Próximo do capítulo final, Juan temeu não jogar mais pelo Fla: "Faltava isso"

22/12/2015 12:47

Próximo do capítulo final, Juan temeu não jogar mais pelo Fla: "Faltava isso"

Aos 36 anos, zagueiro retorna ao clube que o revelou para ser um líder dentro e fora do gramado, elogia Muricy e o grupo: "Já vejo o time forte, com grandes jogadores"

Próximo do capítulo final, Juan temeu não jogar mais pelo Fla: Faltava isso
Juan não esconde ansiedade para reestreia com a camisa do Flamengo (Foto: André Durão)

Quando tinha oito anos, Juan foi com a mãe à loja na Gávea para que ele pudesse comprar seu uniforme e começar na escolinha de futebol do Flamengo. Naquele dia, ele deixava de ser apenas mais um torcedor para começar uma trajetória como um filho prodígio do Rubro-Negro. Uma história interrompida por 13 anos e que será retomada a partir de 6 de janeiro, quando ele se apresenta para iniciar a pré-temporada sob o comando de Muricy Ramalho.

- Ali começou a realização do meu sonho. Ali começou tudo - resumiu.

De 2003 a 2015, Juan acompanhou o Flamengo como mais um torcedor. Chegou a negociar o retorno ao clube em 2012, mas preferiu a oferta do Internacional. Por televisão, jornais, internet e conversando com amigos do clube, ficou a par de tudo o que acontecia pelos lados da Gávea. Pelas fotografias guardadas na casa de sua mãe, lembrava os momentos vividos com a camisa rubro-negra. Mas agora, aos 36 anos, vai voltar a viver o clube do lado de dentro, sendo um dos principais nomes da equipe e certamente um líder, não mais a promessa de 23 anos que foi negociada para o Bayer Leverkusen.

De volta ao Flamengo em negociação conduzida pelo fundo MFD, Juan se vê um jogador evoluído tática e culturalmente, garante estar bem em termos físicos e confia numa equipe capaz de brigar por títulos. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o zagueiro prefere ainda não pensar em aposentadoria, mas tem uma certeza: ela vai ser vestindo o manto rubro-negro.

GloboEsporte.com - Você vai se apresentar ao Flamengo no dia 6 de janeiro e volta ao clube após 13 anos. Como vem lidando com essa expectativa?

Juan -
Fico um pouco ansioso para chegar logo o dia. Ao mesmo tempo sei que não vou ter dificuldade, pois, por mais que tenha passado tanto tempo, conheço bem o clube. Algumas pessoas da minha época ainda estão lá. Sempre acompanhei o noticiário do Flamengo, a ansiedade continua. É sempre especial voltar para o clube de coração.

Consegue imaginar que Flamengo vai encontrar?

Na parte da estrutura, está começando a se desenhar algo para chegar no ideal. Financeiramente o clube está mais estabilizado do que na minha época. Sempre se ouviu falar na potência que o Flamengo poderia ser, e está se encaminhando para acontecer isso. Falando do futebol, é importante que as coisas dentro de campo andem bem para que a administração do clube seja facilitada. Espero que em 2016 a torcida tenha alegrias, e nós vamos continuar a caminhada para levar o nome do clube.

E qual será o Juan que o Flamengo vai reencontrar após mais de uma década ausente?

Em termos de jogo é um Juan totalmente diferente daquele que foi embora. Era um menino, um jovem, que mesmo indo embora aos 23 anos era considerado novo porque a dificuldade de jogar era maior. Eu não tinha tanto equilíbrio defensivo, tinha menos noção do que fazer por causa da idade. Naquele tempo o futebol também era diferente. Subia mais ao ataque e fazia mais gols. Hoje não levo tanto a bola à frente, principalmente pela idade. Mas hoje sou um jogador defensivamente mais consciente, e quando você é experiente, fora de campo tem um papel mais ativo.


