Sávio foi ídolo do Flamengo, por onde atuou de 92 a 97 e em 2006

Quando chega a esperada hora de assinar um contrato de profissional, grande parte dos jogadores sonha em 'torrar' seu primeiro salário em um carro novinho. Mas este não foi o caso de Sávio Bortolini Pimentel.

Revelado em 1992 pelo Flamengo, ano em que passou alguns jogos no banco de reservas e teve de amargar um retorno aos juniores, o "Anjo Loiro da Gávea" tinha um automóvel, digamos, bem abaixo dos craques e companheiros Romário, Edmundo, entre outros.

"Uma história muito engraçada aconteceu comigo em 95. Eu sempre fui um cara extremamente pé no chão e tinha um carro bem básico perto da rapaziada (risos). Eu tinha um Escort Xr3, ano 90, conversível e movido a álcool, que já tinha me deixado na mão umas duas vezes. Uma vez ele quebrou no meio da rua e torcedores do Flamengo viram e me ajudaram chamando o guincho", contou, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.

Também chegou a sobrar até para Branco. O consagrado lateral-esquerdo campeão do mundo em 1994 com a seleção brasileira teve que ajudar a empurrar a "lata velha" de Sávio.

Escort XR3 era o carro de Sávio na época de Flamengo

"Na terceira, em um dia que estávamos voltando de uma partida, ele não pegava de novo. Daí, alguns jogadores já estavam cansados, como o Branco, me ajudaram a empurrar o carro para pegar. No dia seguinte, eles fizeram uma reunião na Gávea e puseram pressão uma danada para eu trocar de carro. Não teve jeito, acabei comprando um Corsa GSI zero branco (risos)", disse.

De fato, ter um carro da última geração não era o objetivo de vida do ex-camisa 10 flamenguista.

"Eu pensava no começo em comprar meu apartamento, ter um investimento mais seguro do que me preocupar com isso", comentou.

Relação com o Flamengo e parcerias

Em 1995, o Flamengo completaria 100 anos de existência e, para que a festa ficasse completa, nada melhor que contratar uma série de craques e conquistar títulos. A temporada do centenário, contudo, não ficou na memória do torcedor rubro-negro, que comemorou apenas uma Taça Guanabara, vencida sobre o rival Botafogo. A equipe perdeu a final do Campeonato Carioca para o Fluminense com o famoso gol de barriga de Renato Gaúcho.

"Acho que se criou uma expectativa muito grande pelo centenário e a vinda de Romário e Edmundo. Vários fatores foram fundamentais para não termos sucesso naquele ano. Tinha falta de comando e de união do grupo. Quando isso não existe, as coisas não dão certo em um esporte coletivo como futebol", analisou o ex-jogador, que marcou 95 gols pelo clube.

Sávio ainda elogiou o 'Baixinho' Romário, seu ex-parceiro do comando de ataque flamenguista. Juntos, eles contruíram uma média impressionante de gols e o chamado "ataque dos sonhos".

"Infelizmente, o Edmundo só ficou seis meses, mas todo o processo de ataque com o Romário em três anos foi um sucesso. Foram 103 jogos e 139 gols da dupla, uma média de 1,35 por jogo. No futebol atual é difícil ver uma média desse jeito. Ele foi um parceiro dentro de campo fora de série e decidia muitos jogos", elogiou.

"Em 96, o Romário quis apostar comigo para ver quem seria o artilheiro do Carioca. Eu disse para ele: 'sem chance, Baixinho, não tem como competir entre a gente (risos)'. Daí ele me disse: ‘te dou 15 gols de vantagem'. Achei que dava, mas, enfim, não deu (risos). Não dava para competir", completou.

Mesmo após ter encerrado a carreira, Sávio segue sendo muito bem recebido no Centro de Treinamentos do time rubro-negro carioca.

"Eu, toda vez que volto na Gávea, recebo muito carinho dos funcionários, dos diretores. Sempre tive a preocupação em tratar todos da mesma forma e muito bem", contou o ex-jogador que lançará sua biografia nesta quarta-feira.

Lançamentos do livro "Savio - Dribles Certeiros de uma Carreira de Sucesso" (Ed. Maquinária):

Rio de Janeiro (RJ)
Data: 2 de dezembro
Horário: 19 h
Local: Sede do Clube de Regatas do Flamengo (Av. Borges de Medeiros, 997 - Lagoa)