Vale tudo? Gil brinca sobre frase e vira "o Legislador" no retorno ao futebol

24/3/2015 08:28

Vale tudo? Gil brinca sobre frase e vira "o Legislador" no retorno ao futebol

Atacante retoma a carreira no Juventus, aos 34 anos, mas não cria expectativa de ter chance em grandes clubes, e segue ouvindo brincadeiras pela famosa "Lei de Gil"

Vale tudo? Gil brinca sobre frase e vira o Legislador no retorno ao futebol
Atacante Gil tenta resgatar sua carreira no Juventus, da série A-3 do Campeonato Paulista (Foto: Fabrício Crepaldi)

Vale disputar a Série A-3 do Paulistão, vale jogar ao lado de atletas desconhecidos, vale enfrentar estádios ruins, vale disputar torneios sem tanta mídia... O que não vale, o atacante Gil deixou claro na inesquecível entrevista após o título mineiro de 2006, pelo Cruzeiro, em vídeo que ficou famoso na internet - relembre aqui.

Hoje, vale QUASE tudo por outro motivo: conseguir retomar a carreira, aos 34 anos, no tradicional Juventus. E os primeiros passos estão valendo a pena, mesmo que na terceira divisão de São Paulo.

Com a mesma velocidade com a qual driblava os adversários, com a camisa do Corinthians, no início dos anos 2000, o futebol do atacante entrou em declínio. A ponto de se aposentar e, aos poucos, cair no esquecimento. Mas o que nunca saiu da cabeça das pessoas foi a "Lei de Gil". E nem mesmo após o retorno aos gramados ela foi deixada de lado. Algo que Gil leva numa boa e conta com bom humor.

– Todo mundo pega no meu pé por causa da frase (risos). Eu levo na esportiva. Mas é como você estar com a máquina aqui, ver o cara fazendo a m... e filmar bem na hora que o cara está fazendo a m... O repórter estava bem na hora da m..., com o aparelho que precisava, registrando aquela presepada (risos). Eu já estava p... com dois torcedores puxando meu meião que não saía, me arrastavam no chão, era uma palhaçada toda. Eu falei, ele jogou na internet – diz Gil, rindo da própria história.

– Agora paciência, tenho de levar para o resto da vida todo mundo falando "vale tudo, vale tudo". Eu escuto isso a todo momento, em qualquer lugar que vou. Ainda bem que nem tanta gente sabe disso, só uns dois milhões de pessoas (risos) – emenda, gargalhando.

A "Lei de Gil" ficou tão famosa que, em poucos dias de Juventus, rendeu um apelido entre os torcedores: o Legislador. E o atacante "abençoou" a brincadeira.

– Estou aqui para fazer a festa da torcida. Eles que mandam, somos funcionários para fazer a festa para eles. Para eles vale tudo (risos) – brinca.

Gil passou mais de quatro anos afastado do futebol. Tentou voltar no ano passado, no ABC, de Natal, mas sem sucesso. Segundo ele, aproveitou a família e os amigos no período. A decisão de parar ocorreu por conta da falta de oportunidade em um bom clube após sair do Flamengo, em 2010. E a de voltar por conta da saudade dos campos.

– Eu não sentia falta e não tinha vontade de jogar. Sempre fui cobrado para voltar, pela minha qualidade e por ser novo, mas eu não sentia vontade e nem prazer. Pensei que quando surgisse a vontade, eu voltaria. Quando você sai sem vontade de jogar, é melhor nem ir. E sempre saí de casa com muita vontade. Precisa ter vontade para correr atrás da bola, ela é um prato de comida. Quando você perde esse prazer, tem de entender que é hora de dar um tempo. E hoje tenho esse prazer de voltar, correr, ajudar os companheiros... – diz Gil.

– É como um namoro que acaba, mas pode voltar. Mas enquanto não superou, não é hora de voltar. No Juventus tudo favoreceu para isso – explica.


Inspirador da "Lei de Gil", atacante se diverte com o apelido que ganhou na Mooca: "Legislador" (Foto: Fabrício Crepaldi)

O grande momento de Gil foi no Corinthians, onde conquistou, entre outros títulos, o Paulistão de 2001, e o Rio-São Paulo e a Copa do Brasil do ano seguinte. Uma fase tão boa que o levou à seleção brasileira. Porém, para muitos, o jogador nunca deslanchou de fato.

