O futebol na visão de alguém que tinha 14 anos em 1982 e a dos adolescentes em 2016

29/7/2016 18:49

O futebol na visão de alguém que tinha 14 anos em 1982 e a dos adolescentes em 2016

O futebol na visão de alguém que tinha 14 anos em 1982 e a dos adolescentes em 2016
Recentemente fiz um post falando da derrota do Brasil na Copa do Mundo de 1982. Nos comentários dos leitores, notei que várias pessoas – adolescentes como eu, 34 anos atrás – tiveram reações semelhantes às minhas durante aquele fatídico jogo. Hoje, o meu filho, que está perto de completar 14 anos, tem visões, conhecimentos e expectativas do esporte bem distintas das que eu tinha com a idade dele.

1 - Transmissão de jogos

1982 - Já havia transmissão das partidas, mas elas eram bem limitadas. Em 1982, a não ser que fosse uma grande decisão, a TV raramente mostrava partidas ao vivo aos domingos. Transmissões de jogos de outros países também ainda eram raras e, nas partidas que aconteciam no exterior, teríamos de torcer para que não surgisse nenhum imprevisto no jogo que o fizesse atrasar, pois o sinal do satélite era contratado por um período determinado, independentemente do que ocorresse.

2016 - Agora há transmissões de inúmeros jogos e até campeonatos inteiros lá de fora. Nos fins de semana, há a possibilidade de se ficar o dia inteiro acompanhando futebol, sem qualquer interrupção. Hoje também é possível ver um gol inesquecível para você em questão de segundos - em 1982, só na sorte ou escrevendo uma carta para um programa de TV.

2 - Gols da rodada

1982 - Era preciso esperar "Os Gols do Fantástico" – aos domingos, por volta das 22h – para assistir aos tentos marcados pelo país afora. Além de ver a bola no fundo das redes, havia a expectativa de saber qual seria o gol considerado o mais bonito da rodada. Melhores momentos das partidas? Apenas nas mesas-redondas, que começavam sempre depois das 22h, ou na hora do almoço do outro dia.
2016 - Onde quer que você esteja – e até pelo celular –, você consegue acompanhar o jogo ao vivo, ou ver o gol logo depois que ele aconteceu. Nem bem a bola parou de rolar, você já consegue ver os melhores momentos e os lances duvidosos da rodada.

3 - Fronteira reduzida

1982 - Há 34 anos, quase todos nós ficávamos ligados ao que acontecia no nosso futebol doméstico, o interesse pelo futebol do exterior só aumentava nos períodos de Copa do Mundo. Para quem gostava de acompanhar o futebol da Europa conseguir informações, só mesmo comprando jornais e revistas nos aeroportos ou, para nós aqui de São Paulo, nas grandes bancas de jornais da Avenida Paulista.
2016 - O futebol internacional está presente no dia a dia. Os clubes da Europa já atraem tanto – ou até mais – quanto os clubes nacionais. O noticiário é acompanhado em tempo real via internet ou TV. Acompanha-se o noticiário do futebol internacional sem nenhum problema.

4 - Conhecimento

1982 - Ouvíamos mais histórias do que víamos os grandes times e jogadores da Europa. Por isso, alguns adversários causavam temor antes de a bola rolar. Alguns confirmavam a fama, outros não. Havia profissionais que eram chamados de "espiões" e ficavam longos períodos observando equipes no exterior.

2016 - Hoje se sabe absolutamente tudo das equipes e dos jogadores, seus pontos fortes e fracos. Não há mais como alegar falta de conhecimento de qualquer adversário, ainda mais agora, que os principais jogadores do planeta jogam na Europa.

5 - Craques em campo

1982 - Ainda era possível ver os grandes jogadores do país no gramado. No fim de semana, você poderia ver o Zico no Maracanã, o Sócrates no Pacaembu, e por aí vai. Praticamente toda a seleção brasileira jogava por aqui.

2016 - Se bobear, os torcedores não conseguiram ver jogadores que despontaram aqui nos últimos anos atuando nos nossos gramados. Hoje, alguns jogadores brasileiros, mesmo os da seleção, perdem em popularidade aos grandes craques internacionais.

6 - Camisas de clubes

1982 - Era praticamente impossível ter a camisa oficial do seu clube. Para ter essa raridade era preciso ir até o clube e tentar adquirir uma com o roupeiro do time. Eram poucas as lojas de esportes que vendiam as camisas oficiais do time. Quando se conseguia um exemplar, ele era tratado como um troféu. Para conseguir as de times internacionais era uma tarefa mais árdua ainda. Era preciso contar com a boa vontade de um parente que viajasse para o exterior ou se contentar com réplicas de má qualidade.

2016 - Hoje você consegue camisas de qualquer lugar do mundo com apenas um clique em lojas virtuais. Os fardamentos dos clubes se tornaram um grande negócio e são lançadas linhas de roupas das equipes a cada temporada, e isso inclui três modelos de camisas diferentes, sem dizer as de goleiro. Sem muito esforço, você monta uma coleção de camisas rapidinho.

