Torcedor que vendeu carro por ônibus em 1981 e se prepara para ver Fla em nova final

19/11/2019 09:25

Torcedor que vendeu carro por ônibus em 1981 e se prepara para ver Fla em nova final

Torcedor que vendeu carro por ônibus em 1981 e se prepara para ver Fla em nova final
Ônibus com torcedores do Flamengo que foram à final da Libertadores de 81 (Imagem: Reprodução/Facebook)

Uma nova decisão de Libertadores tem um sabor especial para Claudio Cruz, um dos poucos torcedores que podem encher a boca e dizer que assistiu, in loco, todos os jogos da campanha vitoriosa do Flamengo em 1981.



Passados 38 anos, o comerciante, que é um dos fundadores da Raça Rubro-Negra, revira o baú de memórias e, entre risos e lágrimas, recorda as dezenas de apertos que este grupo de conquistadores da América teve de passar para prestigiar o clube do coração.



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Para acompanhar o time de Zico em sua conquista continental, Cruz vendeu seu carro para conseguir alugar um ônibus para Santiago, no Chile. O valor cobriu metade do valor necessário e o restante foi custeado pelos ex-presidentes rubro-negros George Helal e Marcio Braga, e um amigo rubro-negro.

Ante a necessidade de um jogo extra, em Montevidéu, o veículo seguiu até Buenos Aires, mas a viagem foi interrompida após o transporte ser atingido por tiros em uma estrada nos Andes. A bordo de um novo ônibus, a viagem seguiu até a capital argentina. De lá, apenas 16 das 26 pessoas do grupo inicial seguiram de barco para o Uruguai. Sem dinheiro no bolso, dez voltaram para o Brasil.

"Nos chegamos no hotel do Flamengo no dia do jogo. Encontrei lá um conhecido, e ele deu ingressos e uns 800 dólares para a gente comer. Fomos para uma feira e nos enchemos de frutas. Como tínhamos a volta, guardamos uma parte. Quando acabou o jogo contra o Cobreloa (CHI), os jogadores nos convidaram para jantar junto com eles", lembrou Claudio Cruza o UOL Esporte.

A falta de dinheiro não foi impedimento para que ele, o irmão e um pequeno grupo desbravassem o continente atrás do maior time do Fla de todos os tempos. Para ver os duelos contra os paraguaios Olimpia e Cerro, a estratégia para driblar a fome e o dinheiro escasso quase acabou mal. Para conseguir mais verba para se manter no intervalo entre esses jogos, a trupe rubro-negra foi até uma boate em Foz do Iguaçu (PR) e disse ao possível contratante que eram integrantes de uma escola de samba do Rio. Acordo feito, o "show" passou a ser divulgado pela cidade. Na hora da apresentação, um dos rubro-negros, que havia bebido além da conta, passou mal e vomitou na plateia. A partir daí, pernas para que te quero.

"O pau quebrou, todo mundo fugiu correndo da boate. Mas eram outros tempos, a gente servia ao Flamengo, não se servia do clube. Era um outro perfil de torcida", disse ele.

O caso no Paraná foi um entre tantos na jornada de 38 anos atrás. Para assistir ao duelo ante o Jorge Wilsterman, Claudio, César (irmão de Cruz) e Moraes (amigo e torcedor do Fla) encararam um trajeto que incluiu o famoso "trem da morte" até Cochabamba, na Bolívia. Sem ingresso, as entradas foram providenciadas pelo Fla, que se sensibilizou com a aventura. No estádio, a surpresa: os bilhetes eram para a tribuna de honra. No local estava presente o militar Celso Torrelio, então presidente da Bolívia. O trio se comportava bem até Adílio sacramentar a vitória por 2 a 1. Sem conseguir manter mais a discrição, os gritos de gol foram seguidos de golpes.

As memórias seguem vivas para o torcedor, que recorda com riqueza de detalhes fatos relacionados ao Flamengo e suas aventuras mundo afora. Ansioso por uma nova final, Cruz se prepara para ir até Lima, palco do jogo contra o River Plate (ARG), no próximo sábado (23). Agora, no entanto, nada de milhares de quilômetros de estrada, fome e aventuras. Para ele, que irá em um voo fretado, essa nova missão é duplamente afetiva.

