Guerra com Bandeira e série de acusações. O 'pilhado' Wallim no Fla

3/12/2015 08:21

Guerra com Bandeira e série de acusações. O 'pilhado' Wallim no Fla

Guerra com Bandeira e série de acusações. O pilhado Wallim no Fla
Tarde de quarta-feira (25) em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro. Tão logo recebeu a reportagem do UOL Esporte para a série de entrevistas com os candidatos à presidência do Flamengo, Wallim Vasconcellos ouviu do seu assessor: "Peguei uma bandeira para ajudar no cenário". Eis que o ex-vice de futebol e agora opositor rebateu imediatamente: "Não fale esse nome perto de mim. Diga manto sagrado, qualquer outra coisa, menos esse nome".

Os pontos que lembram o presidente Eduardo Bandeira de Mello refletem o clima de guerra às vésperas da eleição que definirá o mandatário rubro-negro para o triênio 2016-17-18. Entre acusações e o fim de uma longa amizade, o candidato da Chapa Verde revelou propostas e mostrou-se confiante.

Na próxima sexta-feira (4), o presidente Eduardo Bandeira de Mello, que tenta a reeleição pela Chapa Azul, encerra a série com os presidenciáveis do Flamengo.

Confira a entrevista com Wallim Vasconcellos:

UOL Esporte: Faz mal ouvir o nome Bandeira?
Wallim Vasconcellos: Do Flamengo, não (risos). Mas faz mal, sim. Ele não foi correto comigo. É uma pessoa que conheci há muito tempo. Esse Bandeira de hoje é uma pessoa estranha. Não sei quem é. Não me diz mais nada. Não acho que precisava ter essa atitude, mas nos decepcionamos com muita gente na vida. É apenas mais um. Não quero mal, mas também não desejo mais estar perto. Não pretendo conviver e nem cumprimentar. Se passar do lado, passo reto e olho para frente. Ele não teve a atitude correta. Inventou mentiras para se lançar candidato à presidência. Gente dissimulada comigo não funciona. Sou um cara verdadeiro. Falo o que penso. Pode ganhar a eleição, mas já vai começar perdendo. Só São Judas Tadeu (padroeiro do Flamengo) para nos ajudar.

UOL Esporte: Existe possibilidade de composição entre as chapas Azul e Verde após a eleição?
Wallim Vasconcellos: Não há hipótese de trabalharmos juntos. O Flamengo ficará ingovernável. Muita gente está na administração apenas para trazer votos. Vai virar uma coisa de doido aquilo ali. Os princípios e valores são bem diferentes. Não precisamos do Flamengo para meio de vida. Entramos por indignação e o associado vai escolher. Se quiser voltar ao passado, vote nas chapas Azul ou Branca. Se quiser o futuro do Flamengo, a opção é a Chapa Verde. Não vamos trabalhar com esse pessoal de jeito nenhum. Se ganharmos a eleição, daremos tudo pelo Flamengo. Se perdemos, iremos embora para casa. Vamos torcer, antes de tudo somos Flamengo.

UOL Esporte: O grupo que você faz parte já foi chamado de arrogante por torcedores e conselheiros. Muito foi dito desde a última eleição e até o termo "corja" passou a ser utilizado contra as administrações passadas. Considera que perderam a oportunidade de unir o clube?
Wallim Vasconcellos: Se você considera que arrogância é seriedade, comprometimento e trabalho, seríamos arrogantes então. Mas não é o caso. Entramos no Flamengo para resolver uma situação complexa. Não pode ter concessão. O caminho escolhido para gerir foi esse. Não adianta chegar e pedir emprego. Não tem negociação. É o que está acontecendo agora com a Chapa Azul. Isso torna o clube ingovernável. A arrogância nada mais é do que um trabalho sério e duro. O problema do passado foi a incompetência administrativa, não foi questão de ética. Esses presidentes fazem parte da história do Flamengo e deram a vida pelo clube. Mas o tempo deles passou. Não são donos do Flamengo. Conversamos com todos, mas quem toca o clube é a direção. Entendo que a maioria quer o bem do Flamengo. É um trabalho de recuperação e não dá para abrir brechas. O objetivo é fazer um Flamengo grande esportivamente e saudável administrativamente.