– As pessoas perguntam se eu poderia ter ido mais longe... Mas as minhas referências quando pequeno eram outras, ninguém pensava em Real Madrid, Europa... Eu queria ser jogador, se possível jogar no time do coração, e a minha referência eu consegui. Sempre sonhei jogar, ser campeão por um grande clube, ajudar minha família com o dinheiro e tudo isso eu consegui – diz Gil.

– Não tenho nenhuma frustração porque atingi todas as minhas referências e objetivos. Na minha cabeça, consegui tudo o que eu buscava no futebol – completa.

O retorno tem sido satisfatório para o atacante. Já são 11 jogos seguidos pelo Juventus e um gol marcado. Nenhuma lesão, o que, na visão dele, é o mais importante. A velocidade e o físico não são os mesmos de antes. Mas a habilidade com a perna esquerda segue em alta. Está valendo a pena.
Gil também falou sobre alguns momentos da carreira e da aposentadoria, relembrou a comparação com Kaká feita pelo dirigente corintiano Antonio Roque Citadini, comentou sobre o que viveu no futebol e disse quais são seus objetivos na carreira, entre outras coisas.

Confira abaixo a entrevista completa com o atacante:

Gil, em clássico pelo Cruzeiro contra o Atlético
(Foto: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)


Por que voltar a jogar no Juventus?
Eu tive o convite, senti os profissionais daqui, a equipe e vi que aqui tinha condições. É perto de casa, é em São Paulo, que sou mais valorizado por eu ter jogado no Corinthians. Se fosse em outro estado, não seria assim, independentemente do nome. No futebol isso não vale de nada. Tem o respeito, mas na sequência isso não vale no Brasil. Por tudo isso eu decidi ficar por aqui. Melhor ficar por aqui do que rodar por lugares que você não tem o respeito de quase ninguém.

O que você fez no período afastado do futebol?
Eu curti minha vida, minha família, eu vivi... Sempre morei aqui e sempre fui sozinho, nunca levei a família comigo. Fui sozinho para Japão, Espanha... Sozinho é mais difícil. Isso é uma opção de cada um. Eu escolhi assim, mas se as coisas não dão certo não tem esse respaldo da família. Por isso tem de estar bem dentro de campo, porque esse é o nosso respaldo, nossa alegria, de estar bem em campo para superar tudo isso. Eu abdico da minha família e dos amigos para ser feliz jogando bola. E quando não estou feliz eu opto por voltar. Fui até onde eu suportei, e jogador tem de ter muita cabeça, porque sempre tem muita gente em volta, mas está sempre muito solitário. Tem de pesar o que vale e o que não vale.

Você diz que chegou até onde sempre sonhou. Por que não foi mais longe?
Para ir mais longe você precisa de terceiros. No Real Madrid você não chega sozinho, precisa de ajuda de alguém. Até o Corinthians você pode ser visto, mas um Real Madrid, Barcelona, você não depende só de si. E até onde dependia de mim, eu cheguei bem e consegui fazer. Nunca tive esse tipo de auxílio como alguns atletas têm. Posso não ter estado bem em alguns momentos, mas no meu ápice eu saí do Corinthians e fui para o Japão. Não tinha alguém que me levasse para outro lugar. Então eu digo com tranquilidade que onde eu podia chegar pelo meu talento, eu cheguei. Mas a sequência daí, depende de outras pessoas e do auxílio de alguém. E isso não me fez falta.


Gil, em ação pelo Juventus na Série A-3 do Paulistão (Foto: Alê Vianna/ C.A. Juventus)


Futebol tem de ter empresário, estar bem, mas futebol não é só nas quatro linhas. Era tudo mais complicado. Hoje é muito mais fácil o jogador se transferir. Quando o jogador quer jogar em um clube, ele escolhe e joga. O jogador de talento e qualidade, joga onde quer. Na minha época seria assim, mas era diferente, não tinha escolha. Faz parte do futebol.


Gil, em treinamento no Corinthians, em 2004
(Foto: Arquivo / Diário de São Paulo)


A frase do Citadini dizendo que você era melhor que o Kaká atrapalhou?
Não, em momento algum. As coisas que as pessoas falam fora de campo tem peso, o dirigente tem de tomar cuidado ao citar ou comparar, porque cada um tem sua maneira de jogar. Tem de saber o que falar. Mas era o pensamento dele e eu respeito. E fico feliz porque ele me elogiou. É um mérito ser comparado a um melhor jogador do mundo. Independentemente de não ter jogado como ele, ser comparado a um grande jogador mostra que você é grande jogador também. Mas a história diz que ele não estava certo, o Kaká é muito acima da média.

