Anderson Pico busca reescrever sua história: 'Deixei minha esposa no Sul e vim de ônibus pro Rio'

14/11/2014 07:48

Anderson Pico busca reescrever sua história: 'Deixei minha esposa no Sul e vim de ônibus pro Rio'

Anderson Pico busca reescrever sua história: Deixei minha esposa no Sul e vim de ônibus pro Rio
Anderson Pico mira recomeço no Flamengo. GILVAN DE SOUZA / FLAMENGO

Buscando reescrever sua história de vida e, principalmente, no futebol, Anderson da Silveira Ribeiro, o Anderson Pico, vive atualmente em busca de um único objetivo: voltar a jogar futebol em grande nível. Para isso pediu ajuda à única pessoa que sabia que o estenderia a mão neste momento, o técnico Vanderlei Luxemburgo.

O lateral esquerdo já havia trabalhado com Luxemburgo no Grêmio, time que o revelou e onde permaneceu até 2013, entre idas e vindas de empréstimos para times menores, após pedir a rescisão do seu contrato, em abril do ano passado. Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, Pico contou sobre os percalços de sua trajetória e se emocionou.

Ao deixar o Grêmio, vestiu as camisas da Chapecoense e do Novo Hamburgo. Desempregado, depois de sair do time do interior do Rio Grande do Sul, e a chegada do segundo filho fizeram com que uma luz de alerta se acendesse, e o jogador começou a colocar na balança tudo que estava fazendo com sua carreira.

Em setembro, após quatro meses sem conseguir um novo clube, deixou de lado a vergonha e o medo e enviou uma mensagem pedindo uma oportunidade ao antigo treinador, pois queria jogar novamente em um grande clube. Precisava do futebol para se reerguer, e essa era a última chance de sua vida, segundo o jogador.

Deixou a mulher Fabiana grávida e o filho pequeno, Pedro, em Porto Alegre. Embarcou em um ônibus, já que com o dinheiro curto não tinha condições de comprar uma passagem aérea, e foi atrás daquele que poderia, enfim, mudar o rumo da sua vida. Percorreu pouco mais de 1.500 km, em 24 horas, e desembarcou no Rio de Janeiro.

Agora faltava conseguir um contato pessoal com Luxemburgo, e mostrar ao técnico que era um novo homem e um profissional disposto a deixar os episódios de ganho de peso, indisciplina e todo o extracampo no passado.

"Quando fiquei desempregado, cinco, seis meses atrás, tinha recém saído do Novo Hamburgo, e a Fabiana estava grávida, então uma luz de alerta se acendeu. Foi quando me perguntei: o que eu estava fazendo da minha carreira? Estava parado há quatro meses quando vi um jogo do Flamengo. Consegui o telefone do Vanderlei e mandei uma mensagem para ele. Peguei um ônibus e vim de Porto Alegre para cá. Quando mandei a mensagem, ele não acreditou que eu estava aqui", disse o lateral, que sofreu ao deixar no Sul a esposa grávida e um filho pequeno, mas precisava tentar um recomeço.

"Deixei minha esposa com o meu sogro e disse que ia tentar, ver no que ia dar, conversar com ele. Se ele me aceitasse seria perfeito, se não desse certo, ao menos eu havia tentado. Mandei uma mensagem sincera e de coração aberto. Falei do que precisava, das minhas necessidades, que ele já tinha me dado uma oportunidade lá atrás, mas que agora seria diferente pela situação que estava vivendo. E que estava voltando só para treinar e que me manteria longe de outras coisas. Ele foi um pai para mim, por isso não vou decepcioná-lo. O Luxemburgo foi um cara que abriu a porta para mim. Tinha me dado uma oportunidade boa de voltar a trabalhar na época do Grêmio. Enquanto trabalhei com ele vi que era um cara muito sério. É uma pessoa e um profissional maravilhoso. É sempre o mesmo, não muda. Procura sempre falar a verdade para nós jogadores. E eu vi uma nova chance no Flamengo com ele", revelou ao ESPN.com.br.

Logo que chegou ao Fla, o lateral recebeu elogios de Luxemburgo, que ainda fez brincadeiras com os problemas do passado e disse que o atleta é um "fio desencapado 220". Mais maduro, Pico sabe que para voltar a ser um grande jogador precisa se dedicar 100% dentro e fora de campo. Por isso, prometeu ao treinador que o foco no trabalho será integral, o que vem fazendo desde que chegou ao Flamengo, fazendo treinamentos em dois turnos e nunca se descuidando da alimentação. Mas acima de tudo mantendo-se longe de tudo que não condiz com a condição de um atleta profissional.

