Das vaias ao choro da filha, Pará se abre: "Foi meu jogo mais pesado"

13/11/2015 13:23

Das vaias ao choro da filha, Pará se abre: "Foi meu jogo mais pesado"

Aos 29 anos e até com final de Libertadores no currículo, paraense de São João do Araguaia crê que duelo com o Goiás foi o mais difícil de sua vida psicologicamente

Das vaias ao choro da filha, Pará se abre: Foi meu jogo mais pesado
Pará conversou com o GloboEsporte.com em seu condomínio, na Zona Oeste do Rio (Foto: Fred Gomes/GloboEsporte.com)

Aos 29 anos, o experiente lateral-direito Pará, com passagens por Santos e Grêmio, conquistou três títulos importantes vestindo a camisa do Peixe: Paulista, Copa do Brasil e Libertadores. Nenhuma das três finais, todavia, mexeram tanto psicologicamente com a cabeça do atleta quanto o jogo do último domingo, contra o Goiás. Para muitos tratava-se de mais uma partida de um Flamengo que cumpria tabela no Campeonato Brasileiro. Já em relação a ele e Alan Patrick, titulares, significava o primeiro compromisso oficial após serem punidos com afastamento de sete dias, motivado por participação em festa depois de treino no Ninho do Urubu, em 27 de outubro - Everton, Marcelo Cirino e Paulinho também tiveram que treinar à parte.

Pará sofreu desde o anúncio da escalação rubro-negra até o momento em que abriu a porta de casa. No Maracanã, foi xingado antes, durante e depois dos 4 a 1 sobre o Esmeraldino.

- Foi o jogo mais pesado da minha carreira. Não esperava aquela reação da torcida. Claro que entendo, estavam no direito de cobrar e vínhamos de uma sequência de muitas derrotas. Compreendo o lado emocional da torcida. Foi muito difícil, mas sou um jogador experiente, rodado aqui no Brasil. Procurei pedir força a Deus, que eu sabia que ia me sair bem e foi o que aconteceu. Tenho certeza que ainda vou dar muitas alegrias para o nosso torcedor.

A tensão se estendeu ao momento que seria de alegria e de relaxamento, principalmente após goleada por 4 a 1 com direito a boa atuação individual. No primeiro contato com a esposa Pâmela, e as filhas Raíssa, de 6 anos, e Gabriela, de 10, escutou da companheira que a menor foi às lágrimas diante dos protestos dos rubro-negros contra o pai.

- Quando cheguei do jogo com o Goiás, minha esposa falou que minha filha mais nova chorou com os torcedores pegando no meu pé e me vaiando. Aí minha filha perguntou porque eles estavam me vaiando, e minha esposa não queria tocar no assunto. Quando cheguei foi um baque escutar isso, mas agora estou dando volta por cima.

Embora Pará e os outros integrantes do quinteto tratem a punição como "caso encerrado", ele dá o braço a torcer e garante ter tirado um aprendizado com o que viveu nos últimos dias.

- Lição que tiro é de que preciso saber fazer as coisas no momento certo, não estar se expondo, porque tenho família e um nome a zelar.

Titular com os três técnicos que dirigiram o Flamengo em 2015 - Vanderlei Luxemburgo, Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira - e terceiro rubro-negro que mais atuou na temporada, Pará está animado com a permanência na Gávea e assegura: será campeão já no próximo ano.

- Vou ser campeão, esse é um dos meus objetivos e vai ser muito importante. Espero ser campeão de tudo, tanto da Guanabara quanto do Carioca. Depois da Copa do Brasil e Brasileiro, porque o Flamengo montou time para ser campeão, e espero que no fim do ano que a gente possa estar conquistando esses quatro títulos.


Pará sofreu nesses últimos dias (Fotos: Fred Gomes)

Confira outros pontos do bate-papo com o camisa 21 do Flamengo:

O que aconteceu naquele 27 de outubro, Pará?

Já demos esse assunto como encerrado, mas fomos a um aniversário de um amigo que temos em comum. Ficamos lá durante umas três ou quatro horas no máximo e voltamos cada um para sua casa para descansar com sua família. Não esperava que iria dar essa repercussão toda, porque estávamos no nosso momento de folga. Infelizmente aconteceu e tomou essa proporção muito grande, mas não fizemos isso por maldade. Fomos apenas dar um abraço num amigo, mas já demos isso como caso encerrado e agora é bola pra frente.

Qual foi a reação da família com a enorme exposição?
A família ficou bastante chateada, mas são coisas que acontecem. A gente não fez nada de anormal, estávamos num momento propício para fazer, de folga, mas não talvez não fosse adequado. Estávamos na nossa folga, só ia ter treino no dia seguinte. Ali foi um momento muito difícil que a gente passou. Tenho que falar que minha esposa foi um dos pilares para eu dar essa reerguida. Me deu muita força. Me apeguei muito à minha família, que é espetacular. Principalmente minhas filhas e minha esposa me deram muita força.