Você foi criticado pela torcida do Corinthians por conta de baladas. Você acha que exagerou nisso?
Em algum momento você exagera, mas as pessoas também exageram nos comentários. Eu sempre saí e nunca neguei isso. Tem jogador que nunca saiu e nunca fez nada, como tem melhor do mundo que sempre saiu. Não dá para ter referência. Vai da escolha de cada um. Tem quem bebe, quem não bebe. Isso pesa no momento ruim, porque é a hora que acham um culpado. Até 2003 no Corinthians, estava tudo bem. A partir daí o time foi mal, começaram a dizer que é culpa de balada. Mas tem de ter personalidade de ser homem de assumir e dizer que fez, faz e não é isso que atrapalha. Mas isso não me atrapalha, desde que eu saiba o momento certo, e isso eu sempre soube. Sempre tomei minhas decisões pelo que penso, porque no fim eu fiquei quatro anos parado, e aí ninguém me ligou e todo mundo sumiu

Há muito interesse no futebol?
Acho que é 100% interesse de tudo e de todos. A partir do momento que você toca na bola e aparece na televisão, tudo se transforma. Moro com minha mãe até hoje. Nunca deixei de ser o Gil e ninguém fará mudar minha cabeça. Sempre tive essa conduta, essa personalidade, pensando no que é real e no que não é. Temos de viver nas duas maneiras. Não sou covarde de me fechar e viver no mundinho da minha casa, da minha família. E eu vivo o mundo real, que é quando você está bem que todo mundo vai te adorar, vai bater nas suas costas e ser seu amigo. Eu levo numa boa porque isso é normal. Isso é a falha das pessoas e entendo. Mas sei o que é verdade e o que é mentira. Eu preservei a minha verdade até hoje e as mentiras a gente supera.


Gil: apagado no Fla (Márcia Feitosa/ Vipcomm)

Pelo que diz, então você perdeu muitos que antes diziam ser seus amigos nesse período afastado... Você não perde o que não tem. E não perdi porque nunca tive. Nunca busquei isso e sempre respeitei todo mundo. Mas amigo de verdade temos quando somos moleques. Meus amigos de verdade são os do interior, aí você consegue fazer uns dois ou três no futebol, porque é muito difícil. Você perde a identidade. Você não é mais o Gilberto, é o Gil. Eu não deixei de ser o Gilberto, mas para as pessoas eu sou o Gil. Você não pode perder sua identidade, mas eu também tenho de saber que sou o Gil do Corinthians, o que voltou a jogar no Juventus... Todo mundo pergunta como é o Gil, não o Gilberto. O Gil não muda muito do Gilberto, mas o Gil é um personagem. Tem o lado bom e o lado ruim. Eu aproveito a parte boa, porque se for só carregar a parte ruim, estou ferrado. Felizmente só dependi da minha mãe até hoje e aprendi com o que a vida me mostrou de ruim.

Acha que ainda pode voltar a um grande clube?
Minha ambição é voltar a jogar bem, fazer gols e ajudar. Para ir para time grande precisa de auxílio, ainda mais na minha idade, O que depende de mim, que é meu talento e dedicação, vou ajudar o Juventus a chegar. E o que não depende de mim eu não crio expectativa. E sei que tenho totais condições de ajudar o Juventus a subir para a Série A-2.

Sua situação, de tentar retomar a carreira, se confunde com a do Juventus, que hoje busca sair da
Série A-3?

É difícil comparar com um clube. Se você cair e rapidamente não voltar, vai seguir caindo. Tem de se recuperar logo. O Juventus caiu e tinha de ter voltado no ano seguinte. É como o Gil, que, quando foi para o banco, tinha de voltar. Passaram três anos, eu não voltei, parei de jogar. Às vezes não tem a força para voltar. E o Juventus pode ter essa força. E eu vou sempre tentar ajudar. Se não é para ajudar, é melhor parar, mas muitos não pensam assim. Eu não dependia mais disso, eu decidi não ficar mais parando no meio do caminho. Eu poderia estar "roubando" o clube, mas isso não cabe no meu dicionário. Nunca precisei "roubar". Eu poderia estar, mas isso não me cabe. Só que muitos pensam assim. Cada um tem sua conduta.


Gil tenta se reerguer na carreira, agora no Juventus (Foto: Alê Vianna/ C.A. Juventus)

2355 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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