UOL Esporte: Você indicou que a atual gestão faz concessões...
Wallim Vasconcellos: Faz e vai fazer. Está flagrante no futebol. Os favoritos do Kleber Leite (ex-presidente) estão lá. Plínio Serpa Pinto (vice de gabinete) e Flávio Godinho (vice de planejamento) são as pessoas que tocam o futebol do Flamengo. Tem o ex-presidente Márcio Braga, que no ano passado entrou na sala do Bandeira, colocou o dedo na cara dele e exigiu o próprio Kleber fosse o vice de futebol. Como vai funcionar se a Chapa Azul ganhar?
As pessoas vão entrar na sala do presidente e dizer o que fazer? Ainda tem Patricia Amorim, Marcos Braz, Jorge Rodrigues... Quem vai mandar no Flamengo? Cada um tem uma cabeça diferente. Como gerir um clube no qual alguns não querem pagar impostos? Compra e depois vê como paga. Como será o Flamengo gerido por uma colcha de retalhos? É uma Torre de Babel. Algumas pessoas que estão na administração, como o Plínio, Wrobel e Willeman bradavam nas horas de crise: "Para de pagar imposto! Vamos contratar! O Flamengo não pode cair para a segunda divisão!". É preciso ter sangue frio nesses momentos. Vai jogar o projeto fora depois de três derrotas? Não podemos abrir mão do que conquistamos.

UOL Esporte: Os integrantes da atual Chapa Azul pretendem abrir mão da política de austeridade?
Wallim Vasconcellos: Eles não pensam dessa maneira quando está tudo bem. Mas nas horas de crise já aconteceu algumas vezes. Na época da saída do técnico Mano Menezes tivemos reuniões e exigiram contratações. Foi a mesma coisa quando estivemos na zona do rebaixamento no ano passado. Diziam que era melhor não pagar imposto do que cair. Você ter a certidão negativa de débito é algo fundamental. É assim que se traz recursos para o clube. Não tem como comprar o Robinho e ver como pagar depois? Perguntavam assim. Comprar o Conca, tudo isso. Tentaram várias vezes, e o Rodrigo Tostes (ex-vice de finanças) não autorizou. Não tem dinheiro, não adianta. Se abrir mão, inunda tudo.

UOL Esporte: O que dizer sobre o áudio que vazou em grupos de WhatsApp no qual você critica e ofende boa parte da classe dos jornalistas esportivos?
Wallim Vasconcellos: Tive vários problemas com jornalistas, mas falei aquilo em um grupo fechado e no momento de desabafo. O Bandeira estava no grupo. Eu não sabia da gravação e tudo isso foi superado. Não é o meu pensamento. Convivo normalmente com as pessoas e nos respeitamos com o passar do tempo. Mas tentar entregar uma gravação antes de um debate é algo muito complicado. Por que não fizeram isso lá atrás? É um jogo sujo. Tenho várias mensagens do Bandeira xingando jornalistas. Vou divulgar isso? Claro que não. A eleição não será vencida a qualquer custo. Temos princípios e valores. O Flamengo não é o meu meio de vida. Nosso grupo tem reputação e credibilidade. Foi uma cafajestagem do pessoal do SóFla (base da Chapa Azul) e duvido que o Bandeira não soubesse disso. Tenho a certeza de que ele sabia da gravação. Ninguém soltaria algo grave, uma gravação ilegal, sem saber. Não sou um cara dissimulado, mas o Bandeira é. Assumo os meus erros. A opinião no áudio foi exagerada e não condiz com o que penso em relação aos jornalistas esportivos.



UOL Esporte: É a hora de priorizar o futebol?
Wallim Vasconcellos: A gestão do futebol foi muito ruim e começou com a manutenção do Vanderlei Luxemburgo no ano passado. Foi um desempenho pífio. As decisões demoram muito a acontecer. Para o presidente demitir o Cristóvão foi um martírio. Precisou que ex-presidentes e conselheiros entrassem no circuito. Nada contra o treinador, mas o Flamengo já tinha dinheiro suficiente para contratar um técnico de longo prazo. É preciso planejamento, comando e liderança. Os jogadores não sabem quem manda. Nenhuma empresa funciona com oito chefes. E eles ainda deixam o Rodrigo Caetano (diretor executivo de futebol) espremido para trabalhar. O vice de futebol precisa mandar. Não funciona assim no Flamengo atual. Funcionou muito bem enquanto eu estava lá. Deixar com quem nunca liderou é complicado. São oito pessoas mandando no Caetano. Em um lugar em que todo mundo manda, ninguém manda. O Rodolfo Landim (vice-presidente na Chapa Verde) costuma dizer que o Bandeira não quer arranhar a pintura. Ele demora muito para tomar as decisões e acha que as coisas se resolvem naturalmente. O futebol precisa ser a prioridade do Flamengo.

