Os bastidores do futebol brasileiro prometem ser agitados nos próximos anos. A criação da Primeira Liga, nome dado a união dos clubes do eixo Sul-Minas-Rio preocupa a Globo, atual detentora dos direitos de transmissão. O medo da emissora é que, partindo de uma perspectiva mais coletiva, os clubes elevem a pedida para fechar o novo acordo ou acertem com outra empresa. Atualmente, muito se discute uma possível 'espanholização' do futebol brasileiro, em que Flamengo e Corinthians - assim como Real Madrid e Barcelona, na Espanha - dominariam o esporte no país a partir de uma soberania financeira. Nos moldes de hoje, os dois clubes recebem muito mais da TV que outros times da Série A.

- É um modelo falacioso. Mas o problema não é esse. O problema é a falta de interesse comercial. É simples: quando a proposta é boa, a gente faz negócio; quando não é, a gente não faz. Tivemos a reunião, sim, mas o formato que nos foi apresentado não nos interessou. Os valores não foram interessantes e atrativos - afirmou Modesto Roma, mandatário do Santos.

A Globo tem plena consciência do perigo que a formação da Primeira Liga representa e foi para o ataque. Sentou a mesa para tentar convencer os clubes a fechar um novo contrato até 2020. Executivo de Esportes da emissora, Marcelo Campos Pinto, refuta a tese da espanholização. Pinto apresentou dados que mostrariam a diferença entre o modelo brasileiro e o espanhol, mas os números ainda não foram suficientes para convencer os mandatários.

- Tivemos uma conversa preliminar, mas não ficamos satisfeitos com o que ouvimos. A proposta para prorrogar o acordo não vem acompanhada por luvas como a de 2012 - argumenta Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro.

- Na verdade, não são luvas. É um dinheiro que teríamos direito a antecipar. Teve a oferta, mas não negociamos. Não temos prazo ou mesmo pressão para isso - analisa o mandatário do Atlético, Daniel Nepomuceno.

Na assinatura do contrato anterior, houve pagamento de cerca de R$ 30 milhões em luvas. Este vínculo começa a valer em 2016 e se encerra em 2018. Logo, a tentativa da Globo em adiantar as negociações de renovação vem sido encarada com desconfiança pela maioria dos clubes.

- Nós recebemos a proposta e estamos avaliando. Enquanto estivermos conversando, prefiro não entrar em maiores detalhes - afirma Romildo Bolzan, presidente do Grêmio.