Depois de vender Michael para o Al Hilal, o Rubro-Negro fechou a contratação de Marinho. A ideia é substituir um ponta de velocidade no elenco, mas o ex-atacante do Santos não se encaixa exatamente neste perfil. Além disso, vai precisar superar a irregularidade para encontrar espaço num elenco de alto nível na parte ofensiva.



As últimas duas temporadas de Marinho refletem de uma certa forma a carreira dele. Sua capacidade é inquestionável. O drible em velocidade, a finalização qualificada de qualquer distância, e a busca pelo protagonismo ao chamar a responsabilidade para si constantemente são os principais traços de seu jogo. Mas há um desnível considerável entre o desempenho de 2020 e 2021.


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Obviamente que algumas lesões sofridas desde a reta final do vice-campeonato da Libertadores atrapalharam a manutenção do bom rendimento, mas faltou entendimento por parte do jogador em muitos momentos. Tentar simplificar as ações em campo para se aproximar novamente do melhor nível e retomar a confiança.

Essa oscilação é um traço de sua trajetória. Começou a se destacar em âmbito nacional em 2016. Foi muito bem pelo Vitória. Fez 21 gols e deu seis assistências em 43 jogos. Não conseguiu se adaptar na China e não agradou no retorno ao Brasil, jogando no Grêmio. Retomou o ótimo nível em 2019 e 2020 no Santos, mas teve uma queda em 2021.

Os problemas internos que vivenciou no Peixe também precisam ser citados. Marinho teve diferenças com companheiros e funcionários. De fora é impossível julgar quem está certo ou errado em cada episódio, mas eles refletem que o atleta terá que se adaptar a um grupo de jogadores consagrado dentro do clube em sua maioria. Unido. E com voz ativa junto a diretoria nas decisões do dia a dia.

Na parte tática há um detalhe que o técnico Paulo Sousa precisará quebrar a cabeça para encaixá-lo. Marinho atua preferencialmente pelo lado direito do campo. Pode se fixar mais aberto, como um ''ponta posicional'', esperando a bola no flanco e buscando as jogadas individuais. Pode também tentar diagonais na direção da área antes de receber a bola. Já rendeu das duas formas.

O problema é que a função de dar amplitude pela direita vem sendo desempenhada por um lateral no rubro-negro. Os três do elenco possuem essa característica. Como não houve nenhum jogo ainda sob o comando do técnico português é impossível cravar algo. Mas todos os movimentos recentes dele são contrários a mudar isso.

Uma hipótese é flutuar da direita para o meio, na direção da última linha de defesa rival, mas aí vai ocupar um setor que deve ser de Gabigol. Há ainda Everton Ribeiro, titular nos últimos quatro anos, que não vive grande fase, mas que dificilmente não estará entre as prioridades de Paulo Sousa.

Outra alternativa é ficar mais fixo na esquerda, algo que Michael cumpria bem. Como Filipe Luís é um lateral que pouco ataca aberto, prefere articular e avançar por dentro, o time precisa de atletas com ímpeto no setor, dando amplitude por ali, algo que Marinho fez muito pouco na carreira. Precisaria se adaptar, e o fato de ser canhoto pode ajudar.



O investimento de R$ 7 milhões não é tão alto mediante ao que o Flamengo tem gastado com contratações nas últimas três temporadas. A questão salarial, ao que parece, está dentro da realidade do clube e do status que Marinho tem atualmente no futebol brasileiro. O contrato de dois anos também é razoável para que possa se adaptar e dar o retorno.

Fatores que equilibram as coisas e minimizam um possível risco de prejuízo ou decepção. Marinho é ótimo jogador para o nível sul-americano, mas terá que superar alguns obstáculos que ele próprio tem trazido recentemente, e outros naturais pelo contexto do Flamengo.

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