OFF - Hernane Brocador supera drama e lembra de fase 'digna de Seleção'

3/4/2015 07:51

OFF - Hernane Brocador supera drama e lembra de fase 'digna de Seleção'

À espera de propostas para voltar a jogar, atacante curte (forçado) momento único com família, explica problemas na Arábia Saudita e 'cobra' Felipão por falta de espaço antes da Copa

OFF - Hernane Brocador supera drama e lembra de fase digna de Seleção
Hernane Brocador pulou com roupa e tudo na piscina (Foto: Reginaldo Castro)

104 dias sem jogar. E contando. Hernane Brocador não vê a hora de voltar a fazer o que mais gosta: sorrir e balançar redes. Como bom baiano que é, o atacante natural da pequena Bom Jesus da Lapa tem curtido o carinho da família e a tranquilidade da nova casa em um condomínio fechado na Zona Sul de São Paulo. Mas não há sossego que tire a ansiedade dele de retornar aos gramados.

Depois de sofrer, chorar e até se sentir “preso” por causa do imbróglio com o Al Nassr, da Arábia Saudita, o ex-jogador do Flamengo, enfim livre para decidir o futuro, está à espera de um novo clube para ser novamente artilheiro. Até porque, segundo o próprio, “se Hernane fale, Hernane cumpre”.

Vestindo uma camisa do Miami Heat, um dos principais times de basquete da NBA, o atacante recebeu a reportagem do LANCE! para um bate-papo e deixou a timidez de lado. Relembrou os dias dramáticos fora do país, afirmou que merecia ser testado na Seleção Brasileira em 2013 – quando viveu a melhor fase da carreira no Flamengo, onde se considera ídolo –, mostrou decepção com Mano Menezes, não fechou as portas para outros clubes do Rio de Janeiro e até pulou na piscina com roupa e tudo.

Como tem sido a sua rotina sem jogos? Está treinando?
Tenho treinado forte em dois períodos, para agilizar o lado físico. Faço trabalho de força, aeróbico... Estou muito bem, fazendo um pouco de tudo. Os preparadores falam que eu tenho uma genética boa. Na Arábia Saudita eu treinava em apenas um período. Às vezes eu chegava a treinar 15 ou 20 minutos, pouca coisa. Agora, treinando sozinho, creio que a partir do momento que acertar com algum clube vou estar pronto.

Além de treinar e pensar em jogar, o que tem feito?
Esse é um momento que eu reservei mais para a minha família. Minha filha é pequena, tem nove meses. Tenho aproveitado bastante esse tempo para curtir ela, ficar em casa... Depois, quando eu começar a jogar, vai ser mais difícil.

Você está usando uma camisa do Miami Heat, time da NBA. Curte jogar e ver basquete?
Tomei gosto ficando mais velho mesmo. Eu, quando era moleque, nunca tinha visto um jogo de basquete. Estive em Miami em 2013 e aproveitei para ver de perto um jogo do Miami Heat. Pô, o LeBron fez uma jogada sensacional... De lá pra cá comecei a gostar muito.

Mas joga também?
Não... Tentar uns arremessos eu até tento, mas acertar que é o difícil.
De volta ao futebol... Por que demorou tanto para conseguir a liberação no Al Nassr?
O árabe, ou ele é muito bom, ou ele é muito ruim. Tive uma recepção surpreendente na Arábia Saudita, vi clássicos lá que eles botavam 40, 50, 60 mil torcedores no estádio. Eles atrasaram três salários e resolvi ir lá conversar. Não fui cobrar, fui só conversar amigavelmente para resolver a minha situação. Eles não gostaram e chegaram a me afastar.


Hernane Brocador virou fã do Miami Heat, time de basquete da NBA (Foto: Reginaldo Castro)

Atrasaram apenas o seu salário?
De todos. Mas logo acertaram a pendência com um saudita e com outro estrangeiro. Não houve acerto comigo. O presidente achou ruim só porque eu procurei ele para saber como ficaria a minha situação. Já ia completar o quarto mês de atraso, mas eles não falavam nada. Chegou um momento que ficou difícil, procurei meu agente, procurei meu advogado... O único jeito foi sair por meio da Fifa. Ficou um clima chato, me afastaram e ali mudou tudo. Tentei conversar amigavelmente, mas não deu.

O problema foi pessoal, então?
Eles são assim com todos. Pode chegar lá o melhor do jogador do mundo que eles vão fazer o mesmo. Se eles acharem que não tem que pagar, eles não vão pagar. Eles usam muito a palavra “tomorrow” (amanhã, em inglês). Tudo era “tomorrow, tomorrow, tomorrow...”, mas nunca chegava o “tomorrow”. Estava longe da minha família, não estava comendo bem, sem receber, treinamento pouco... Complicado, né? Tentei conversar, mas não quiserem. Tive de acionar a Fifa, não teve jeito. Não deu certo lá, segue o jogo, pode ter certeza que vai dar certo em outro lugar.

