Salve "Cheiro"! Na várzea, Gabriel leva apelido em referência a grupo de axé

10/9/2016 08:41

Salve "Cheiro"! Na várzea, Gabriel leva apelido em referência a grupo de axé

Cria da Cidade Baixa em Salvador, rubro-negro lembra trajetória tardia no futebol de rua. Amigos e avó contam causos nos "babas" do Laska, do Marisco e pela Ribeira

Salve Cheiro! Na várzea, Gabriel leva apelido em referência a grupo de axé
Boa Viagem, Marisco, Laska... Gabriel começou na várzea de Salvador (Foto: Raphael Zarko)


Acredite. Nada foi combinado com seu Edmo Pachara, o administrador do campo do Laska – que, obviamente, não traz qualquer referência ao Polo Norte, mas ao ato ou efeito de “lascar” o pé no campo de terra da Ribeira. Era a última entrevista de série de quase 10 personagens encontrados nos bairros onde Gabriel, meia-atacante do Flamengo, cria dos babas (peladas ou simplesmente campo de várzea), começou a jogar futebol.

- Gabriel tinha apelido de “cheiro”. Por causa da banda “Cheiro de amor”. Era fã, sabia todas as músicas. Sabe até hoje - contou, despretensiosamente, Edmo.

Dono do bar “Vá Tomar de Canhão”, Edmo nem se tocou que um certo outro cheiro já virou um mantra para a torcida rubro-negra. E a onda deve ficar fora, longe do oba-oba, como querem diretoria, técnicos e jogadores. Mas a coincidência do apelido de garoto de Gabriel é saudável. Ali, no Laska o amigo de outro apelido curioso, Desenho, o convidou para jogar no clube do ex-presidente do Bahia Marcelo Guimarães Filho, em história já conhecida. Com 19 anos, o jogador rubro-negro, titular no time que enfrenta o Vitória hoje no Barradão, já havia desistido do sonho de ser profissional.

- Fiz teste no Bahia de Feira de Santana e ia fazer no Vitória, mas no dia falaram que não tinha avaliação, voltei para casa. Tinha 19 anos já, para mim já não tinha mais (esperança) – lembra Gabriel, que já estava decidido a cursar faculdade.

Mas a chance apareceu e, hoje, sete anos depois, se não é unanimidade na torcida do Flamengo, é de sobra com os amigos do bairro Jardim Cruzeiro. A família ainda mora no bairro, que é vizinho da Ribeira e do Bonfim, onde fica a famosa igreja baiana. Na Avenida Almirante Barroso, em frente à casa onde Gabriel morou, um dos muitos campos de pelada que Gabriel não esquece e até hoje frequenta.

- No fim do ano passado ele veio de bicicleta para jogar aqui com a gente – conta Edmo.
A avó Maria José da Conceição Pinto recebeu o GloboEsporte.com dentro de casa para contar um pouco sobre o neto. Carinhoso, Gabriel pede a todo momento para a vó passar tempos na casa no Rio de Janeiro. Ela está na dúvida se vai ao Barradão nesta noite. O jogador do Flamengo não gosta muito de ver a avó nos estádios.

- “Não vá não, vó. É muita confusão, a senhora não vai gostar”. Mas se meu filho, que é pai dele, vier me buscar, eu vou sim. Quero ver Gabriel fazer um gol. Na semana ele fez e eu não vi, acabei dormindo antes do jogo – conta, aos risos, dona Maria.

Dona Maria José é torcedora do Vitória, mas não tem nem dúvida: vai torcer para o Fla neste sábado (Foto: Raphael Zarko)


"Sequinho", como disse um dos vizinhos, Gabriel curte o mar pernambucano com a família nas férias (Foto: Arquivo pessoal)


"Não tem como ficar triste"

Laska, Uruguai, Marisco, Caíra, Cursa, Boa Viagem. São Caetano, Cobra. São os nomes dos campos e dos times, respectivamente, que Gabriel tão bem conhece – e de onde saiu também outros valores do futebol baiano, o mais recente é Walace, meia do Grêmio. Talvez pela carreira construída aos 45 minutos do segundo tempo, com a oportunidade de se transferir para um dos maiores times do Brasil, dono da maior torcida, o astral de Gabriel seja ainda mais para cima do que de costume. Mesmo nos tempos de reserva e de poucas chances em campo, as brincadeiras e o sorriso apareciam fácil, fácil com o jogador do Flamengo.

- Cara, sou bem-humorado, sou feliz. O cara estar num grande clube, realizando sonho de ser jogador de futebol, como é que o cara vai ficar triste? Não tem como – responde ele.

Um dos amigos de baba é hoje professor da escolinha Arca da Aliança. O professor Dito fala com prazer de Gabriel. Conta que o jogador sempre aparece com bolas novas, coletes e tenta ajudar no que for possível a formação de jovens jogadores. Dito conta ter 20 promessas nas categorias de base do Bahia, Vitória e outros clubes baianos. Não cobra e nem ganha nada com seu trabalho, que, segundo seus cálculos, em sete anos já recebeu mais de 500 crianças.

Professor Dito comanda escolinha com mais de 400 alunos no campo do Marisco (Foto: Raphael Zarko)


- Aqui, infelizmente, a gente sabe sempre que um garoto de 15, 16 anos, morreu, que está envolvida com coisa errada. Nos meus meninos aqui, não – relata, com orgulho, Dito.

Gabriel e um amigo no jornal local: sonho virou realidade muitos anos depois (Foto: Arquivo pessoal)


Os pequenos Sarailton Campos da Silva Junior, de 12 anos, e Heitor Oliveira, 11, são uns dos alunos. Eles tinham a missão de levar a reportagem do GloboEsporte.com até o campo do Laska, o mais famoso da região. Mas no caminho encontraram um amigo, mais velho, que perguntou onde iam. Ao ouvir a resposta, ele disse:

- Nada disso, tem treino no Marisco agora. Oxê, vamos! – disse o garoto, que não devia ter mais que 15 anos, carregando os meninos para seguir os passos de Gabriel. O cheiro, no caso, da criançada, toda encostada no muro, é de ansiedade pela chance que aparece em um, dois, três, entre 300, 400 crianças.

- Quero dizer ao Gabriel que ele em destaque no nosso futebol é muito importante para a gente, é uma inspiração muito grande. Sou casado, tenho uma filha de 14 anos, vivo de aluguel, mas levo minha escolinha há sete anos para ajudar a gente como Gabriel. Por isso é muito importante vê-lo jogar hoje em dia – diz, com emoção, o professor Dito.

Campo do Uruguai: alunos do professor Dito, Heitor e Junior são vizinhos da família de Gabriel (Foto: Raphael Zarko)

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Q história linda, e um futuro brilhante lhe espera gabriel. Vai mengão!

podia dar uma bolsa mesmo que se 1 salário mínimo a esse professor em gratidão, eu certamente faria isso...

Muito linda a história; de uma família de carinho e amor....Que Deus o abençoe sempre!!!!!

Valeu apena esperar!

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