ninho do Urubu após a perda do título carioca para o Fluminense.



O resultado negativo, junto ao mal futebol apresentado, provocou questionamentos no clube sobre a atuação de Braz. Conselheiros pediram uma reunião com dirigente, mas foi desmarcada. Decisão que não pegou bem internamente. Para esfriar os ânimos das arquibancadas, ele chegou a marcar uma reunião entre jogadores e torcidas organizadas, o que também não aconteceu e causou uma manifestação na porta do CT. O protesto ficou marcado por cobranças aos jogadores, que tiveram seus carros danificados na chegada ao treino.


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- Em relação aos episódios, tenho certeza que saiu do tom a manifestação. O Flamengo fez a requisição do policiamento, aumentou a segurança, mas acho que interessa que o Paulo tem o apoio total da diretoria. Ele precisa de tempo e será dado esse tempo para ele fazer e botar em prática o pensamento dele no dia a dia. Isso é no mundo inteiro. O futebol é muito imediato quanto aos resultados. Você tem a necessidade de ganhar sempre. A pressão no Flamengo não é comigo. No futuro, o próximo VP vai ter a mesma pressão que eu. Não quer dizer que a gente não se empenha para alcançar os resultados que o presidente Landim determina, que são as vitórias e os campeonatos.

Veja outros trechos da entrevista:
- O ano não começou da maneira que a gente gostaria em relação aos resultados. Agora, é um projeto novo em que a gente contrata mais uma vez um técnico estrangeiro, com toda capacidade e que vem complementando no dia a dia o tipo de metodologia que ele entende que é o melhor para o Flamengo. (...) A primeira vez que a gente pensou no Paulo Sousa, que vimos a hipótese de acontecer, foi na pandemia, depois que o Jorge Jesus saiu. Ele estava no Bordeaux. A gente não teve tempo, tinha a imprevisibilidade da pandemia.

- Foi a primeira vez que a gente falou internamente sobre o Paulo Sousa. Sobre a metodologia, quando a gente esteve com o Paulo, ele tinha um conhecimento vasto sobre o Flamengo. A gente já tinha acompanhado o trabalho e dele e sabia da maneira de trabalho. Mas quando qualquer técnico chega no dia a dia tem situações que vai ajustando. Em uma situação ou outra você precisa adequar alguns pontos, mas a interferência (minha) não pode ter ou de ter sobre os jogadores que entram em campo. A metodologia é só do Paulo e contratamos por isso.


"Queria deixar uma proposta: vamos deixar acabar a temporada, me comprometo a vir de novo, e aí falo como foi o trabalho dele, com uma análise melhor, com os jogadores, aí consigo vir aqui. Prefiro vir com calma e tranquilidade. O Paulo Sousa foi contratado para cumprir o contrato. É a coisa mais natural do mundo".

Pedidos de Paulo Sousa por reforços
- Qualquer técnico sempre pede reforços. Não vou falar diretamente de posições porque bate de frente com jogadores que tenho hoje no elenco. Tem uns que ele expôs mais, e assim foram feitas. Não foi feito dentro da cronologia que talvez ele gostasse, mas foram feitas. O bom seria que todos os jogadores do elenco estivessem aqui no primeiro dia de trabalho, mas não foi possível.

- A gente também teve o entendimento de que ele devia pegar o grupo no dia a dia para entender as necessidades. A gente teve a questão do Banco Central, as pessoas não têm noção de como atrapalhou. Um problema de sucção direto nas contas do Flamengo. Está muito bem entregue com o Presidente Landim e Rodrigo Dunshee para dirimir isso e que a gente tenha um momento mais tranquilo do que no início do ano.

Impasse com os jogadores
- Com todo respeito a todos que cobrem, a gente não tem o mesmo entendimento da divisão que foi noticiada. A gente respeita as fontes dos jornalistas, mas, de coração, não era o nosso entendimento. Não quer dizer que alguns jogadores que queriam entender mais o sistema não pode ter arguido ou feito uma questão de questionamento. Essa questão de questionamento no dia a dia do treinamento, dentro do tom correto, educado, eu não vejo problema nenhum. Quando um jogador perde um pouco espaço, um jogador que foi tantas vezes campeões pelo clube perde um pouco do espaço e protagonismo, nada mais natural que tenha desconforto.

- Em algumas situações é até bom. O Paulo Sousa não tem 11 jogadores, tem 30, e ele deixa isso claro. Só jogam 11 e os jogadores têm que estar aptos para entrar. Um bom exemplo é o Isla, não teve tantas chances, mas entrou e foi importantíssimo. Quem ganhou não foi só o Isla, foi o Paulo, o Flamengo e todos nós. Devemos estar nesse sentimento. Não quer dizer que quando houve turbulência... Tivemos muitas conversas pessoais, individual com os jogadores. Eu contribui para isso. Passei algumas visões da diretoria. Assim é no futebol. A gente vai trabalhando para diminuir a situação de extremos.