Ontem e hoje: aos 36 anos, Juan volta ao Flamengo para retomar sua história (Fotos: André Durão e arquivo pessoal)

Você considera esse retorno tardio? Gostaria ter voltado antes ao Flamengo?

Gostaria. Foi o que sempre falei, o que projetei para minha carreira. Mas no futebol nem sempre acontece o que você quer. Às vezes existe um conflito do lado emocional com o profissional. Quando você vai negociar, tem que pensar muito no lado profissional, e infelizmente não aconteceu. Sinceramente, eu tinha dúvida e me fazia mal, porque eu via o tempo passar, as coisas irem bem e o Flamengo ir por outra estrada. Pensava que não fosse mais possível jogar pelo Flamengo de novo. Isso me deixava um pouco triste, mas os caminhos se cruzaram de novo. Faltava isso para completar minha carreira.

Aos 36 anos, como vê seu momento em termos físicos?
Terminei o ano bem. Classifico meu 2015 como muito bom até agosto. Fui bem na Libertadores. Nos últimos três meses talvez tenha jogado menos, pois sofri uma lesão que me atrapalhou e houve mudança de treinador. No final do campeonato voltei a jogar, mas depois já tinha explodido essa coisa do Flamengo e estava bem claro que eu não ficaria. Inteligentemente, ou necessariamente, o treinador fez outra opção e fiquei sem jogar. Mas fui bem, e assim quero começar 2016. Fazer a pré-temporada vai ser importante. Depois de tantos anos de profissional, sofri minha primeira operação (lesão no pé direito), fiquei fora da pré-temporada, mas mesmo assim corri atrás do tempo perdido e joguei bem. Este ano, começando bem fisicamente e treinando com o grupo, a tendência é as coisas irem bem.

Começa a pensar em quando vai se aposentar?

Não gosto de projetar muita coisa. Tenho idade avançada e quero jogar em alto nível. Quando perceber que não está acontecendo, não tem por que insistir. Sempre fui um cara tranquilo e pensei no que tem de concreto. E hoje o que tem de concreto é um ano de contrato com o Flamengo. No fim do ano vou avaliar, ver se vou continuar ou parar. Hoje me encontro bem e não tem por que me aposentar. Este ano vai me dizer isso. Vou trabalhar o máximo para minimizar qualquer problema físico.

Mas, de qualquer maneira, imagina essa aposentadoria ocorrendo no Flamengo?

Esse foi um dos motivos de voltar. Os anos foram passando e a oportunidade de voltar ao Flamengo não vinha. Meu objetivo é continuar jogando bem e que meu último clube seja o Flamengo.

É de se imaginar que você será o capitão do Flamengo nesta temporada. Acredita que terá um papel importante de liderança dentro do grupo?

Sinceramente não me cobro sobre isso, não me pego pensando nisso. Desde novo eu sempre tive um papel influente no grupo. Claro que a liderança depende de como os companheiros vão te aceitar. Para isso, tenho que fazer como sempre fiz. Nunca fui capitão em nenhum clube pelo qual passei, mas não deixei de ser um jogador ativo, que dentro de campo está com os companheiros. O que mais se preza é dar a vida pelo companheiro. Com certeza vou fazer o que fiz nos outros clubes. Vou botar minha cara.

Como foi ser adversário do Flamengo e marcar um gol sobre seu clube de coração? Na ocasião você chegou a fazer um gesto de pedido de desculpas à torcida rubro-negra

A primeira vez foi muito estranho. Foi uma coisa totalmente nova, atípica. Nem me imaginava fazendo aquele gol porque hoje em dia não faço tantos gols como antes. Jogar contra já foi diferente, fazer gol, mais ainda. São coisas que você tem que fazer quando é profissional, porque todo jogador tem um clube de coração e alguns passam por essa situação. Se me perguntar se eu projetava, não, porque eu nunca havia atuado contra meu time de coração. Para falar a verdade, nunca havia enfrentado um ex-clube. Foi um sentimento confuso.