7 - Estádios

1982 - A única preocupação dos clubes em 1982 era colocar o máximo de pessoas possível no estádio. Não havia nenhum conforto, ninguém respeitava os lugares marcados, havia espaços para assistir aos jogos em pé – o maior exemplo era a geral do Maracanã. Para pegar o melhor lugar, o torcedor precisava chegar cedo ao estádio. Banheiros eram poucos e invariavelmente copos de água eram jogados cheios de xixi. Fora que a evasão de renda era enorme, com várias pessoas entrando no estádio passando pelas catracas manuais sem ingresso.

2016 - Com as chamadas arenas, o conforto para o torcedor é bem maior. Ele pode chegar quase na hora da partida e vai encontrar o seu lugar vazio. Os estádios mais modernos também oferecem melhor visão do gramado e a maioria dos lugares tem cobertura para evitar que o público tome chuva. Não é exagero dizer que ir ao jogo hoje é comparável a ir ao cinema ou ao teatro.

8 - Ingressos

1982 - O preço do ingresso não pesava tanto no bolso do torcedor. Às vésperas das grandes partidas, era eleito um ou dois representantes, que deveriam encarar a fila e comprar o ingresso para o grupo de amigos.

2016 - Cada vez menos os torcedores precisam ir à bilheteria para comprar o ingresso. Há partidas em que todos os ingressos são vendidos via internet. Hoje, os ingressos são bem mais caros e, a cada dia que passa, o aficionado de um clube que não participa do programa de sócio-torcedor tem menos chances de ver seu time no estádio, sobretudo nos principais jogos.

9 - Torcida

1982 - Era sabido que haveria disputa com a torcida do adversário. Em clássicos, as duas equipes traziam torcedores em números equivalentes e ficavam competindo para ver qual torcida era capaz de fazer mais barulho e incentivar o seu time. Havia alguns entreveros e sopapos, mas eles aconteciam em discussões de futebol e não como hoje, em que os torcedores adversários são tratados como inimigos que precisam ser exterminados.

2016 - Nos grandes jogos nem há mais torcida dos visitantes – e, quando há, o número é expressivamente menor. Sem torcida de outro clube, qualquer clássico se transforma em um jogo comum. Uma pena.

10 - Se torcia pela a seleção brasileira

1982 - Em 1982, ainda havia uma geração que tinha visto o Brasil conquistar o tricampeonato, em 1970, e a seleção que se preparava para o Mundial daquele ano dava espetáculo, jogava bonito e contava com jogadores que atuavam aqui, como já disse. Quase todos torciam pela seleção na mesma intensidade que apoiavam seus clubes. Ter um jogador do seu clube entre os convocados era motivo de orgulho.

2016 - Os adolescentes de hoje preferem muito mais torcer pelos seus clubes do que pela seleção. Jogos do Brasil – até os de Copa do Mundo – não têm o mesmo apelo que tinham em 1982. Se torce para que um atleta do time não seja convocado, pois é sinal de que ele deve ser vendido ou de que vai desfalcar o clube em vários jogos importantes.

11 - Brincadeiras

1982 - Se jogava muito mais bola nas calçadas, nas quadras dos colégios após as aulas, nos clubes e nas areias das praias de cidades com esse privilégio. Ganhar uma bola de "capotão" ainda era um sonho dos meninos. O futebol de botão era uma maneira de qualquer um se transformar em craque.

2016 - A garotada hoje ainda joga futebol, mas de uma maneira mais fechada e organizada. Há escolinhas em todos os lugares e os confrontos entre amigos são feitos em quadras de futebol de grama sintética) ou nas quadras de grandes condomínios. Sem dizer os jogos de videogames, cada dia mais perfeitos, que com apenas um joystick faz qualquer um controlar os melhores jogadores do planeta, com as características dos jogadores reais – há opções em que é possível entrar em campo e tabelar com o Messi. Sem falar no Cartola FC. Você disputava um campeonato de botão com seus amigos de rua, hoje, a cada rodada você disputa o título de melhor da rodada contra 4 milhões.

Não faço o julgamento de qual desses períodos é o melhor, mas talvez uma das poucas semelhanças entre quem tinha 14 anos em 1982 e quem é adolescente hoje era/é ouvir do pai a seguinte frase: "vamos ao estádio ver o jogo".

1047 visitas - Fonte: Globoesporte


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legal isso Eu em 82 tinha apenas 6 anos, morava na roça e ouvíamos os jogos pelo rádio, um ano mais tarde em 83 comecei à torcer pelo mengão, em 86 a gente se mudou para a cidade e só então Eu pude ver a camisa do mengão pela primeira vez, tinha uma loja de artigos esportivos aqui no centro e tinha as réplicas da camisa do mengão lá, apesar de ser réplica Eu não podia comprar, ora Eu vendia salgados na rua pra ajudar em casa, então eu ia lá e ficava alguns minutos namorando a camisa do meu mengão do coração isso Eu fazia todo dia, já vim comprar uma réplica em 90 e ainda hj não me esqueço de tudo que vivi naqla época...

olha tem que jogar Donatti e Rever só tem dúvida disso claro os empresários que mandam nos clubes pq colocar esse Vaz sem comentário não aonde ser horrível vcs diretoria não deveriam aceitar o cara é duro olha sem noção mesmo esse Vaz e horrível

chiquinho orrivel pior jogador não bota ele não

zaga ideal seria donatti é rever os dois são altos e tem muita raça

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