Não é segredo que o modelo adotado pelo Flamengo no programa Nação Rubro-Negra recebe críticas constantes de seus adeptos. Embora os sócios tenham dado lucro de R$ 43 milhões e tenha sido a segunda maior fonte de receitas do clube em 2017, o sistema vem dando mostra que está defasado. No último ano, o Mais Querido chegou a superar a barreira dos 100 mil integrantes, contudo, perdera 25 mil associados e está em oitavo colocado no ranking nacional, conforme matéria publicada pelo jornal O Globo.



O Maracanã fazia parte do marketing para atrair novos sócios ao plano, porém, o Mengão ficou boa parte do tempo sem o estádio. Inclusive, no começo deste ano o Estádio Jornalista Mario Filho passou boa parte fechado, seja para eventos particulares ou para troca do gramado. Junta-se a isso, o fato do Fla estar punido pela Conmebol, com duas rodadas sem público na principal competição disputada pelo time: a Copa Libertadores da América, o que fez com que a situação se agravasse. Enquanto a presença nos jogos fica em segundo plano, os dirigentes buscam alternativas para melhorar o atendimento e os benefícios. Afinal, o jogo de maior apelo aos torcedores acontecerá apenas em maio, contra o Emelec-EQU.

— A punição de dois jogos com portões fechados na Libertadores certamente foi um dos grandes fatores para a queda que tivemos — atribuiu o diretor de marketing Bruno Spindel, em entrevista ao jornal O Globo.

Agora, jogar de portões fechados não foi o único motivo. Muito cobrado por associados mais antigos, o sistema de fidelização ainda é inexistente e acaba premiando os torcedores que recém aderem ao programa. No modelo usado por Palmeiras e Corinthians, os ST que têm assiduidade e mais tempo de sócio tem preferência sobre os mais novos ou aos que vão pouco em partidas de futebol. No Flamengo, há certo incentivo, mesmo que não proposital, para que a pessoa cancele seu plano e volte posteriormente próximo de uma peleja com maior apelo. Um exemplo fora a final da Copa do Brasil do ano passado, onde uma nova adesão em um dos planos mais caros, fazia com que o torcedor adquirisse prioridade tanto sobre os sócios de planos mais baratos, quanto sobre os do plano OFF-Rio, que têm poucos benefícios na compra de ingressos. O clube pretende modificar os critérios, no entanto, não sabe informar quando.

— Vamos reconhecer o tempo de associação ininterrupta do sócio-torcedor e sua frequência no estádio. A mecânica e implementação estão em fase inicial e ainda não é possível estabelecer um prazo definitivo —, adiantou Bruno Spindel.

O diretor de marketing ainda reconheceu que a qualidade do serviço é abaixo do esperado. Bruno afirmou que o clube fará alterações e investimentos para aumentar a qualidade da venda de ingressos, tornando-as mais fáceis e estáveis.

— Reconhecemos que a qualidade de atendimento é um dos pontos críticos. A experiência de compra de ingressos também precisa ser melhorada. Estamos fazendo alterações e investimentos que vão aumentar a qualidade da venda de ingressos, tornando-a mais fácil, rápida, amigável e estável —, disse Spindel.

Entra e sai temporada e as promessas de melhoria ou vantagens não saem do papel, fazendo com que o torcedor prefira cancelar por alguns meses e voltar depois. Um dos fatores que também podem influenciar na debandada é a falta de resultados expressivos. Pois, apesar da contratação de jogadores de status, pomposos, como Diego Ribas, Diego Alves, Guerrero, a torcida não vê como suficiente, além de sofrer com a falta de um ídolo. O Nação Rubro-Negra foi lançado com a ideia de que a torcida ajudaria na formação de um elenco de peso. Sendo que nos últimos anos o foco acabou sendo nos recursos que gerou, segundo o clube, exclusivamente ao futebol, ao invés do serviço oferecido ao cliente. A torcida cobra bastante o fato das vendas serem difíceis em jogos de grande apelo e ao atendimento que pouco ajuda. A diretoria promete melhorar.

— O objetivo do programa, como tudo no clube, é possibilitar a contratação de grandes atletas e proporcionar vitórias e títulos ao Flamengo.?O foco é vencer, fortalecer o futebol. Nunca foi outro e não vai deixar de ser esse. O torcedor, através do programa, pode ser ainda mais protagonista das nossas vitórias. E é evidente que estamos sempre pensando em melhorar a experiência dos nossos torcedores. Não estamos parados — prometeu Spindel, que responde ao vice de marketing Daniel Orlean.

Nos últimos anos a pasta sofreu mudança, o que fez crescerem as promessas. O modelo utilizado atualmente é o mesmo que fora lançado em 2013, pelo então vice-presidente de marketing Luiz Eduardo Baptista, e sendo coordenado pelo então diretor Fred Luz. Embora o sistema seja o mesmo, houve melhoria significativa nos conteúdos das plataformas digitais, além de vantagens com parceiras, como drogarias, mercados e até construtoras. Outro fato que agracia os associados é o contato com jogadores, ex-jogadores e a estrutura do clube, fazendo com que sete mil pessoas sejam contemplados por ano em ações. Porém, a torcida demonstra que não é suficiente, pois os números despencam a cada dia. A torcida organizada Nação 12 cobra fidelização para assistir as partidas e o diretor de Marketing Bruno Spindel cita outra ideia visando melhorar o modelo adotado atualmente.

— Outra ?ideia é proporcionar mensalmente a vinda de sócios-torcedores Off-Rio para a cidade, para curtir um jogo do Flamengo, por meio de um plano de sorteio registrado na Caixa Econômica Federal. Em 2017, quase 500.000 ingressos foram vendidos para sócios-torcedores e uma parte considerável desses foi para os off-Rio —, explicou o diretor ao jornal O Globo, sem dar o percentual nem quando para quando isso valeria. Certamente, não será no jogo contra o Emelec.