Com a saída de Jorge Jesus do Flamengo, nomes de treinadores estrangeiros, como os portugueses Leonardo Jardim e Carlos Carvalhal e o espanhol Miguel Ángel Ramírez, foram alguns dos apontados como possíveis substitutos do Mister. Mas nenhum brasileiro foi citado até o momento, indicando que a contratação de um técnico local só deve ocorrer no caso de impossibilidade de fechar com um gringo.



No podcast Posse de Bola #42, Mauro Cezar Pereira destaca que há poucas opções entre brasileiros compatíveis com o que planeja a direção do Flamengo e que a chance de o clube contratar um técnico local existe mais devido à pandemia do novo coronavírus e a situação do Brasil em relação a outros países.

"O que dá chance aos técnicos brasileiros é a Covid-19. É a única coisa que dá chance, ou seja, se o Flamengo chegar lá, encontrar dois ou três nomes e todos eles falarem: 'ir para o Brasil agora não dá, vou ficar lá isolado, não posso levar minha família', que era o problema do Jesus. Como é que ele iria trazer a mulher dele para o Rio de Janeiro, os filhos? Vamos supor que, com a grana que ele recebe, ele quisesse trazer alguns amigos de Portugal para ficar tomando um vinhozinho, trocando ideia, jogando um carteado, fritando um bolinho de bacalhau...Não dá para trazer ninguém para o Brasil. Quem vai querer sair de Portugal e vir para cá? A pessoa não vem", diz Mauro Cezar.

"Isso atrapalha muito, além da falta de exposição do futebol brasileiro. O técnico que vem para cá, ele sabe que meio que se esconde. Se você estiver em um time médio na Europa, tem muito mais exposição do que em um grande clube na América do Sul, isso é óbvio. Então, isso também atrapalha. Acho que a única chance de um brasileiro é essa, mas, antes dos brasileiros, ainda tem o Miguel Angel Ramirez, que aí eu acho que seria o técnico, a chance é maior. Ela era praticamente zero para brasileiros, com esse cenário da Covid no Brasil. Acho que ela existe um pouquinho maior do que zero ali, mas é pequena", completa o jornalista.

Segundo Mauro Cezar, a prioridade do Flamengo é contratar algum treinador que esteja no futebol europeu. Na impossibilidade de algum profissional aceitar atravessar o Atlântico no momento, o clube avaliaria alguém que já esteja na América do Sul, onde se incluiria o espanhol Miguel Angel Ramírez, do Independiente del Valle, e só então um brasileiro seria cogitado, o que deveria causar uma reflexão entre os profissionais do país.

"Esse ponto deveria ser usado para que os técnicos brasileiros repensassem. Isso não pega para um Rogério Ceni, para um Fernando Diniz, para um Roger Machado, para um Eduardo Barroca, para esses caras não pega, porque são técnicos fazendo bons trabalhos nos seus times e jovens, tentando se afirmar. Agora, para os mais veteranos, Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes, Scolari e tantos outros aí, eu acho que para eles é que é feio", opina Mauro.

"O fato de esses caras nem serem pensados nessa situação, se você pensar assim, no caso os que estão livres, o Luxemburgo não é o caso, que ele está no Palmeiras, mas nem se pensar neles, ninguém nem imagina. Se fizer uma enquete com torcedores do Flamengo, até de outro clube, 'você levaria se você fosse rubro-negro'. 'Não, eu quero outro cara igual esse português', é óbvio", conclui.



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