Vereador x vice-presidente
- O meu cargo é institucional, eu não estando, outra pessoa iria estar. Todos os outros VPs que passaram aqui, não vou dizer a profissão de cada um, também estavam aqui com outras atribuições. Acho que quem perde são meus filhos e minha família. Pode perguntar para todos qual é minha frequência aqui. Desde que assumi minha cadeira na Câmara, muitas instituições ficaram de forma híbrida. Isso foi um facilitador.

- Mas quero deixar claro que meu compromisso com o Flamengo é extremo. O presidente Landim cobra muito. Não só eu, mas qualquer pessoa que seja VP do Flamengo se não estiver nos trilhos ou trabalhando, com certeza não se sustentará no cargo. Tenho absoluta certeza que cubro todas as minhas obrigações, sou ativo, e também cumpro minhas funções na Câmara de Vereadores.

Situação de Andreas Pereira
- De fato, teve a pontuação que você falou. Mas gostaria de deixar registrado quando contratamos o Gerson os questionamentos foram os mesmo em relação ao pagamento do jogador. Até quanto ao Gabigol tinha questionamentos sobre os números. Acontece que o Andreas teve uma fatalidade num jogo importantíssimo e com certeza é um peso nesse processo. A gente tem um entendimento em relação a ele.

- O maior motivo de a gente ter ido conversar com o Manchester foi quando a gente fez a primeira proposta, eles disseram que a gente tinha de ir lá para tratar. Não queriam ficar por e-mail. A gente foi lá, se debruçou em número. Teve a situação do Banco Central. A gente acalmou e está usando o tempo para fazer as coisas com cautela. A pressão a gente tem que ficar atento, mas precisa ficar frio para as decisões. Mais uma vez, o jogador tem contrato por um bom tempo, e a gente está atento.

Renovação de Rodinei
- Não é o Rodinei que a gente vai ouvir em relação ao Paulo. Quando a gente vai falar de renovação, a gente ouve todos os atletas. Outro ponto que não cabe só ao Rodinei. Um atleta que está faltando oito, nove meses para acabar o contrato, é um dever nosso sempre ficar atento quando chegam os seis últimos meses de contrato, até porque pode perder o jogador.


- Não que poderia ter poucas ou muitas propostas pelo Rodinei, mas é um processo natural acender a luz amarela quando chegam os seis meses para o fim do contrato. Isso está sendo feito com ele. Não é um processo dele, mas com todos os jogadores. A gente chega e começa a se movimentar. Aí, até ter uma coisa encaminhada para qualquer atleta, é diferente. Qualquer renovação aqui dentro sempre é analisada a parte de números, minutagem, a parte do scout e a posição do técnico.

Salários defasados do Departamento de Futebol
- O Flamengo, desde que detectou isso, vem dentro de suas possibilidades fazendo reajustes com muita responsabilidade. A gente não tem uma defasagem grande, se tem é em relação a outros clubes. O que pode é o profissional receber outra proposta de outro clube de maneira mais convincente e cada um trata como quer. O Flamengo não pode ficar a todo momento, quando um clube quer levar um profissional, tendo que cobrir. O Flamengo tem que pagar em dia.

Relação com torcida organizada
- Eu tenho um assessor que foi fundador de uma organizada. Na minha avaliação, não tenho conflito de interesse. Tanto que as torcidas estavam aí. Se eu tivesse controle, não estariam na porta. A minha relação com esse funcionário... É o único que tem. É esse e a esposa de mais um integrante. Parece até que é sistêmico, que tem 20 pessoas, não é isso. Não vejo um conflito de interesse direto. Não tenho nenhuma condução em relação a torcidas organizadas, elas estão aí há anos, cada uma com sua história e tamanho. Não tenho pensamento em relação a conflito. Tenho dois funcionários que têm ligação próxima. Parece que é sistêmico, não é isso.



Diretor-executivo para mediar elenco e direção?
- Em relação a diretor-executivo, é até estranho falar. Em 2019, o Spindel foi eleito o melhor diretor-executivo do Brasil. Não fui eu ou a torcida do Flamengo, foram os pares dele. Tem uma associação. Os resultados dele foram iguais ao meu. Eu não vejo necessidade. Cada diretor tem um estilo de conduzir o trabalho. O Bruno Spindel é um profissional dedicado, trabalhador e tem a confiança de todos nós e do presidente Rodolfo Landim, que tem a última palavra e é o maestro do Flamengo.

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