Athirson, Donizete, Léo Santos, Alan Nuguette e Thales Leites: futebol e MMA juntos no Maracanã para o aniversário de 450 anos do Rio de Janeiro (Foto: Adriano Albuquerque)
A 21 dias de seu próximo evento na cidade, o UFC comemorou o aniversário de 450 anos do Rio de Janeiro no Maracanã. A organização reuniu três de seus lutadores - Léo Santos, Thales Leites e Alan Nuguette - e dois ex-jogadores de futebol - Athirson e Donizete Pantera - num camarote do estádio para assistir ao clássico entre Flamengo e Botafogo, pelo Campeonato Carioca. Foi uma oportunidade única para os artistas marciais não só de assistir a um jogo de perto, como de trocar experiências com atletas que já passaram pelos altos e baixos da competição de alto nível. No processo, descobriram que a admiração por eles era mútua.
O vascaíno Léo Santos, que luta no próximo dia 21 no Maracanãzinho contra Tony Martin, foi surpreendido ao ouvir de Donizete, ídolo do Vasco e do Botafogo, e de Athirson, ex-lateral-esquerdo de Flamengo, Botafogo e Seleção Brasileira, que eram seus fãs de longa data.
- Eu estava perguntando ao Donizete como ele se sente depois de ter parado, uma dúvida que passa na cabeça de todo atleta, e a gente acaba descobrindo que eles são nossos fãs! A gente está defendendo o Brasil de outra forma e eles acompanham. Athirson me disse, "Léo, dormia todo dia 1h da manhã para te ver lutando, te acompanhei", e você fica meio sem ação! Um cara que você admira, vê jogar, um Donizete, que me deu muitas alegrias, e o cara é seu fã! É engraçado, o mundo dá voltas e isso me deixa feliz. Dá um orgulho - contou Léo.
Athirson admitiu nunca ter lutado nada ("Tenho até medo!", brincou), mas disse acompanhar o UFC e citou José Aldo, Anderson Silva e Vitor Belfort como seus lutadores favoritos. "Spider", inclusive, passa por momento conturbado devido a um exame antidoping positivo após sua última luta, situação pela qual o ex-jogador já passou. Em junho de 2000, Athirson foi flagrado por uso de substância proibida e suspenso preventivamente; no mês seguinte, foi absolvido por unanimidade ao argumentar que um remédio ingerido pelo atleta havia sido adulterado. Ele ofereceu apoio e simpatia ao ex-campeão dos pesos-médios.
Athirson disse a Léo Santos que o acompanhava desde os tempos de jiu-jítsu (Foto: Adriano Albuquerque)
- A gente acredita no caráter e no homem. Ele é um cara vencedor. Passei por momentos assim, foi comprovado que não fiz nada, mas até ser provado que você não tinha feito aquilo, você é sempre julgado. Eu gostaria de dar um abraço nele, porque, nesse momento, você precisa de um amigo. Gostaria de conhecer realmente o Anderson Silva para dar esse abraço nele. São momentos que você fica ali para baixo e os amigos precisam te puxar. Podem ser várias situações (que levaram ao exame positivo) e ele com certeza não sabe o que aconteceu. Ele não precisa disso, sabemos que ele é um vencedor acima da média - disse o jogador.
Outra semelhança entre o futebol e o MMA é a "gangorra" dos atletas perante o público: de heróis absolutos na vitória a imprestáveis e decadentes na derrota. Donizete ofereceu seu apoio aos lutadores e advertiu que não se deixassem afetar pelas críticas.
- Isso faz parte do esporte, do dia a dia deles, fez parte da minha vida. Eles têm que levantar a cabeça, a vitória e a derrota servem de experiência. A gente tem que ter um certo controle mental, porque a gente já sabe que isso vai acontecer. Perdi hoje, mas vou vencer amanhã. Imagina se fosse tudo glória, aí não teria graça vencer - comentou o "Pantera".
Thales Leites, que hoje vive novamente nas graças do público graças a uma sequência de oito vitórias seguidas, disse sempre entender o lado dos jogadores quando sofrem com as críticas pesadas que acompanha o futebol.
- Na época de adolescente que eu era fanático por futebol, eu chorava. O cara fez uma boa jogada para fazer o gol, era o melhor do mundo; se errava, não valia nada. Eu vim muito no Maracanã e ouvi dizerem, "Ele é um m***"; eu queria ser um m*** igual a ele e estar jogando num clube grande! As pessoas criticam, mas poucos sabem o lado do atleta. Só o atleta mesmo sabe o lado deles. No MMA, é pior ainda, porque é um esporte individual. No futebol, se você não está rendendo bem, o técnico pode te substituir, ou tem mais 10 para colaborar. No MMA, se você não está no seu dia, você vai sangrar, filho... - analisou Leites, que foi acompanhado da filha Valentina, que não lhe deu folga: esteve ativa e correndo de um lado para o outro por todo o jogo.
Alan Nuguette ergue o filho de seis meses no Maracanã (Foto: Adriano Albuquerque)
O mais alegre do camarote era Alan Nuguette. O peso-leve levou o filho Alan Patrick, de apenas seis meses, para torcer pelo Flamengo. O pai "babão" erguia o bebê como um troféu e comemorava a oportunidade de assistir a um jogo no Maracanã apenas pela segunda vez na vida.
- Ele ficou meio assim (assustado), mas já está acostumado, porque eu levo a mãe dele para os eventos, levei ele para a pesagem do UFC 179, ele com dois meses de idade, então já está acostumado. O pai dele é muito agitado, faz muita bagunça. Lá em casa, toco berimbau de capoeira para ele; já com um mês e meio, ele ia para o sparring na XGym, e ele já está acostumado com esse agito. Mas não nesse tamanho! Ele deu uma choradinha, mas já deu uma acalmada - contou Nuguette.
Ao final do jogo, apenas Léo Santos comemorou. Vascaíno, ele gostou de ver o Flamengo perder por 1 a 0 para o Botafogo, enquanto Leites e Nuguette apenas olhavam resignados. Ele espera comemorar novamente no fim de semana dos dias 21 e 22 de março: no dia seguinte à sua luta no Maracanãzinho, o Vasco enfrenta o arquirrival rubro-negro no estádio.
- Meu Vasco está começando a se entrosar... Vou comemorar lá no sábado e aqui no domingo, se Deus quiser - afirmou o peso-leve da Nova União.
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