Pedro: o direito do Flamengo e o direito à frustração

25/6/2021 13:41

Pedro: o direito do Flamengo e o direito à frustração

Pedro: o direito do Flamengo e o direito à frustração
A irritação de Pedro com substituição — Foto: Reprodução

Desinteressado em Madri ou em Londres, Bale é líder na seleção galesa. Quase sempre indisponível ou fora de forma no Real Madrid, Hazard dá sinais de renascer com a camisa da Bélgica na Eurocopa. Realizado em todos os aspectos, Cristiano Ronaldo assume sem hesitação o papel de símbolo do time português. Num Nílton Santos vazio e pisando um gramado indecente enquanto disputavam uma competição que se repete com frequência injustificável, os jogadores da seleção brasileira, todos donos de bons contratos, duelaram e celebraram a virada sobre a Colômbia como se um troféu tivesse sido ganho.



O que nos leva a algumas constatações. Ao contrário do que se insinua, está longe de ser regra que jogadores de futebol enxerguem os compromissos por suas seleções como tarefa enfadonha. É possível argumentar com vantagens comerciais, mas é equivocado ignorar que há sonhos, simbolismos e um tipo de pertencimento diferente do ambiente comercial que rege o futebol de clubes. Não fosse assim, haveria poucos motivos para jogadores bem resolvidos na vida viajaram, a cada mês, 12 horas para cruzar o Atlântico, treinarem dois dias, jogarem, viajarem pela América do Sul e jogarem de novo antes de mais 12 horas de viagem para, de volta à Europa, entrarem em campo por seus clubes.


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Tudo isso para lembrar que atletas são humanos. Têm suas ambições, seus desejos de realizações, que podem ou não estarem ligados a dinheiro. E é aí que entra Pedro. O debate sobre sua liberação ou não para os Jogos Olímpicos, ao ficar centrado demais em questões de direito e de contratos, termina por minimizar um aspecto absolutamente vital: as relações humanas. Afinal, o personagem colocado no meio de uma disputa entre clube e confederação é uma pessoa, não uma máquina de jogar bola.

E por ser humano, erra. Pedro foi desrespeitoso com Rogério Ceni, com o Flamengo e com o companheiro que se preparava à beira do campo quando reagiu de forma intempestiva à substituição no jogo com o Fortaleza. Ceni, embora incisivo como não fora em outros episódios do gênero, também acertou ao classificar o comportamento como inaceitável e inadequado. E, por fim, o Flamengo, ao decidir que Pedro não estará nos Jogos Olímpicos, exerce de forma legítima um direito. Simples assim? Não.

Porque é equivocado entender que o direito do Flamengo encerre o direito de Pedro a se frustrar. É ingênuo imaginar que o clube exerceria a indiscutível prerrogativa de não liberá-lo para os Jogos Olímpicos sem precisar administrar consequências, insatisfações ou mesmo encarar uma solução negociada. E aí não se trata de distorcer uma relação profissional, mas de encarar uma relação humana. A consequência de fazer valer a regra que lhe permite não liberar o atleta para os Jogos Olímpicos é criar um foco sensível, uma frustração que exigirá atenção, administração.

Os Jogos Olímpicos passam uma vez na vida na carreira de um atleta de futebol. E representam uma experiência irrepetível, de características sem igual. Some-se a isso a situação peculiar de Pedro no Flamengo. É óbvio que ele tem a exata noção de que sua qualidade técnica lhe permitiria ter muito mais minutos em campo com qualquer outra camisa do futebol brasileiro. Em um ano e meio haverá Copa do Mundo e, se o torneio olímpico de futebol não parece relevante o bastante para pavimentar caminho de uma nova experiência europeia, é natural que um jogador enxergue ali uma abertura de portas para a competição no Qatar.


Pedro é pago, e bem pago, pelo Flamengo? Não há dúvida. Mas, novamente, nem tudo se resume a dinheiro. Seres humanos têm sonhos, ambições e frustrações. Se é justo o Flamengo exercer o direito a ficar com o jogador, é natural uma dose de amargura de quem tem poucos minutos em campo a cada rodada, enfrenta uma concorrência duríssima no clube e, dias depois de ter negada a chance de ser olímpico, também não consegue completar 90 minutos de um jogo contra o Fortaleza.



A tese de que o patrão dá as cartas e o empregado obedece calado já é discutível em qualquer ambiente profissional saudável. Mas é especialmente equivocada num contexto cheio de especificidades como o futebol. O pensamento e as posições de jogadores têm peso. A decisão do clube não encerra o caso, há uma pessoa que, eventualmente, pode se frustrar. No lugar de discutir o direito, o contrato ou o salário, deveríamos debater como um atleta fica tão exposto em meio a uma queda de braço entre clube e CBF. E entender que determinadas reações, ainda que reprováveis, são humanas.

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319 visitas - Fonte: globoesporte


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Concordo que todo jogador quer estar na seleção e tudo mais, porem o mezmo quer receber seu salário e quando

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