Sua filha não chegou a estranhar quando te não te viu treinando ou jogando?
A mais nova chegou a perguntar: "pai, você não vai concentrar hoje?". Ali não soube nem o que responder. Foi um momento de muita tristeza, esperava que isso não fosse nunca acontecer comigo. Contra o Grêmio, ela perguntou: "pai, não era para você estar jogando?".

O que seu pai lhe disse?
A reação do meu pai foi de dar puxão de orelha. O pai quer sempre ver o bem do filho, me chamou atenção mesmo, me pediu para não voltar a fazer isso, até porque estou jogando num clube de muita expressão e que isso poderia me prejudicar como prejudicou.

Se apegou no que para superar as vaias contra o Goiás e atuar bem?
Fiquei muito chateado com o que aconteceu comigo, porque nunca tinha tido passado por experiência de ficar afastado. É uma situação muito complicada, que eu não desejo a nenhum atleta, mas eu acredito muito em Deus e em Nossa Senhora Aparecida. Sempre quando chegava em casa pedia muito para dar a volta por cima. Sei do meu potencial e sei que posso ajudar o Flamengo.

A cobrança da torcida sobre você é injusta?
Sei das minhas qualidades e dos meus defeitos. A torcida pegou no meu pé e pedi à Nossa Senhora e principalmente a Deus. Fizemos uma excelente partida e conseguimos marcar quatro gols, o que não tínhamos feito ainda no campeonato. Foi um momento de alegria, em que consegui dar uma resposta positiva. Jamais vou esquecer desse episódio. Espero que isso fique só naquele jogo, porque tenho certeza que vou me dedicar ao máximo para dar a volta por cima e alegrar essa torcida.

Como você define sua passagem, que até agora é pautada por 54 jogos e dois gols?
Defino como passagem positiva. Apesar de não termos conquistado nenhum título esse ano, batemos na trave na Taça Guanabara e posteriormente fomos eliminados no Carioca. Sou o terceiro atleta que mais jogou nesse ano. Acredito que tenho muito a ajudar a instituição e companheiros. Quero continuar por muito tempo aqui no Flamengo e, se Deus quiser, conquistar títulos importantes. Vim para fazer história no Flamengo.

A torcida do Flamengo é diferente das demais? E o atleta que já encarou a cobrança dessa massa está pronto para jogar em qualquer lugar?
A torcida do Flamengo cobra mesmo, ela quer resultados e desempenho. O clube é grande e tem que brigar por títulos mesmo. Nós sabemos e procuramos dar o melhor de cada um para que possamos sair abraçados com a torcida. Todos atletas que passaram pelo Flamengo e que hoje estão vestindo essa camisa podem jogar em qualquer time do Brasil e até fora do país.

Todos os técnicos que trabalham contigo no Flamengo o escalaram como titular. Isso é um ponto a seu favor?
São três grandes treinadores que passaram e todos eles confiaram no meu trabalho. Professor Oswaldo está confiando em mim, sabe do meu potencial, e acredito que eu também estou fazendo por merecer. É dar sequência ao meu objetivo de permanecer no clube e fazer história aqui.

O que fez um time que emplacou seis vitórias seguidas cair tanto?
Brasileiro é muito difícil, um campeonato em que o último ganha do primeiro. Conseguimos uma sequência de vitórias importante e infelizmente num jogo que era para termos vencido, que foi contra o Coritiba em Brasília, deu tudo errado. Depois daquilo não conseguimos encaixar mais sequência. Temos que manter o foco e o trabalho para que as derrotas não nos abalem. A gente não conseguiu mais encaixar nem conseguia mais colocar o que o Oswaldo pedia para gente.

Libertadores ainda é possível?
A gente não jogou a toalha. Temos quatro jogos importantes, difíceis, mas vamos lutar até o fim. Tenho certeza que, com o G-4 virando G-5, temos grandes chances de disputar uma pré-Libertadores.

Torcer para o Santos, time que você defendeu, então não será problema?
Sou torcedor do Flamengo desde pequeno, falei isso quando cheguei. Se for para ajudar o Flamengo, não tem porquê para não torcer pelo Santos. Mas eu penso aqui, no Flamengo e no meu trabalho.

Há quem diga que o Flamengo não é nem para G-4 nem para Z-4? Qual é o potencial desse time?
Esse elenco do Flamengo é pra brigar em cima. São jogadores que conquistaram títulos por onde passaram. Vivemos um momento diferente, estamos no meio da tabela, mas o grupo é para brigar em cima.

Depois das vaias, sonha com o Maraca lotado te aplaudindo futuramente?
Tenho certeza que aqueles que me vaiaram serão os mesmos que me aplaudirão em outra oportunidade.

Chegou a ver o sonho de defender o Flamengo ameaçado após a festa?
Isso nem passou pela minha cabeça, porque tenho muita fé em Deus e em Nossa Senhora Aparecida. Sempre me apego a isso. Sei que tenho potencial de dar a volta por cima, como vou dar e estou dando. O exemplo foi no jogo de domingo, quando fui bastante hostilizado, mas tive a cabeça voltada para o que estava fazendo e dei a resposta positiva.

2401 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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