Como vem sendo o contato com os torcedores nesse processo de retorno?

Amigos começaram a mandar mensagens, na rua também. Sempre tive relação boa com os torcedores do Flamengo, mesmo quando estava no Inter. Andava pelo Brasil e muitos rubro-negros vinham até mim falar alguma coisa. Aqui no Rio não andei muito pela cidade, mas a partir do momento que você é do time deles, a cobrança também aumenta..

Como viu a contratação de Muricy e o início da formação do time de 2016?

Muricy é um vencedor, um dos maiores que temos no Brasil, um treinador de nível mundial. Por suas declarações, vi que está muito envolvido no projeto e com vontade de fazer história no Flamengo. É uma pessoa diferenciada, que todo mundo elogia. O Flamengo está muito bem de treinador, é um passo importante. Já vejo o time forte, com grandes jogadores. Aqui no Brasil são muito imediatistas, e a gente que é profissional do futebol sabe que nem sempre isso é possível. O time precisa se conhecer bem e algumas vezes precisa até ser derrotado para crescer. Pelo que tenho visto, a base vai ser mantida. São jogadores que se conhecer, e isso é fundamental. O Flamengo sai na frente, porque fazer um time a cada ano é difícil. Alguns vão chegar para qualificar ainda mais, e tudo isso é melhor para o time.

Acredita que o Flamengo tem condição de buscar títulos no ano que vem?

Onde entra, o Flamengo tem que brigar por títulos. Existe a base deste ano e vão chegar reforços. O Muricy quer jogadores prontos para jogar, e isso é importante para qualificar o elenco. Até o Brasileiro tem tempo para fortalecer o grupo.

Qual a importância da melhoria na estrutura que o Flamengo vem implementando, principalmente com as reformas no CT do Ninho do Urubu?

Acho importante. Fico feliz de ler nas matérias o Muricy falando em fazer uma estrutura melhor e a própria diretoria reconhecendo que deve investir mais na infraestrutura. Está provado que os times que chegam são os que têm estrutura mais forte. No Brasileiro dos pontos corridos isso ficou claro. O Flamengo de 2009 foi a exceção, o Fluminense chegou dois anos com um investimento forte, e os outros campeões foram os times com estrutura forte. No fim das contas faz a diferença você trabalhar com qualidade dentro de campo e no entorno. O Flamengo quer tornar seu time uma potência brasileira e mundial, e isso faz diferença.


Terceiro da esquerda para a direita, em pé, Juan foi campeão na base do Fla ao lado do goleiro Julio Cesar, o primeiro da fila. Como profissional, ganhou três Cariocas, uma Mercosul e uma Copa dos Campeões (Foto: Arquivo pessoal)

Em termos pessoais, como é o Juan que o Flamengo vai reencontrar?

A família cresceu. Culturalmente, vivi muitos anos na Europa, e isso me fez crescer como pessoa. O casamento e o nascimento dos meus dois filhos me deram uma maturidade maior. Tudo isso ajuda. No jeito de ser, estou muito pouco mudado. Sou muito tímido ainda, calado... esse vai ser o mesmo Juan, não muito o que mudar, sempre fui assim. Não sou muito de aparecer, prefiro fazer meu trabalho quieto. Sou mais feliz assim. Se você pegar minha carreira vai ver que fiquei muito tempo nos poucos clubes em que joguei. Talvez seja porque fora de campo eu demoro um pouco para me ambientar. Dentro de campo eu me solto bem, coloco para fora tudo que é preciso para jogar. Sou tímido, então procurei ficar muito tempo nos clubes para pegar confiança. Depois consigo ficar mais tranquilo, mais solto e mais feliz.

Mas no Flamengo não terá essa dificuldade de adaptação...

Vai ser tranquilo, porque muitos ali me conhecem. É o clube onde fui formado, onde cheguei pequeno e é na minha cidade, o que conta muito. Mas um pouquinho sempre tem.

2150 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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