4/8/2013 16:13
Importante: Flamengo repassa ingresso mais barato a organizadas em troca de sócios-torcedores
Por debaixo da mesa, a diretoria do Flamengo que ergueu a bandeira do profissionalismo repassou 400 ingressos pela metade do preço a quatro torcidas organizadas, para elas venderem a seus membros por um valor inferior aos R$ 100 cobrados pela entrada mais barata no jogo contra o Botafogo, no Maracanã. À frente da negociação esteve o diretor de marketing Fred Luz, que recebeu em mãos R$ 20 mil das torcidas Jovem, Raça, Fla Manguaça e Urubuzada, R$ 5 mil de cada pela carga de 100 ingressos.
O executivo recebeu das lideranças o dinheiro em mãos, mas contou com o auxílio do ex-policial civil Arthur Alexandre no contato com os torcedores. O funcionário terceirizado do Flamengo recebe cerca de R$ 30 mil para, segundo ele, fazer a gestão de qualidade de setores do clube. Mas por seus contatos junto às torcidas foi solicitado, e negociou com o sobrinho da ex-presidente Patricia Amorim, Felipe Amorim, agora presidente da Associação das Torcidas Organizadas do Flamengo no lugar de André Valladas, o Bodão.
— A aproximação foi feita por mim. Mas não sou empregado do Flamengo. Tenho uma empresa terceirizada. Meu contrato é de gestão da qualidade, no relacionamento com torcida e sócios. Eles não tinham um bom relacionamento, eram oposição, então ajudei na intermediação — diz Arthur Alexandre.
Segundo a assessoria do clube, o acordo previa que cada torcida comprasse 100 ingressos e aderisse ao plano de sórcio-torcedor em um mês para ter o benefício antecipado. Ainda de acordo com o Flamengo, o contato foi feito direto com as torcida, com o auxílio de Arthur Alexandre, que faz parte da equipe de aproximação com as torcidas. Mas o líder de uma das organizadas dá outra versão.
— Quem nos atendeu foi o Fred Luz. Quatro organizadas pegaram 100 ingressos com pagamento à vista, R$ 5.000 cada. Paguei no clube, na mão do Fred —, relata umn dos líderes de uma organizada, que confirmou a participaçao de Felipe Amorim na negociação.
Na avaliação do advogado Eduardo Dirondi, da Comissao de Direito do Consumidor da OAB-RJ, a prática do clube é abusiva. Todo torcedor deveria ter a oportunidade pagar menos ao assumir o mesmo compromisso.
— Essa oferta não pode ser vinculada a um grupo. É uma prática abusiva. Se o clube não dá essa condição aos demais torcedores, de ter um benefício no futuro, não está agindo de maneira igual — esclareceu o advogado.
Termo de compromisso adiado
O termo de compromisso de conduta que o Flamengo propôs às torcidas organizadas no mês passado não fazia nenhuma menção ao acordo para a cessão de ingressos. Segundo o clube, porque não se tratava de um contrato. O documento que estava em fase de preparação e já tinha tido um rascunho entregue aos flamenguistas, agora foi engavetado. As lideranças das torcidas aguardam uma nova convocação, mas se encontram em um impasse.
A primeira dificuldade é aceitar ingressar no plano de sócio-torcedor e ter que custear o programa e a mensalidade junto à torcida organizada. Segundo alguns torcedores, muitas pessoas não tem condição de pagar pelos dois. Na proposta feita pelo clube, além de virar sócio-torcedor o membro da organizada precisa respeitar algumas premissaas, como se comportar sem ferir os interesses comerciais dos patrocinadores do clube.
— Estamos incentivando, mas a partir do momento que colocarmos nossos componentes como sócio-torcedor, estaremos abrindo mão de que ele seja sócio da organizada dele, ou seja, estaria pagando duas mensalidades — explica Lorenz Melo, da Torcida Jovem do Flamengo.
A expectativa das torcidas é que para o clássico contra o Fluminense, no Maracanã, no próximo domingo, haja uma nova conversa em busca de acordo. A tendência, no entanto, é que o assunto fique congelado em razão da dedicação da diretoria aos problemas do futebol, que vive um momento conturbado com falta de resultados.
No termo de conduta, o Flamengo já informava que pretendia facilitar a compra de ingressos por parte das organizadas e que faria um trabalho com o objetivo de dinamizar o programa sócio-torcedor. Só não disse como.
Prática que vem de outros mandatos
A atual gestão demorou alguns meses para se aproximar das torcidas organizadas, mas a relação entre dirigentes e integrantes assíduos das arquibancadas vem de longa data no Flamengo. Pelo menos nos último quatro mandatos presidenciais, inclusive, a prática de facilitar o acesso a ingressos para os tradicionais grupos de torcedores é conhecida e admitida por pessoas ligadas a administrações anteriores.
No período em que a presidente Patricia Amorim estava a frente do clube, o mesmo sistema que a nova direção se apropriou era adotado, mas cedendo ingressos. A diferença era a quantidade, de até 3 mil, e a ausência de uma justificativa. A relação tornava as torcidas organizadas mais controladas pelos poderes do clube. O benefício evitava cobranças em momentos de dificuldade do time.
Se agora o departamento de marketing centraliza as negociações com as organizadas, na gestão anterior era o setor financeiro o responsável pelas conversas. O então vice de finanças Michel Levy inclusive foi chamado pela Polícia Civil no ano passado para esclarecer a relação, em meio a investigações sobre a morte de torcedores em briga entre torcidas ivais, e admitiu a prática.
1710 visitas - Fonte: Extra
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