Chegou a ser ameaçado ou achou que ficaria preso lá?
Pensei. Porque eles pegaram meu passaporte falando que iriam me dar uma carta para me liberar. A verdade é que eles tentaram fazer de um jeito que não era o correto. Pediram para fazer uma carta em que eu pedisse férias de 30 dias, tudo isso no meio da temporada. Como é que vou pedir férias no meio da temporada? Seguraram meu passaporte e pediram para eu mandar um e-mail. Mandei o e-mail, mas não entregaram o passaporte. Aí eles me falaram: “Hernane, não chegou o e-mail, manda outro”. Eu respondi: “Eu já mandei o e-mail, mas vou mandar outro”. Mandei outro e-mail, eles falaram que já estavam resolvendo a situação e que precisavam de outro e-mail. Cansei e avisei que não iria mandar mais e-mails.

Parou para se perguntar: o que estou fazendo aqui?
A grande frustração era não ter nada para fazer. Treino, casa, casa, treino. E eu estava sozinho. Na folga, eu tentava dar uma volta no shopping, mas aí você não podia entrar. Muitos shoppings lá só permitem casais. Chegava de bermuda, também não podia entrar. Complicado...

Chegou a chorar?
Olha, aconteceu uma vez... Fiz um grande ano em 2013, estava entre os maiores atacantes do Brasil, no topo, meus números estavam acima dos outros, e, em 2014, tive duas lesões no primeiro semestre. Aí, quando voltei a jogar, apareceu a opção para sair. Assim que cheguei lá, com dois ou três meses, pensei: estou na Arábia Saudita, tive um ano maravilhoso em 2013... Foi uma vez, no máximo duas (choro). Não bateu arrependimento, mas bateu saudade da família.

O apelido “Brocador” chegou a pegar na Arábia Saudita?
Eles tentavam (risos). Os próprios jogadores brincavam: “Bóca, bóca...”. Eles não sabiam pronunciar, mas faziam o gestão com a mão (da britadeira). O torcedor curtia também.

Acha que no Brasil ainda te olham com desconfiança?
Cada um tem uma cabeça... Uns me olham como o Hernane antes do Flamengo, outros me olham como o Hernane do Flamengo. Estou tranquilo, sei do meu potencial. Se eu chegar 100% em um novo clube, vou dar a volta por cima e provar que sou o Hernane do Flamengo.


Com oito gols, Hernane foi o artilheiro da Copa do Brasil de 2013 (Foto: AFP)

Você está no mesmo nível dos grandes atacantes no Brasil?
Sem dúvida. Quero voltar a jogar e estar no mesmo nível ou até cima de Fred, Guerrero, como aconteceu 2013. Meus números de 2013 foram melhores do que os do Fred, do Jô, do Guerrero... Jogo em alto nível.

Contestavam muito o Jô antes da Copa do Mundo de 2014. Você achou que poderia ter chance?
Olha, Copa eu não sei. Mas ouvi algumas conversas em off que diziam que eu poderia ser convocado para algum amistoso. Ouvi até de companheiros do Flamengo: “Se prepara, acho que você vai ser chamado”. Esperava essa convocação (amistoso). Amistosos são feitos para testes, não? Já seria alguma coisa... Eu poderia e deveria ter sido testado na Seleção Brasileira em 2013. Se futebol é momento, eu estava vivendo um momento muito bom, acima dos outros jogadores que tem nome e foram convocados. Eu deveria ter tido pelo menos uma convocação.

Perguntaram de você para o Felipão antes da Copa, e ele declarou que não te conhecia...
Não vi, mas algumas pessoas me falaram. Se esse era mesmo o pensamento dele, não acredito. Ele me viu muito em 2013 (risos). O que eu mais fiz em 2013 foi gols. Acho que ele não quis falar sobre esse assunto, quis desconversar. Mas ele sabia quem era o Hernane, com certeza.

Se considera ídolo do Flamengo?
Sim.

Por quê?
Para ser ídolo você precisa ganhar títulos. Ganhei o título mais importante do Flamengo em 2013, que foi a Copa do Brasil, onde fui artilheiro. O próprio torcedor desconfiou de mim: “Hernane? Do Mogi?”. Mas eu cheguei falando que queria ser artilheiro. E fui artilheiro do Brasil na temporada.


Sim. Se o Hernane fale, o Hernane cumpre. Faço o meu melhor sempre.

Jogaria em outro clube do Rio?
Toparia. Romário jogou em mais de um clube lá, o Edmundo fez o mesmo... Sou profissional, tenho de encarar isso como trabalho. Mas sempre respeitaria muito o Flamengo.

1472 visitas - Fonte: Lancenet!


VEJA TAMBÉM
- EMPATE HERÓICO! Flamengo sai perdendo, mas De la Cruz dá passe de cinema para Bruno Henrique arrancar empate fora de casa
- TITULARES DEFINIDOS! Time do Flamengo escalado para enfrentar o Bragantino no Brasileirão!
- Flamengo altera formação e aposta em Léo Ortiz contra Bragantino no Brasileirão.




Instale o app do Flamengo para Android, receba notícias e converse com outros flamenguistas no Fórum!

Mais notícias do Flamengo

Notícias de contratações do Flamengo
Notícias mais lidas

Comentários do Facebook -




Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui ou Conecte com Facebook.

Últimas notícias do Mengão

publicidade
publicidade
publicidade
publicidade

Libertadores

Qua - 21:30 - -
X
Flamengo
Palestino

Carioca

Dom - 17:00 -
1 X 0
Flamengo
Nova Iguaçu