Almir avalia sua passagem pelo Flamengo
(Foto: Reprodução / TV Cabo Branco)

O Flamengo encerrou 2015 sem títulos. Pior que isso, sem engrenar em nenhum momento da temporada - apesar de ter feito um bom início de Campeonato Carioca e ter conseguido uma sequência de seis vitórias no Brasileirão. Uma das justificativas possíveis para o ano em baixa é a troca constante de técnicos: foram quatro em 12 meses.

Outro fator: a grande quantidade de jogadores que, ao longo da temporada, não conseguiram se firmar no time. Um desses atletas é o meia Almir, que chegou ao clube após o estadual, teve algumas chances entre os titulares, mas acabou sofrendo uma grave contusão no braço, que o afastou dos campos por dois meses.

No fim do ano, a diretoria optou por uma reformulação no elenco e o jogador deixou o clube. De férias em João Pessoa, o meia comentou sua passagem pelo Rubro-Negro, falou que vestir a camisa do Fla foi a realização de um sonho, mas ponderou que a pressão no clube pesa muito e ainda avaliou a campanha do time no Brasileiro como "lamentável".

Na semana passada, Almir esteve na capital paraibana para participar de um jogo beneficente organizado pelos seus conterrâneos Victor Ferraz (do Santos) e Douglas Santos (do Atlético-MG). Na ocasião, o meia disse estar estudando algumas propostas para a próxima temporada.

Após a sua saída do Flamengo, o presidente do Bangu chegou a dar como certo o seu retorno ao time de Moça Bonita. Mas o assunto principal mesmo é sua passagem pelo Rubro-Negro. Almir destaca a grandeza do Flamengo - e a pressão que isso acarreta - como a maior dificuldade para se dar bem no clube e ainda como motivador para o ano ruim dentro de campo. A troca constante de treinadores também incomodou o jogador.

- Sofremos muito com a pressão interna e externa. O Flamengo é um clube gigantesco. Você sofre pressão de todo lado: da torcida, da diretoria. Infelizmente tivemos quatro treinadores no ano. Isso prejudica muito o trabalho. Não conseguimos ter uma sequência de vitórias - desabafa Almir.

Desde que chegou ao Fla, em abril deste ano, Almir foi treinado por Vanderlei Luxemburgo, Cristóvão Borges, Osvaldo de Oliveira, e também por Jayme de Almeida, que comandou interinamente o time. E a primeira mudança de técnico foi a que mais incomodou Almir. O meia chegou ao Flamengo por indicação de Luxa, que se interessou pelo futebol que o jogador apresentou no Bangu durante o Campeonato Carioca.

Foi com Luxa como técnico que Almir teve mais oportunidades para jogar. Era relacionado constantemente e, em menos de um mês, fez quatro partidas sob o comando do treinador (duas pelo Brasileiro, uma pela Copa do Brasil e um amistoso). Mas aí Luxa não resistiu ao mau início de Brasileirão, foi demitido e, com isso, o meia começou a perder espaço.

- Infelizmente, o Luxemburgo saiu. Ele que pediu minha contratação. E ele me deu muita confiança durante o período que trabalhamos juntos. Mas com a saída dele, logo em seguida, tive a infelicidade de quebrar o braço, e fiquei dois meses no departamento médico. Isso atrapalhou um pouco - comenta o jogador, lembrando da fratura que sofreu no jogo de ida contra o Náutico, pela Copa do Brasil, já sob o comando de Cristóvão Borges.

Passado o período de recuperação, a missão de retomar o espaço perdido não foi fácil. A essa altura da temporada, o Flamengo já tinha uma disputa mais acirrada no meio de campo: Allan Patrick vivia um bom momento, Everton parecia intocável e Ederson chegava para também brigar por uma vaga no setor de armação do time.

Um campeonato longo como o Brasileirão - que exige dos clubes uma alternância de jogadores - talvez fosse a chance de que Almir precisava para atuar mais vezes. Só que ele acabou não tendo sequência de jogos - nem com Cristóvão Borges, nem com Osvaldo de Oliveira.

- Voltei a treinar, mas não tive uma sequência, que é importante para qualquer jogador. Infelizmente não consegui. Entrei em alguns jogos no segundo tempo. Dei o meu melhor. Eu me dediquei bastante para fazer um bom trabalho, até porque era um grande sonho que eu estava realizando de jogar no Flamengo. Mas infelizmente não foi da forma que eu planejei - lamenta.

Mas não foi só Almir que não conseguiu o que queria com a camisa rubro-negra. Mesmo os melhores jogadores do clube na temporada não conseguiram levar o clube a melhores resultados na temporada. Oscilando muito ao longo do ano - mas, geralmente, jogando abaixo do esperado -, o time caiu antes do previsto na Copa do Brasil e não passou de uma 12ª colocação ao fim do Campeonato Brasileiro.

O próprio Almir acreditava num desfecho mais nobre para o Flamengo na principal competição do país. Apesar de reconhecer o nível de dificuldade do Brasileirão, o meia confiava que o time fosse além, pelo menos brigando por uma vaga na Libertadores de 2017. Mas, no fim, em tom de frustração, ele resume a campanha do time como "lamentável".

- O Campeonato Brasileiro é um campeonato muito disputado e a gente não foi um time regular. E o resultado disso foi o lugar que ficamos na tabela. É lamentável. O Flamengo é uma grande equipe, tinha um grande elenco, tinha grandes jogadores e dava para a gente ir muito mais longe nessa competição.

Componente da barca anunciada ao fim da temporada para deixar o clube, Almir ainda estuda propostas para decidir o seu destino em 2016. Ele tem contrato com o Bangu até 2017 e o presidente do clube de Moça Bonita já anunciou o seu retorno. Mas o meia desconversa e revela que tem sido procurado por outros clubes, interessados no seu futebol.

- Tão pintando algumas propostas para 2016. Vou pensar com calma junto com meu empresário e ver o que a gente vai decidir - finaliza.

Em 2015, Almir entrou em campo 11 vezes com a camisa do Flamengo. Foram dois amistosos, duas partidas pela Copa do Brasil e sete pelo Brasileirão. O meia não marcou um gol sequer e, com ele em campo, o Fla venceu quatro vezes, empatou outras três e perdeu quatro.

Confira outros trechos da entrevista com o meia Almir:

Ida para o Flamengo e resumo do ano:
- A minha ida para o Flamengo foi maravilhosa. Infelizmente não tivemos um ano muito bom. O Flamengo não conseguiu fazer um grande Campeonato Brasileiro e não conseguiu chegar à fase decisiva da Copa do Brasil. É lamentável, pois nós tínhamos um grande elenco. E a gente fica um pouco decepcionado no final.

Avaliação de 2015 e previsão para 2016:
- Eu não posso esquecer do Carioca que fiz, foi um campeonato maravilhoso. Modéstia à parte, eu consegui fazer grandes jogos, chamando a atenção novamente de grandes clubes, como Flamengo e Botafogo. Isso para mim foi muito gratificante. O pensamento é o mesmo: descansar para chegar em 2016 com um gás.