"Hoje estou muito mais tranquilo que há um ano e meio. Amadureci profissionalmente e pessoalmente. Voltei minha cabeça só para o futebol. Nos últimos anos estava deixando o meu trabalho profissional de lado. Estava vivendo outras coisas que não estavam condizendo com a minha profissão e isso estava me afetando bastante. Hoje meu objetivo está bem definido, que é treinar e melhorar cada vez mais dentro de campo. Além de cuidar da minha família, que graças a Deus está agora comigo aqui no Rio. E completa com a chegada do Gabriel", disse o lateral esquerdo do Flamengo.

Anderson Pico foge dos padrões físicos dos jogadores de futebol, forte e "parrudo", como se define, considera essa condição primordial para sua principal característica, a força. Criticado muitas vezes por estar acima do peso, o atleta prefere não revelar quanto está pesando atualmente. Entretanto, admite que jamais será magro como a grande maioria dos seus companheiros e ganhou um novo apelido no Rubro-Negro, "Tartaruga Ninja".

"Ganhei esse apelido (Tartaruga Ninja) do Vanderlei e do Mugni, e gostei muito dele (risos). Desde que cheguei já perdi 14 quilos. Faltam dois que vou conseguir até o fim do ano. Aí ficarei abaixo do meu peso. Esse peso que quero ficar só tive no início da minha carreira. O peso que eu joguei com o Vanderlei no Grêmio, em 2012, é o meu hoje. Minha estrutura óssea é grande, é genético isso. O apelido do meu pai é "Parrudo". Eu e meus irmãos somos todos assim fortes, não temos uma estrutura pequena, mirradinha. Nunca vou ser magrinho. Todos nós temos problemas de peso, com peitoral grande. Ganho fácil e demoro a perder, pois a minha genética é lenta. Se eu correr meia hora não perco praticamente nada", afirmou.

Sereno e tranquilo, bem diferente de quem o conheceu há alguns anos, o gaúcho de Porto Alegre não deixa de lado seu chimarrão e faz questão de lembrar das pessoas que passaram em sua vida e sempre procuraram lhe ajudar. Se hoje Luxemburgo é quem lhe estendeu a mão, no início da carreira dois diretores foram fundamentais em sua profissionalização, Paulo Pelaipe e Rodrigo Caetano. Além dos ex-jogadores e ex-auxiliares técnicos de Luxa, Emerson Rosa e Roger Machado.

"Pessoas maravilhosas e gente finíssimas passaram na minha vida como o Rodrigo Caetano e o Paulo Pelaipe. Depois tiveram alguns... que prefiro nem falar. Não vale a pena. Mas o Rodrigo e o Pelaipe foram paizões para mim, pais de verdade mesmo. Foram eles que fizeram o meu salário quando subi para o profissional e sempre procuraram me ajudar. Em 2012 estava emprestado para o São José quando o Luxemburgo assumiu o Grêmio, o Roger e o Emerson me apresentaram para ele. O Roger me conhecia e falou para o Vanderlei: 'Olha depois de mim aqui no Grêmio, o Anderson Pico é o único lateral'esquerdo capaz de recompor em grande nível', e eu voltei a ser titular. Então jamais vou esquecer esses grandes profissionais e pessoas de coração imenso e verdadeiro", disse, emocionado.

Anderson Pico hoje é só alegria no Flamengo. Durante os treinamentos está sempre sorrindo e se entrega completamente aos trabalhos. Sempre após os treinos táticos e físicos em campo, procura finalizar com uma corrida, enquanto seus companheiros se encaminham para o vestiário. Tudo para ser merecedor da oportunidade recebida. Além de reconhecer a todo momento a atenção que vem recebendo da comissão técnica dentro e fora de campo.

O contrato firmado com o clube da Gávea vai até o fim deste ano, podendo ser renovado por mais duas temporadas, por isso a entrega é total nos treinamentos. A última partida do Rubro-Negro será na terra natal de Pico, Porto Alegre, contra seu ex-clube no dia 7 de dezembro, mas o jogador não pensa em tirar férias, e ficará poucos dias no sul.

"Não vou tirar férias. Depois do último jogo, que será contra o Grêmio lá em Porto Alegre, vou ficar mais uns dois ou três dias lá no Sul somente. Volto para o Rio e já começo a treinar sem trégua, independente do que aconteça. Quero voltar muito bem preparado para a temporada de 2015, tenho que estar pronto e preparado para tudo no Flamengo ou não. Não posso chegar de novo acima do peso. Não penso em voltar para o Sul, a minha vida hoje é no Rio de Janeiro. Para mim está sendo tri tranquila essa nova vida. Falo bastante com os meus pais por telefone, mas eles entendem, até por que eles dependem de mim lá no Sul, então eles sabem que tudo isso é por uma coisa boa. Hoje posso dizer que estou muito feliz aqui", concluiu
Anderson Pico, com um sorriso de despedida, e ciente que seu futuro de agora em diante só depende dos passos certos ou falsos que der em sua vida.

2705 visitas - Fonte: ESPN


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