Enfim chegamos à fase final do Campeonato Carioca 2015. Um produto que já encantou o Brasil, hoje sofre as mazelas da má gestão e falta de profissionalismo de clubes e federação.

O produto é bom, mas a embalagem é antiga e não encanta mais o público. Acredito que nem a fase final mudará esta visão. A média de público do campeonato todo, ao final, não chegará às 5 mil pessoas, embora alguns dos jogos desta fase final, darão a falsa impressão de sucesso, porque algumas partidas poderão trazer um bom público e eventuais patrocinadores de ocasião.

Para mudar esta situação, clubes, federações e CBF deveriam começar a repensar o calendário. Em 2002, fui convidado e tive a honra de apresentar o sistema de pontos corridos para o Campeonato Brasileiro e um novo calendário para o futebol nacional, para o grupo de trabalho que criou o Estatuto do Torcedor, que contava com representantes da CBF, Clube dos 13, atletas, árbitros, Sindicato dos Atletas, TV Globo, COB, Ministério dos Esportes, entre outros.

Ambos foram aprovados por unanimidade, mas somente o sistema de pontos corridos foi colocado em prática a partir de 2003, aumentando, em pelo menos 20%, a média de público do campeonato, além de permitir melhor planejamento técnico-econômico aos clubes. Já o novo calendário, repito, aprovado por unanimidade, não foi colocado em pratica pela CBF.

A solução apresentada é simples. O ano tem 52 semanas. Tirando 4 semanas para férias (1 mês) e 2 para pré temporada, sobram 46. Destas reserva-se 38 (fins de semana) para o Campeonato Brasileiro. Em paralelo, programa-se 38 meios de semana para os torneios mata-mata como Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana. Sobram 8 semanas (16 datas se contarmos meios e fins de semana) para realização dos estaduais. Este calendário resolveria as questões levantadas pelo Bom Senso que questiona a quantidade de jogos impostas aos jogadores e às novas arenas que estão sofrendo enormes prejuízos.

A Arena do Grêmio onde trabalhei no segundo semestre de 2013, apresenta prejuízos anuais na ordem de R$ 40 milhões. Causa principal - calendário do futebol brasileiro - em 2013, nove de 19 jogos do Brasileiro foram jogados nos meios de semana, com arrecadação quase 50% inferior aos fins de semana.

Estas 8 semanas, serviriam como uma preparação para o Brasileiro, com um campeonato mais curto, menos clubes, menos jogos atraentes e com possibilidades de bons jogos, podendo usar fins e alguns meios de semana pela pouca distância entre as cidades. Também é fator crítico de sucesso, termos estádios confortáveis, seguros, com boa atmosfera e facilidade de acesso.

Com estas medidas, daremos o salto inicial para resgatar o charme do campeonato e torná-lo um bom produto como foi no passado.