Já sem a companhia de César, morto em 2008, ele quer a taça para presentear seu maior parceiro de arquibancada. Dos tempos em que vendiam pipas para garantirem um lugarzinho na geral do Maracanã, Claudio viu a saudade e o amor pelo Flamengo crescerem. "Eu estarei em Lima torcendo por dois. Eu vou lá buscar a taça e trarei uma faixa de campeão para os filhos dele. Eu vou pela paixão", afirmou.

De 1981 até 2019, o rubro-negro de carteirinha acumula quilometragem de sobra e muitas histórias para contar. Em mais um capítulo escrito em vermelho e preto, ele espera por mais um final feliz.

Reprovação no colégio e começo na vida profissional 'por causa do Flamengo'

Outro rubro-negro fanático que esteve na final da Libertadores de 1981 e que estará acompanhando a equipe na decisão em Lima, no Peru, na luta pela conquista do bi, é Ricardo Fraga.



Quando o time de Zico disputou a taça com o Cobreloa, Ricardo tinha apenas 18 anos e teve de conseguir uma permissão para viajar e assistir ao jogo no Chile. À época, ele estava no Colégio Pedro II e, por conta do período longe de casa - também foi para o Uruguai, para o jogo desempate -, perdeu sete provas, o que ocasionou uma reprovação.

"Tanto Brasil quanto Chile estava sob ditaduras militares e, para viajar, tinha de ter, no mínimo, 21 anos. Tive de pegar um documento assinado pela minha mãe para ir. Acabou que o Flamengo perdeu o jogo no Chile e, na época, o regulamento dizia que teria um jogo desempate, em um país neutro. A partida foi para o Uruguai e fomos também", disse.

Ricardo, que na infância ganhou o apelido de "Galinha" de tão fã que era de Zico, o "Galinho de Quintino", lembra dos apertos que passou por conta da questão financeira.

"Tinha de ir para o Uruguai e não tinha dinheiro. Minha mãe, na época, financiou em 18 vezes. Eu tinha as passagens de ida e volta e ingresso, mas não tinha mais nada. No hotel em que ficamos, o café da manhã era até às 11h e nós entrávamos faltando cinco minutos para 11h, que já era o nosso almoço. No restante do dia, comíamos biscoito que tínhamos pego no avião".

O jovem voltou ao Brasil com o título na bagagem, mas também com uma dívida. Ele, em tom bem-humorado, afirma que começou a trabalhar por causa do Flamengo.

"Eu nunca tinha trabalhado. Quando voltei, era campeão, mas tinha uma dívida contraída nessa ida ao Uruguai e que eu tinha dito que ia pagar. Comecei a trabalhar e por um ano e meio, o que eu ganhava era para quitar isso. Comecei [a trabalhar] por causa do Flamengo (risos). Depois, me formei contador e sigo na profissão até hoje".

Os cabelos grandes e encaracolados renderam a Ricardo um outro apelido entre os torcedores do Flamengo: Medusa. Atualmente, apesar de não serem os cabelos a marca registrada, também está na cabeça.

Achar Ricardo em meio aos rubro-negros na arquibancada não chega uma missão das mais difíceis, uma vez que ele, desde 2002, vai aos jogos com um chapéu com um urubu (símbolo do clube) de espuma:

"Uma vez, em Niterói, onde moro, vi um rapaz com um urubu na cabeça. Achei aquilo legal. Tinha um ambulante que estava sempre nos jogos no Maracanã e na Gávea vendendo urubu. Comprei e fiz o chapéu. Desde então, já foram oito [urubus]. Recentemente, cheguei a enviar um desenho para um casa de arte em São Paulo para mandar fazer".



A paixão pelo Flamengo de Ricardo contrariou a do pai Eliel Fraga, vascaíno. Porém, ele também teve o apoio familiar. Uma das companhias que tinha na ida aos jogos era da irmã Denise Fraga.



Denise, inclusive, é um rosto conhecido do grande público. A atriz participou de diversas produções no teatro, cinema e televisão.

"Eu sou Flamengo desde garotinho, frequento o Maracanã desde os meus 12 anos. Meu pai era vascaíno. Minha irmã, quando éramos mais novos, ia comigo ao Maracanã. Ela ficou super feliz em saber que eu vou para Lima ver, novamente, uma final de Libertadores", salientou.

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2040 visitas - Fonte: UOL


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Comentários do Facebook -




Alessandro Ramos     

Se ele estava lá em 1981 e estará em 2019 é um bom sinal pq é pé quente. Cheiro de título no ar!!!

Adilson Freitas     

Isso da um livro..

Isso sim é ser rubro negro não teme nada , avante nação

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