Dorival Junior conversa com o grupo no CT Ninho do Urubu, em Vargem Grande — Foto: Gilvan de Souza
A eleição do Flamengo está marcada para 8 de dezembro. Mas o processo eleitoral começou bem antes e movimenta os bastidores do clube. Além disso, é marcado por trocas de farpas, abertura de inquéritos e até disputas judiciais. No meio disso tudo, o futebol tem nove jogos para buscar o título brasileiro e tentar ''salvar'' a temporada - última da gestão de Eduardo Bandeira de Mello.
Na Gávea, a semana foi marcada por coletiva de conotação política, reuniões de comissões e abertura de inquéritos internos. Em Vargem Grande, onde fica o CT Ninho do Urubu, treinamentos aparentemente em ambiente bem mais tranquilo após a vitória maiúscula no Fla-Flu.
Dorival conhece clima eleitoral do Fla e blinda futebol no discurso
O técnico Dorival Junior é calejado e entende boa parte da política rubro-negra. Era o técnico na época da conturbada eleição no fim de 2012, quando Bandeira sucedeu Patrícia Amorim. Na época, ele permaneceu no cargo após a então nova gestão assumir, mas saiu três meses depois, após os lados não acertarem ajustes no contrato feito pela direção anterior.
Em seu discurso, ele garante que o ambiente do futebol não está sendo influenciado pela política. Alinhado com a direção e respaldado pelas duas vitórias recentes, blinda seu grupo.
Dorival tem contrato só até o fim do ano e costura acordo para pagamento de uma cobrança milionária na justiça.
- Temos a garantia que do muro para dentro essas coisas são mínimas. Tudo que o clube nos proporciona nos dá tranquilidade para continuar o trabalho, sem que esses assuntos interfiram no departamento de futebol. Existe uma preocupação para que a gente finalize o ano da melhor forma. Assuntos são comentados, mas não se vive o dia todo. O foco principal são os treinos e jogos - disse Dorival nesta semana.
Blindagem no discurso, mas reta final sofre com pressão política
Mas não é tão simples assim. Os 38 quilômetros que separam a Gávea do Ninho do Urubu, no entanto, não foram o suficiente para permitir toda essa ''blindagem'' no trabalho do antecessor Maurício Barbieri. Muito pelo contrário, houve uma imensa pressão política por sua demissão quando os resultados pararam de aparecer em campo.
Vice de futebol do clube, Ricardo Lomba é candidato da situação e sofreu pressão de seus pares políticos tropeço após tropeço. Coube a ele a decisão da troca de comando a 12 jogos do fim do ano. Também bancou a chegada de Dorival. No adeus, Barbieri expôs que a política do clube influenciava sim o dia a dia do futebol.
- Sem dúvida nenhuma a eleição trouxe um peso que, se não fosse ano eleitoral, não teria. Isso teve influência, sim, no dia a dia, no sentido de deixar o ambiente mais sobrecarregado. E eu acho que tem influência direta na decisão deles de atrelar o resultado de campo ao resultado da eleição - disse o ex-treinador, pouco após sua demissão.
Dorival chegou no meio do furacão, mas logo conseguiu alguma calmaria com dois resultados expressivos - vitórias por 3 a 0 sobre Corinthians e Fluminense. Mas, internamente, é sabido que novos tropeços que afastariam o time da briga pelo título tornariam novamente o ambiente pesado.
Oposição é crítica com futebol; venda de Paquetá gera coletiva ''longe do Ninho''
A ausência de títulos de expressão diante do grande investimento no futebol é tecla batida pela oposição no processo eleitoral da Gávea. Sobretudo pelo fato do candidato da situação ser o responsável pela pasta. No lançamento da sua candidatura, no mês passado, Rodolfo Landim disparou mais de uma vez sobre a gestão do futebol e classificou o time como ''apático''.
- Tudo começa com liderança. O Flamengo hoje é apático, não fica revoltado com a derrota. A gente sabe que futebol não é ciência exata. Nem sempre vamos contratar os jogadores corretos, mas erramos muito, aplicamos muito mal os recursos. De uma forma geral, tem coisas a serem modificadas... O Flamengo vai mudar. Vai deixar de ser esse time apático que temos visto atualmente - disse Landim na ocasião.
Também no âmbito político, a venda de Lucas Paquetá para o Milan, exposta na semana passada, foi alvo de críticas dos grupos de oposição na Gávea e gerou abertura de um inquérito por parte do presidente do Conselho Deliberativo, Rodrigo Dunshee (candidato a vice na chapa de Landim), que questiona momento e valores da negociação. Para evitar que a investigação atrapalhe o momento do time no Campeonato Brasileiro, foi estabelecido sigilo no processo.
Os questionamentos levaram a atual cúpula do clube a organizar uma coletiva de imprensa para esclarecer a negociação. Com a presença de Lomba, Bandeira e do diretor geral Bruno Spindel, a entrevista ocorreu nas instalações na Gávea, longe do Ninho do Urubu. Dias antes, Bandeira havia falado sobre o caso no CT.
Nove jogos pela frente
O Flamengo encara neste domingo, às 19h, o Paraná. O time está a quatro pontos do líder Palmeiras, a nove jogos do fim do Brasileirão. Na semana seguinte, encara justamente o Alviverde, no Maracanã.
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