UOL Esporte: A Liga Sul-Minas-Rio vai vingar? Qual a opinião sobre o rompimento do Flamengo com a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro)?
Wallim Vasconcellos: Temos uma série de restrições. Mas a minha intenção é a de encontrar o presidente Rubens Lopes e propor alternativas para melhorar o futebol carioca. O futebol paulista ganha muito mais da televisão pela organização. Estamos perdendo dinheiro. O que o Flamengo ganhou com isso? Nada! O presidente não manda ninguém lá e o arbitral é aprovado por unanimidade. É preciso se fazer representar. Não é possível estar desalinhado desse jeito. Romper é desfiliar, mas desfiliar não pode. Esse rompimento não existe. Outra coisa que não existe é escalar time reserva. Combinaram com a televisão? O Flamengo pode abrir mão de R$ 5 milhões de cota? Se pode, não precisa pedir empréstimo para pagar salários. O Bandeira leva o pessoal acima dos interesses do clube. Não é assim que se trabalha. É a mesma coisa na Liga. O Flamengo não pode ser liderado pelo Alexandre Kalil. A liderança tem de ser nossa. Está errado. O Flamengo é o trem pagador desse negócio e não pode aceitar qualquer determinação. Do jeito que a Liga foi informada não existe chance de jogarmos. É preciso sentar e fazer um negócio direito. Essa Liga foi feita nas coxas. Para fazer um produto ruim é melhor não fazer. Esse troço não vai para frente.

UOL Esporte: Qual o valor necessário para concluir o módulo profissional do CT Ninho do Urubu? Em quanto tempo isso pode ser feito?
Wallim Vasconcellos: São R$ 5 milhões e já temos esse dinheiro. Se ganharmos a eleição, autorizaremos as obras no dia seguinte. O dinheiro é nosso e conseguimos com esforços de todos. As obras já podem começar no dia 8 de dezembro e o módulo profissional ficará pronto em seis meses. Os jogadores poderão ficar lá em tempo integral. É uma estrutura que o Flamengo está devendo e precisa de mais R$ 25 milhões para concluir todo o centro de treinamento. Tudo será feito com base em uma mistura de fluxo de caixa, renovações de patrocínios e um projeto para BNDES e Caixa Econômica Federal. Faremos um financiamento de cinco ou dez anos para a conclusão do Ninho do Urubu. Garanto que até o final do triênio estará pronto.

UOL Esporte: Quais os planos da Chapa Verde para o estádio próprio?
Wallim Vasconcellos: Estamos na expectativa pelo Maracanã. Temos um investidor que bancará os custos e uma proposta pronta para entregar ao governador. Se o consórcio devolver, prestaremos atenção na forma como será licitado. O estádio está pronto, mas o custo de manutenção é muito alto. Precisamos enxugar isso. É a nossa prioridade. Se não der certo, o plano é partir para a construção de um estádio. Precisa ser em um lugar com transporte seguro e abundante. Seria na Barra da Tijuca ou no centro. Estou com dois terrenos e a busca continua. Espero ganhar a eleição para continuar as negociações.

UOL Esporte: A Arena McDonald's será construída em sua gestão?
Wallim Vasconcellos: Tínhamos uma indicação de que os sócios queriam a Arena. Mas vimos durante a campanha que a maioria não deseja a construção. É a melhor área do clube, tem árvores centenárias, micos, pássaros e quadras de tênis. Os sócios nos passaram isso e a alternativa que encontramos foi o Legado Olímpico. A prefeitura precisa que alguém assuma as arenas construídas após as Olimpíadas. São lugares que precisam de produtos. Nossa intenção é a de não construir a Arena McDonald's. O clube virará um lugar desagradável para quem está na piscina. Ficará mais quente e perderemos a vista do Cristo Redentor. Se puder ter a arena e atender ao associado, posso voltar atrás. Caso contrário, não será possível. Não tenho problema em mudar de rumo e atender ao Flamengo. Não sabemos se o McDonald's ainda vai fazer. Eles farão uma análise para manter ou retirar o interesse. Vão investir R$ 30 milhões assim?

UOL Esporte: Existem opiniões diferentes sobre a crise financeira do país no próximo ano. Mas o principal cenário é pessimista. Como capitalizar patrocínios, pagar salários em dia e ainda sair vitorioso em campo?
Wallim Vasconcellos: O cenário para os próximos dois anos é bem complicado. Não diria assustador, mas é preocupante. A nossa grande preocupação é com as renovações dos patrocínios. Serão pelo mesmo valor ou menor? Por isso é importante ter pessoas no grupo para abrir portas. Relacionamento é tudo, principalmente em um momento de crise. Não sei como a Chapa Azul vê um cenário pessimista e que dê resultado. Não teremos Maracanã e Engenhão. A bilheteria será muito abaixo e as empresas vão investir nas Olimpíadas. Gostaria muito que eles estivessem certos, mas não acredito mesmo. Vai complicar até para contratar jogador de fora.

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