A defesa do presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, entende que não há como ele ser atingido no Brasil pelas acusações contra ele feitas pelo Departamento de Justiça dos EUA. Alega que não existe denúncia contra o dirigente no país, nem possibilidade de o judiciário norte-americano atuar aqui.

Na quinta-feira passada, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou o indiciamento de 16 acusados, entre eles Del Nero, pelos crimes de conspiração, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. O relatório aponta que recebeu propina por contratos da CBF. Ele acabou obrigado a se licenciar da confederação.

“É preciso saber se existe qualquer acusação contra Del Nero no Brasil. Eu não tive acesso. Para podermos fazer qualquer defesa, uma antítese, temos que saber o teor da acusação. Qual a acusação contra ele no Brasil?'', questionou o advogado criminalista, José Roberto Batochio.

De fato, não há nenhum processo em curso contra o dirigente da CBF no Brasil pelos crimes apontados nos EUA. O que existe é uma colaboração entre a Procuradoria Geral da República e procuradores norte-americanos. Só que, no momento, o judiciário brasileiro barrou a troca de documentos. Além disso, há um inquérito aberto na Polícia Federal para apurar possíveis crimes no caso Fifa, mas as investigações estão paradas.

Batochio ressaltou ser inviável o judiciário norte-americano atuar no território brasileiro, ainda mais por não haver acordo de extradição entre os países. “Não vejo por que os EUA venham a ter jurisdição no Brasil. Quando um órgão americano grampeou a presidente da República (NSA), ele foi julgado aqui na Justiça brasileira?'', atacou.

O advogado é o mesmo que impetrou um pedido de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir que Del Nero não pudesse ser preso ou precisasse dizer a verdade. A liminar foi negada.

Sobre o conteúdo das acusações – Del Nero é acusado de receber propinas por contratos da CBF -, Batochio informou que apenas o dirigente poderia falar sobre o assunto. Disse que iria consultar se o cartola gostaria de se manifestar. Ainda não há informação sobre a contratação de um advogado nos EUA para defender Del Nero.