Neste final de semana, começa a principal competição de clubes de futebol das Américas: o Campeonato Brasileiro. O certame vai para sua décima terceira temporada seguida disputado em turno e returno e pontos corridos, e para a décima primeira temporada seguida disputado com 20 clubes.

A estabilidade do número de clubes e do formato de disputa vem rendendo dividendos para os clubes participantes. O principal deles é a possibilidade desses clubes obterem, via Campeonato Brasileiro, ocupação garantida até o final da temporada.

No entanto, deve-se admitir que alguns ajustes fariam bem ao certame, lhe conferindo mais credibilidade e racionalidade que atualmente. São elas:

- As 38 rodadas poderiam ser jogadas em 38 fins de semanas. Com isso, a atratividade dos jogos, aos olhos do torcedor, seria maior.

- Poder-se-ia pensar em um método de disputa da Copa Libertadores da América em que se classificassem para esta os cinco melhores clubes do Campeonato Brasileiro, ao invés dos quatro – o G4 seria substituído pelo G5. Com isso, mais clubes poderiam aspirar vagas na Libertadores até o fim do certame, aumentando o interesse por este.

- Da mesma forma, o rebaixamento para a segunda divisão poderia contemplar cinco clubes, ao invés de quatro. Isso propiciaria mais disputa entre os clubes ameaçados, melhorando a competitividade dos jogos, além de criar estímulos aos clubes da segunda divisão para estarem no G5 desta.

- Na confecção da tabela do certame, poderiam ser criados “pares em situações opostas”, em que, quando um dos clubes é anfitrião, o outro é visitante, e vice versa, envolvendo as grandes rivalidades regionais (exemplos de pares: Corínthians e Palmeiras; São Paulo e Santos; Avaí e Figueirense; Joinville e Chapecoense; Flamengo e Vasco da Gama; Atlético Mineiro e Cruzeiro; Internacional e Grêmio; Atlético Paranaense e Coritiba; Fluminense e Ponte Preta; Goiás e Sport). Isso garantiria que, a cada rodada, não haveria nem falta, nem excesso, de jogos por praça.

- Também na confecção da tabela da competição, os clubes fariam, por turno, uma sequência máxima de dois jogos sem o mando de campo e uma sequência máxima de dois jogos com o mando de campo, evitando que os clubes ficassem afastados de sua torcida por muito tempo, ou que ficassem junto dela por períodos prolongados. Ainda nesse sentido, metade dos clubes realizaria dez partidas com mando de campo e nove partidas sem o mando de campo no turno (para se inverter no returno) e metade dos clubes realizaria nove partidas com o mando de campo e dez partidas sem o mando de campo no turno (para se inverter no returno). Por questões ligadas ao equilíbrio técnico da competição, os clubes jogariam, sempre, nas praças de onde são oriundos.

- A tabela da competição funcionaria como um “espelho invertido” das rodadas. Ou seja: os jogos da primeira rodada seriam os mesmos da trigésima oitava rodada, os da segunda rodada seriam os mesmos da trigésima sétima rodada, os da terceira rodada seriam os mesmos da trigésima sexta rodada, e assim por diante. Isso propiciaria que jogos marcantes de final de turno fossem repetidos, com inversão do mando de campo, no início do returno, gerando atratividade. E, assim, clássicos estaduais poderiam ser jogados na primeira e na última rodada do certame, gerando estímulos no primeiro caso e combatendo-se situações embaraçosas do ponto de vista ético no segundo.

Como se vê, é longa a lista dos ajustes a serem procedidos no Brasileirão. Vale a pena implantá-los, para outras edições, o que pode melhorar seu nível técnico, seu interesse comercial e sua atratividade de público. Eis uma reflexão para nossos cartolas.

Luis Filipe Chateaubriand é Consultor de Conteúdo do Bom Senso Futebol Clube e autor da obra “Um Calendário de Bom Senso para o Futebol Brasileiro”. As opiniões aqui arroladas constituem o pensamento do autor, não necessariamente as do Bom Senso Futebol Clube. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.